quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Conto gauchesco

BATENDO ORELHA!…


Nasceu o potrilho, lindo e gordo, filho de égua boa leiteira, crioula de campo de lei.

O guri era mimoso, dormindo em cama limpa e comendo em mesa farta.

Já de sobreano fizeram uma recolhida grande, sentaram-lhe uns pealos, apertaram-no pelas orelhas e pela cola e a marca em brasa chiou-lhe na picanha.

Andaria nos oito anos quando meteram-lhe nas mãos a cartilha das letras e o mestre-régio começou a indicar-lhe as unhas, de palmatoadas.

O potrilho couceou, na marca.

O menino meteu fios de cabelo nos olhos da santa-luzia...

Em potranco acompanhava a manada e retouçava com as potrancas, sem mal nenhum.

O rapazinho rezava o terço e brincava de esconder com as meninas… o que custou-lhe uma sapeca de vara de marmeleiro.

Quando o potrilho foi-se enfeitando para repontar, o pastor velho meteu-lhe os cascos e mais, a dente, botou-o campo fora: fosse rufiar lá longe!...

O gurizote, já taludo, quis passar-se de mais com uma prima...; o tio deu-lhe um chá-de-cascade-vaca, que saiu cinza e fedeu a rato!...

O potro andava corrido, farejando... Mas nem uma petiça arrastadeira d’água e poronguda, achou, para consolo da vida. Té que o caparam.

O mocito, que era pimpão, foi mandado incorporar. Sentaram-lhe a farda no lombo.

Mal sarou da ferida o potro foi pegado: corcoveou, berrou; quebraram-lhe a boca a tirões, dividiram-lhe a barriga com a cincha; quis planchar-se, e lanharam-lhe as virilhas a rebenque e as paletas a roseta de espora. Tiraram-lhe as cócegas... Ficou redomão.

O recruta marcou passo, horas, pra aprender; entrou na forma; agüentou descomposturas; deu umas bofetadas num cabo e gurniu solitária e guarda dobrada, por quinze dias. Cortaram-lhe os cabelos à escovinha e ficou apontado. Era o faxineiro do esquadrão.

Houve uns apuros de precisão… O rocim foi vendido em lote, para o regimento.

Tocou a reunir: era uma ordem de marcha, urgente. O faxineiro recebeu lança, espadão e tercerola.

Quando a cavalhada chegou o primeiro serviço dos sargentos foi assinalar os novos; era simples e ligeiro: um talho de faca na orelha, rachando-a. Bagual assim, virava reiúno.

Quando tocou o bota-sela, o faxineiro estava na porteira, de buçal na mão, esperando a vez. O laçador laçava, chamava a praça e esta enfrenava... e cada um roia o osso que lhe tocava.

— Chê! Enfrena!...

Foi o reiúno que caiu pro recruta.

Aí se juntaram os dois parecidos, o bicho e o homem. E a sorte levou os dois, de parceria, pelo tempo adiante. Curtiram fome, juntos, cada um, do seu comer. E sede. E frio. E cansaço, mataduras e manqueiras; cheiros de pólvora e respingos de sangue, barulho de músicas, tronar grosso e pipoquear, nas guerrilhas.

E de saúde, assim, assim... Um teve sarnagem, o outro apanhou muquiranas; se um batia a mutuca, o outro caçava as pulgas.

Quando, no verão, o reiúno pelechava, também o faxineiro deixava de sofrer dores de dentes.

Passados anos o mancarrão já nem engordava mais, e todo ovado estava. O fiscal do regimento, sem uma palavra de — Deus te pague — mandou vendê-lo em leilão, como um cisco da estrebaria. Um carroceiro comprou-o, por patacão e meio, com as ferraduras.

Passados anos o praça aquele teve baixa, por incapaz, com o bofe em petição de miséria; e saiu da fileira sem mais família e sem saber ofício. Saiu com cinco patacas, de resto do soldo, e sem o capote. Foi então ser carregador de esquina.

O reiúno apanhava do carroceiro, como boi ladrão!

O carregador levava dos fregueses descompostura, de criar bicho!

O reiúno deu em empacar.

O carregador pegou a traguear.

