terça-feira, 30 de dezembro de 2014
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
Retrospectiva 2014
Se eu fosse fazer uma retrospectiva completa desse ano de 2014 escreveria muito, pois foram muitas coisas ótimas que aconteceram nesse ano. Tirando as decepções com meu Grêmio, nada de ruim foi relevante. Entretanto tenho muitas coisas boas para exaltar e tentarei, nas linhas a seguir, elencar algumas delas.
Neste ano pude ficar muito tempo sozinho. Lendo meus livros, assitindo filmes e pensando sobre tudo e sobre nada. Eu gosto disso. Desses momentos só meus. Por outro lado aproximei-me mais de meus amigos. Verdadeiros amigos. Cresceu a amizade já existente e surgiram mais uma ou duas q ue valeram a pena. Foram muitos churrascos, jantas, bebedeiras nos bares, cervejinhas de boa. E por isso o ano já estaria salvo.
Agora vem a parte que mais mexeu comigo neste ano que termina: o nascimento do Nicolas.
Desde o momento em que meu primo contou-me que aguardava a chegada do seu filho, tomei-me de uma emoção desconhecida. Não sei explicar, de repente pela ligação que tenho com o Saule, desde logo a euforia e sentimento de responsabilidade invadiu meu ser. No dia do nascimento dele a toda hora recebia notícias do que estava acontecendo, recebia as fotos e bobo ficava olhando para aquela linda criança que chegava ao mundo.
Então numa manhã, que teria tudo para ser normal, meu primo me ligou para presenciar o primeiro banho do pequeno; larguei tudo que estava fazendo e fui correndo para onde eles estavam. Lá chegando, só de ver o menino me emocionei e, assim emocionado, fui convidado para ser PADRINHO do bebê. Sumiu o chão debaixo dos meus pés, meus joelhos tremeram, por entre as lágrimas só via o meu afilhado e nada mais. Este dia sim, foi um dos dias mais felizes da minha vida.
Neste ano pude ficar muito tempo sozinho. Lendo meus livros, assitindo filmes e pensando sobre tudo e sobre nada. Eu gosto disso. Desses momentos só meus. Por outro lado aproximei-me mais de meus amigos. Verdadeiros amigos. Cresceu a amizade já existente e surgiram mais uma ou duas q ue valeram a pena. Foram muitos churrascos, jantas, bebedeiras nos bares, cervejinhas de boa. E por isso o ano já estaria salvo.
Passei muito tempo com meu irmão Vicente. E a cada dia que passa eu me ligo mais a ele. Achei que o sentimento que teríamos puidesse ir diminuindo a medida em que ele crescia, o que aconteceu foi o contrário. Acompanhei ele em diversos compromissos dele e ele foi parceiro nos meus. Olho para ele e vejo um pouco de mim. Espero estar ensinando as coisas certas ao guri.Agora vem a parte que mais mexeu comigo neste ano que termina: o nascimento do Nicolas.
Desde o momento em que meu primo contou-me que aguardava a chegada do seu filho, tomei-me de uma emoção desconhecida. Não sei explicar, de repente pela ligação que tenho com o Saule, desde logo a euforia e sentimento de responsabilidade invadiu meu ser. No dia do nascimento dele a toda hora recebia notícias do que estava acontecendo, recebia as fotos e bobo ficava olhando para aquela linda criança que chegava ao mundo.
Então numa manhã, que teria tudo para ser normal, meu primo me ligou para presenciar o primeiro banho do pequeno; larguei tudo que estava fazendo e fui correndo para onde eles estavam. Lá chegando, só de ver o menino me emocionei e, assim emocionado, fui convidado para ser PADRINHO do bebê. Sumiu o chão debaixo dos meus pés, meus joelhos tremeram, por entre as lágrimas só via o meu afilhado e nada mais. Este dia sim, foi um dos dias mais felizes da minha vida.
Hoje eu acompanho a vida dele. Preciso vê-lo invariavelmente. Ele cresce. Vejo seu sorriso e me comove inteiro. Tiro fotos, passeio, seguro ele no colo e sei que ele gosta de estar ali. Isso mexe comigo e me faz sentir vivo.
Por isso meu ano foi maravilhoso.
Não tenho nada a reclamar.
Só a agradecer.
Que o próximo ano seja como esse.
Que saiba o que sinto
Dedico essas palavras, no momento em que termina o ano, para você. Sim, você: que sempre lê o que escrevo, que me diz se gostou do texto, se fala que ele ficou meio complicado de se entender ou se ficou curto demais, mas que toda vez tem um palavra para mim. Entretanto não vou falar hoje sobre os textos. Vou escrever-lhe um texto.
Pensei muito em você nestes dias. Imaginei nós dois. Sonhei contigo quatro ou cinco noites a cada semana. Invariavelmente surgia em meus sonhos. Houve momentos em que o dia inteiro estava conectado com você. Através de pensamentos ou de outra forma qualquer.
