quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Domingo sem fim


Domingo, 27 de janeiro de 2013.

Acordo às 10 da manhã. Um colchão na sala da casa de minha mãe; ao lado, o computador. Inicio-o e abro a página de um meio de comunicação. Ali, estampado em letras garrafais surge-me a notícia de um incêndio em uma boate de Santa Maria. Entre sonolento e incrédulo sinto-me em um pesadelo. Levanto-me e nesse momento o aparelho celular sinaliza uma nova mensagem: 'Tu viu a tragédia em Sta Maria? Tens notícia da tua irmã?'.

Um calafrio percorreu minha espinha.

Minha irmã faz faculdade naquela cidade, gosta de uma festa, eu havia enviado uns pilas para ela se divertir no final de semana e ela não atendia minhas ligações. Uma, duas, três chamadas não atendidas. Minha casual tremedeira aumentou. Um banho para aliviá-la e a cabeça dando giros. Trinta minutos se passaram. Longos um, dois, quatorze, trinta minutos. A ligação retornou, sua voz foi a melodia mais linda já ouvida.

Minhas pernas tremeram e pude ficar muito mais tranquilo.

O domingo transcorreu lento, notícias na TV, no rádio, ligações telefônicas, imagens catastróficas, arrepios, apertos no peito, momentos de choro. Havia em mim a tranquilidade de que não havia perdido ninguém querido mas havia também a intranquilidade de perceber as pessoas que nunca mais abraçariam seus irmãos, seus filhos, seus pais, seus colegas, seus amigos.

A segunda-feira veio e com ela o clima pesado de um domingo sem fim. Apesar das centenas de quilômetros distantes, sentia-se o ar arrastado da tragédia. A notícia dos cancelamentos das aulas em Santa Maria, trouxe o alento do reencontro. Mariana embarcou às cinco da tarde, chegada prevista as 23:30. Estava na rodoviária de Erechim meia hora antes. Um atraso no trajeto retardou sua chegada e aumentou o nervosismo. Era 0:15 de terça-feira quando o ônibus adentrou a estação rodoviária. Familiares circulavam a porta de saída. Enquanto moços e moças desembarcavam, nos olhares dos que ali estavam, as lágrimas brotavam.

Via-se a felicidade do abraço nos queridos, percebia-se a tristeza daqueles que nunca mais abraçarão.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Cardápio de hoje: Arroz de china

Ingredientes:

- Linguiça, alcatra (pode ser sobras de churrasco)
- Cebola
- Tomates
- Pimentão
- Chimichurri (temperos a gosto)
- Arroz

   Em um disco, frite as carnes. Adicione a cebola e deixe-a dourar. Adicione o pimentão picado. Após adicione os tomates. Mexa bem até que o molho fique consistente. Adicione o arroz e deixe-o cozinhar um pouco no molho. Após, adicione água e aguarde até que fique do seu gosto. Pode ser bem sequinho ou um pouco mais aguado.

Sugestão: ficará melhor se preparado ao som dos Serranos ou dos informativos da Rádio Gaúcha.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Namore um gordinho

Tenho um conselho valioso para dar aqui: se você acabou de conhecer um rapaz, ficou com ele algumas vezes e já está começando a imaginar o dia do seu casamento e o nome dos seus filhos, pare agora e me escute! Na próxima vez que encontrá-lo, tente disfarçadamente descobrir como é sua barriga. Se for musculosa, torneada, estilo `tanquinho´, fuja! ... Comece a correr agora e só pare quando estiver a uma distância segura. 

É fria, vai por mim. 

Homem bom de verdade precisa, obrigatoriamente, ostentar uma barriguinha de chopp. Se não, não presta. 

Estou me referindo àqueles que, por não colocarem a beleza física acima de tudo (como fazem os malditos metrossexuais), acabaram cultivando uma pancinha adorável. Esses, sim, são pra manter por perto. 

E eu digo por quê. 

Você nunca verá um homem barrigudinho tirando a camisa dentro de uma boate e dançando como um idiota, em cima do balcão. Se fizer isso, é pra fazer graça pra turma e provavelmente será engraçado, mesmo. 

Já os `tanquinhos´ farão isso esperando que todas as mulheres do recinto caiam de amores - e eu tenho dó das que caem. 

Quando sentam em um boteco, numa tarde de calor, adivinha o que os pançudos pedem pra beber? Cerveja! Ou coca-cola, tudo bem também. Mas você nunca os verá pedindo suco. Ou, pior ainda, um copo com gelo, pra beber a mistura patética de vodka com `clight´ que trouxe de casa. E você não será informada sobre quantas calorias tem no seu copo de cerveja, porque eles não sabem e nem se importam com essa informação. E no quesito comida, os homens com barriguinha também não deixam a desejar. Você nunca irá ouvir um ah, amor, `Quarteirão´ é gostoso, mas você podia provar uma `McSalad´ com água de coco. 

Nunca! 

Esses homens entendem que, se eles não estão em forma perfeita o tempo todo, você também não precisa estar. Mais uma vez, repito: não é pra chegar ao exagero total e mamar leite condensado na lata todo dia! Mas uma gordurinha aqui e ali não matará um relacionamento. Se ele souber cozinhar, então, bingo! Encontrou a sorte grande, amiga. Ele vai fazer pra você todas as delícias que sabe, e nunca torcerá o nariz quando você repetir o prato. Pelo contrário, ficará feliz. 