O carroceiro um dia, furioso, meteu o cabo do relho entre as orelhas do empacador e... matou-o.

A polícia uma noite prendeu o borrachão, que resistiu, entonado; apanhou estouros… e foi para o hospital, golfando sangue; e esticou o molambo.

O engraçado é que há gente que se julga muito superior aos reiúnos; e sabe lá quanto reiúno inveja a sorte da gente...



Fonte:
LOPES NETO, João Simões. Contos gauchescos. 9ª ed., Porto Alegre: Globo, 1976. (Col. Provínci)

Texto proveniente de:
A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro
A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo.
Permitido o uso apenas para fins educacionais.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Hemisfério - Vanguart

essa é para uma das três pessoas (inclusive minha mãe), que acompanha o blog.

Segue:

Esquenta o coração refeito
Espero poder te tocar
O que havia entre nós dois foi
Tiroteio e espinho canção
Eu cederia aos teus pecados
Se acaso quisesse chorar

E eu daria os mesmos passos
Só me salvo com a arma na mão
Pesa mais que um hemisfério
É usar o teu vestido
Te trazer pra perto
Bordar as tuas iniciais
No cais dos meus braços

Liberdade pra quem queria
Só suas grades e tua avenida
A falta é irresponsável

Se for pra te incendiar
Eu te empresto essa chuva
Divido o rio que eu tiver
Esqueço a cidade que queima depois

Você fingindo ser doloroso
E eu lembrando do céu
Do mesmo abismo que vim, voltarei
Baculejado de dor e de tempestade
De tempestade

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Quase sem querer - Legião Urbana

Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Estou tão tranqüilo
E tão contente...

Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém

Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
E queria sempre achar
Explicação pro que eu sentia
Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo
É sempre a pior mentira

Mas não sou mais
Tão criança, oh! oh!
A ponto de saber tudo...

Já não me preocupo
Se eu não sei por que
Às vezes o que eu vejo
Quase ninguém vê

E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu vejo
O mesmo que você...

Tão correto e tão bonito
O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos
Sei que às vezes uso
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?

Me disseram que você
Estava chorando
E foi então que eu percebi
Como lhe quero tanto...

Já não me preocupo
Se eu não sei por que
Às vezes o que eu vejo
Quase ninguém vê

E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu quero
O mesmo que você...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Deliberações sobre assuntos de qualquer natureza

(...)
se você tivesse visto Star Wars saberia o que é o poder de um Jedi
(os Jedi´s tem diversos poderes que podem ser usados contra qualquer um que os ameace, no entanto eles são do lado "luminoso da força", em contrapartida aos Sith, que são do lado "Negro da Força", mas, veja bem, os Sith´s mesmo tendo as mesmas capacidades dos Jedi´s, os tem com intensidade inferior. De repente estamos diante de uma nova geração de Sith´s [no caso, você], que têm seu poder comparável a o de um Jedi, mas usado para o lado "Negro da Força", o que pode causar uma revolução interestelar convocando os Jedi´s para combatê-la.

Alguns poderes dos Jedi´s, que nos Sith´s não são tão intensos.

Telecinese: Permitia ao Jedi manipular os objetos à sua volta, desde apenas levitar objetos como também inflingir danos à estruturas, ou até mesmo para ser usado em batalha, afastando inimigos e lançando-os longe, ou trazendo-os para mais perto.
Pressentir os perigos: Um Jedi poderia pressentir o perigo através de sua união simbiôntica com a Força.
Velocidade da Força: Um jedi pode acelerar sua velocidade a níveis sobrehumanos, usando-se da Força.
Telepatia
Persuasão:

"A Força pode ter grande influência nos fracos de mente" - Obi-Wan Kenobi, Episódio IV - Uma Nova Esperança

"Vai usar os poderes de Jedi em mim?" - Padmé Amidala para Anakin Skywalker, Episódio II - Ataque Dos Clones "Eles só funcionam em mentes fracas…" - Anakin responde.

Um Jedi poderia manipular a mente daqueles que fossem fracos com ela. Algumas raças são imunes aos poderes de manipulação Jedi, mas no geral, indivíduos de diversas raças poderiam ser afetados.
(...)