Houve um tempo, também, em que não suportei mais e abri meus sentimentos; contei-lhe sobre tudo que me apertava o peito; contei-lhe sobre o que me amargurava e sobre o que eu mais desejava. Lógico que nunca poderia ser, mas foram as suas palavras que me fizeram acreditar que não havia motivo para sofrer. Hoje eu sei o que sinto e isso não me atormenta. Sei também o que você sente e isso não faz mudar nada em mim.
Procuro saber como você está. Tento dividir meu dia com você. Formulo em minha cabeça os momentos em que você ri das bobagens que escrevo. E penso. Penso. Penso. Penso.
Já me disseram que perco muito tempo imaginando o que poderia ser. Mas o que significa o tempo quando o que imagino faz o tempo parar? Que significa qualquer coisa quando o riso sai espontaneamente dos meus lábios? Que mal me faz quando desenho você na minha frente, caminhando nas margens do rio, despreocupadamente, de pés descalços e me dizendo que está tudo bem? Talvez deliro. Talvez fujo da realidade por alguns instantes. No entanto que mal há quando o mundo lá fora é perverso e com tão pouco amor? Posso não estar completamente certo. Errado tenho certeza que não estou.
Que neste próximo ano tudo se mantenha como está. Que meus dias e minhas noites sejam como estas que foram. Que a cada dia que eu viver continue aumentando em mim esse sentimento que nutro por você. Que minhas horas sejam felizes como são desde que te conheci. Que o amor que sinto mantenha-se forte para que a ligação e amizade que temos continue forte, por muitos e muitos anos.
Que você saiba, hoje, que amo.
Que você saiba que sempre amei.
Que você saiba que continuarei amando-lhe.
Pensei muito em você nestes dias. Imaginei nós dois. Sonhei contigo quatro ou cinco noites a cada semana. Invariavelmente surgia em meus sonhos. Houve momentos em que o dia inteiro estava conectado com você. Através de pensamentos ou de outra forma qualquer.
Houve um tempo, também, em que não suportei mais e abri meus sentimentos; contei-lhe sobre tudo que me apertava o peito; contei-lhe sobre o que me amargurava e sobre o que eu mais desejava. Lógico que nunca poderia ser, mas foram as suas palavras que me fizeram acreditar que não havia motivo para sofrer. Hoje eu sei o que sinto e isso não me atormenta. Sei também o que você sente e isso não faz mudar nada em mim.
Procuro saber como você está. Tento dividir meu dia com você. Formulo em minha cabeça os momentos em que você ri das bobagens que escrevo. E penso. Penso. Penso. Penso.
Já me disseram que perco muito tempo imaginando o que poderia ser. Mas o que significa o tempo quando o que imagino faz o tempo parar? Que significa qualquer coisa quando o riso sai espontaneamente dos meus lábios? Que mal me faz quando desenho você na minha frente, caminhando nas margens do rio, despreocupadamente, de pés descalços e me dizendo que está tudo bem? Talvez deliro. Talvez fujo da realidade por alguns instantes. No entanto que mal há quando o mundo lá fora é perverso e com tão pouco amor? Posso não estar completamente certo. Errado tenho certeza que não estou.
Que neste próximo ano tudo se mantenha como está. Que meus dias e minhas noites sejam como estas que foram. Que a cada dia que eu viver continue aumentando em mim esse sentimento que nutro por você. Que minhas horas sejam felizes como são desde que te conheci. Que o amor que sinto mantenha-se forte para que a ligação e amizade que temos continue forte, por muitos e muitos anos.
Que você saiba, hoje, que amo.
Que você saiba que sempre amei.
Que você saiba que continuarei amando-lhe.
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
Se eu contar..
Os melhores escritores já escreveram sobre isso. Diversos filmes tiveram cenas como essa. Ambos terminam invariavelmente com um final feliz. Não sei que fim terá essa história.
Destino?
Coincidência?
Talvez. Sei que na última noite nem dormi. Sabia que meus melhores sonhos seriam horríveis em comparação a meus pensamentos. Então nesta manhã o mundo sorriu pra mim. E eu sorri de volta pra ele. Não sinto mais peso em meus ombros e meu café nunca foi tão saboroso.
Estou feliz.
Pois sei que não acaba aqui.
Destino?
Coincidência?
Talvez. Sei que na última noite nem dormi. Sabia que meus melhores sonhos seriam horríveis em comparação a meus pensamentos. Então nesta manhã o mundo sorriu pra mim. E eu sorri de volta pra ele. Não sinto mais peso em meus ombros e meu café nunca foi tão saboroso.
Estou feliz.
Pois sei que não acaba aqui.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
bilhete por debaixo da porta
"descobri que gostava de você há tempos atrás. você tinha o quê, talvez onze, doze anos,, e não era nada carnal, nem feio, afinal eu tinha pouco menos que você. te vi e soube naquele instante que daquele dia em diante sempre te teria em meus pensamentos. e foi assim. e é assim. nos encontramos. desencontramos. tive alguns namorados. você teve suas aventuras. apresentou-me algumas garotas suas até. tentei. estava aqui e passei despercebida. aguardo o dia em que nossos olhares se cruzem e você perceba tudo o que sinto. talvez você já saiba. que sinta um pouco de medo. ou, quem sabe, sabemos desde o início que estaríamos assim: perto e longe; juntos e separados; amigos fiéis e amantes ocultos. só saiba que em todos os dias que eu viver serei sua garota."
