quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Bom dia

Continuo desejando-te bom dia,
todas as manhãs.
Acordo e digo, em voz alta:
Bom dia, pequena.
Mesmo tu não estando;
mesmo tu não ouvindo;
mesmo tu não sabendo.
Envio-te então uma mensagem
com esse mesmo bom dia.
Aguardo um tempo
até que vejas,
aflito eu fico.
Passa, passa tempo.
Logo arrependo.
Uma notícia chega:
'mensagem não enviada'.
Suspiro aliviado.
Teu dia será
sim
um bom dia.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

mágica

Foi aquele olho no olho.

Nossos risos trocados. A saudade que havia entre nós tornou-se tensão. Todos os músculos do meu corpo se retesaram. O toque de minha mão em teus braços até agora arrepia-me a epiderme. Teu respirar no meu pescoço; meus dedos debaixo dos seus cabelos; meus beijos no teu pescoço. Nada mais importava.

Lento como o cair da chuva foram caindo nossas roupas e nossos corpos.

Apenas o tapete da sala seria testemunha.

Beijei-te.

Beijei-te toda. Braços, lábios, seios, umbigo, pernas. No meio delas deu-se a magia. Ouvi teus suspiros - de início - transformando-se em gemidos, daí para gritos e trêmulos espasmos. Por tanto tempo fiquei que, ainda agora, sinto o gosto vindo do teu corpo. Num encaixe perfeito transformamo-nos em um só. Carne com carne. Fluídos com fluídos. Bailamos pela eternidade.

Exaustos, cansados e felizes adormecemos.

E foi aí que acordei.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

imaginação

te vejo
e todos vêem
o que sinto
não podem me tirar

te imagino acordando
cabelos desgrenhados
- odiando-me chamar-te leãozinho
e eu rio
e você avança
a gente se abraça
tudo parece bem

toca no rádio agora
a canção que me lembra você
sua cabeça balança
seu corpo estremece
no chuveiro você canta

levemente molhada
suavemente andando
na toalha te enrolando
esquenta o fogo teu corpo
na minha mão te arranhando

permanecem tuas pegadas
chão seco
corpo de água
como onda no meu corpo
ventre com ventre
pernas com pernas
meu beijo no teu beijo
teu sexo no meu
sem nexo, sem medo
só suspiros
só murmúrios
só teu nome, saindo da minha boca
um silêncio

Pretérito Imperfeito

lembrava
você chorava
eu te amava
às vezes ficava
nunca morava
então imaginava
a chuva molhava
o sol esquentava
a noite acalmava
tu me beijava
a gente rolava
madrugava
e se tocava
e se cheirava
e se acalentava
depois sonhava
logo enjoava
você me deixava
era eu quem chorava

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

eu escrevo

Eu escrevo pois não consigo manter as palavras dentro de mim.

Escrevo porque quero. Escrevo porque gosto.

Não vejo mal nenhum nisso.

Muitos criticam.

E esses costumam ser a cópia da cópia de uma cópia.

Não há originalidade.

Tomem cuidado:
para que não apenas vivam nas palavras
mas também na própria vida de outros.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

De final feliz

Descobri cedo demais que as histórias dos livros terminam em finais felizes.

Foi lendo as histórias infantis que apercebi-me disso.
Entretanto não foi tarde demais que descobri não existir final feliz.
A parte feliz das histórias que nós, simples humanos, vivenciamos estão no início. Talvez durem até o meio, talvez não. Mas ao final, definitivamente, não viveremos felizes para sempre.

Não acordaremos a princesa com um beijo.
O príncipe não vem montado num lindo e elegante cavalo branco.
O lobo pode nem ser tão mau assim.

Tem muita gente que vive na ilusão de que algo maravilhoso simplesmente acontecerá. Que sua história terá um final feliz.
Mas esses não sabem que a felicidade está no começo que eles próprios constroem.
Então por medo ou na iminente esperança de algo milagroso, deixam de viver no presente e projetam um futuro. Permanecendo sempre numa triste espera de algo que nunca chegará.

Viva o agora. Seja feliz hoje. Faça sua parte. Dê uma chance.

Escreva sua história.

Não deixe ser tarde demais para aprender que não existe um final feliz.