Outra coisa fundamental: Homens barrigudinhos são confortáveis! Experimente pegar a tábua de passar roupas e deitar em cima dela. Pois essa é a sensação de se deitar no peito de um musculoso besta. Terrível! Gostoso mesmo é se encaixar no ombro de um fofinho, isso que é conforto. E na hora de dormir de conchinha, então? Parece que a barriga se encaixa perfeitamente na nossa lombar, e fica sensacional. 

Homens com barriga não são metidos, nem prepotentes, nem donos do mundo. Eles sabem conquistar as mulheres por maneiras que excedem a barreira do físico. E eles aprenderam a conversar,a ser bem humorados, a usar o olhar e o sorriso pra conquistar. É por isso que eu digo que homens com barriguinha sabem fazer uma mulher feliz. 

O mundo inteiro sabe que quem gosta de homem bonito são os viados. Mulher quer homem inteligente, carinhoso e boa praça. 

Chega de ter a consciência pesada após beber aquela cervejinha, ou aquele vinho, e comer aqueles petiscos.


Carla Moura, psicóloga, especialista em Sexologia.

Anna Karenina - The movie

Recomendaram-me um filme sobre um livro. Pediram para tecer comentários. Primeiro erro: Está entre os três melhores que eu já li. Segundo: Li-o, no mínimo, umas 5 vezes. Terceiro: Postei sobre ele no blog três vezes (ao pé da postagem seguem os links). Quarto: Odeio adaptações (excetua-se 'Senhor dos Anéis'; 'Clube da luta'). Seguem meus comentários:

E aqui vai meu comentário sobre o filme: Péssimo.

Conseguiram estragar uma obra prima da literatura mundial. Atuações ínfimas, erro total de argumento, temporização textual fora do padrão (em relação à obra) e muito musicado.

Por mais que eu seja um adorador das atuações da Keira, acho que ela não conseguiu incorporar o espírito da personagem. A escolha do ator (nem dei-me ao trabalho de descobrir qual é) que interpreta o Conde Vronski foi completamente equivocada; deixou uma sensação de ser um personagem medíocre (o que ao longo do livro prova-se o contrário). Relegada a uma mínima importância, a história de Levine e Kitty, que, apesar de o livro trazer como de segundo plano, parece não ter relação nenhuma com a obra, entretanto tem importância fundamental na construção da história principal. O livro também faz uma grande crítica ao sistema de produção existente na Rússia à época, ponto que sequer foi tocado na película.

Algo que pude perceber e que se salvaria neste filme é a forma como foram interpretadas as cenas (com o pouco uso de locações externas e uso constante de um teatro), no entanto ficaria melhor em um filme de segunda mão e não na adaptação de um livro de tal porte.

Enfim, deixo o meu pesar e descontentamento a respeito dessa obra. Não a recomdarei a ninguém e, diferentemente do que faço com outros filmes, que é a pesquisa técnica sobre atores, direção, locações, trilha sonora e bilheteria, não pesquisarei nada sobre esse. Mas fico com a impressão de que, se este não foi um fracasso total, deveria ter sido.

Nota: não sou um crítico de cinema, nem tenho a pretensão de sê-lo. É apenas minha opinião.

Primeiro post do blog: http://1berto-1berto.blogspot.com.br/2012/04/anna-karenina-tolstoi.html

Segundo post no blog: http://1berto-1berto.blogspot.com.br/2012/07/liberdadefelicidade.html

Terceiro post no blog: http://1berto-1berto.blogspot.com.br/2011/08/ana-karenina-leon-tolstoi.html

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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Presença


É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

Mário Quintana

Sobre

Leitor apaixonado,
Falso poeta.

Amo escondido,
Luto sozinho.

Vertem-me lágrimas,
Meio sorriso.

Face serena,
Alma inquieta.

Passo noites acordado
e os dias, sonhando.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Sem saber


Às vezes nos pegamos com o pensamento longe, coração apertado, uma sensação de vazio dentro do peito, mas não conseguimos entender o motivo, pois temos tudo o que queremos e isso sempre nos fez bem.

Mas aí parece que tudo mudou, sempre parece faltar algo, o que nos satisfazia antes já não satisfaz mais. O que fazia você pensar que era a pessoa mais completa do mundo, hoje já te deixa com um vazio tremendo.

Surge aquela vontade de ficar sozinho, ou de sair correndo para aquilo que você começa a achar que está faltando, mas o problema é saber se aquilo realmente irá valer a pena, se é verdadeiro, se vai fazer com que aquele vazio passe, que volte a sentir aquele calor acolhedor no peito, são duvidas e mais duvidas, sua mente te diz pra não fazer isso, mas o seu coração grita para que largue tudo e saia correndo atrás aquilo que te aflige.

Afinal, razão e coração nem sempre andam juntos, cabe a você escolher um deles para seguir e depois não se arrepender.

* Texto enviado por K.C.F.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

Vinicius de Moraes