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
Eros D'Aute, Theodore Wratislaw
Nem rosas amarelas ou vermelhas a desabrochar
Tampouco o cheiro do mar
São dignos do adorado perfume
Que a ti se une.
Os lírios de flores brancas,
A água imóvel me entedia,
Sofro por um desejo apaixonado
Por ti e tudo o que é teu.
Há apenas estas coisas no mundo:
Tua boca de fogo,
Teus seios, tuas mãos, teus cachos profundos
E meu desejo, meu rogo.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
Tormento
Não consigo lembrar-me dos sonhos desta noite. Tanto melhor assim, eu acho. Acordei diversas vezes, mas não fiquei com lembrança alguma. Havia um caminho sem fim, um rio sem mar, um céu sem estrelas, um bosque sem flores... Talvez isso. Talvez nada. Bem provável você ter aparecido; como outras noites atrás. Ao menos não tenho agora sua imagem: real, irreal, tua voz. Mas eu lembro, sim. Hoje, apenas um borrão, desfocada imagem que, quando perfeita, atormenta-me a alma.
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Bom dia
Continuo desejando-te bom dia,
todas as manhãs.
Acordo e digo, em voz alta:
Bom dia, pequena.
Mesmo tu não estando;
mesmo tu não ouvindo;
mesmo tu não sabendo.
Envio-te então uma mensagem
com esse mesmo bom dia.
Aguardo um tempo
até que vejas,
aflito eu fico.
Passa, passa tempo.
Logo arrependo.
Uma notícia chega:
'mensagem não enviada'.
Suspiro aliviado.
Teu dia será
sim
um bom dia.
todas as manhãs.
Acordo e digo, em voz alta:
Bom dia, pequena.
Mesmo tu não estando;
mesmo tu não ouvindo;
mesmo tu não sabendo.
Envio-te então uma mensagem
com esse mesmo bom dia.
Aguardo um tempo
até que vejas,
aflito eu fico.
Passa, passa tempo.
Logo arrependo.
Uma notícia chega:
'mensagem não enviada'.
Suspiro aliviado.
Teu dia será
sim
um bom dia.
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
mágica
Foi aquele olho no olho.
Nossos risos trocados. A saudade que havia entre nós tornou-se tensão. Todos os músculos do meu corpo se retesaram. O toque de minha mão em teus braços até agora arrepia-me a epiderme. Teu respirar no meu pescoço; meus dedos debaixo dos seus cabelos; meus beijos no teu pescoço. Nada mais importava.
Lento como o cair da chuva foram caindo nossas roupas e nossos corpos.
Apenas o tapete da sala seria testemunha.
Beijei-te.
Beijei-te toda. Braços, lábios, seios, umbigo, pernas. No meio delas deu-se a magia. Ouvi teus suspiros - de início - transformando-se em gemidos, daí para gritos e trêmulos espasmos. Por tanto tempo fiquei que, ainda agora, sinto o gosto vindo do teu corpo. Num encaixe perfeito transformamo-nos em um só. Carne com carne. Fluídos com fluídos. Bailamos pela eternidade.
Exaustos, cansados e felizes adormecemos.
E foi aí que acordei.
Nossos risos trocados. A saudade que havia entre nós tornou-se tensão. Todos os músculos do meu corpo se retesaram. O toque de minha mão em teus braços até agora arrepia-me a epiderme. Teu respirar no meu pescoço; meus dedos debaixo dos seus cabelos; meus beijos no teu pescoço. Nada mais importava.
Lento como o cair da chuva foram caindo nossas roupas e nossos corpos.
Apenas o tapete da sala seria testemunha.
Beijei-te.
Beijei-te toda. Braços, lábios, seios, umbigo, pernas. No meio delas deu-se a magia. Ouvi teus suspiros - de início - transformando-se em gemidos, daí para gritos e trêmulos espasmos. Por tanto tempo fiquei que, ainda agora, sinto o gosto vindo do teu corpo. Num encaixe perfeito transformamo-nos em um só. Carne com carne. Fluídos com fluídos. Bailamos pela eternidade.
Exaustos, cansados e felizes adormecemos.
E foi aí que acordei.
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
imaginação
te vejo
e todos vêem
o que sinto
não podem me tirar
te imagino acordando
cabelos desgrenhados
- odiando-me chamar-te leãozinho
e eu rio
e você avança
a gente se abraça
tudo parece bem
toca no rádio agora
a canção que me lembra você
sua cabeça balança
seu corpo estremece
no chuveiro você canta
levemente molhada
suavemente andando
na toalha te enrolando
esquenta o fogo teu corpo
na minha mão te arranhando
permanecem tuas pegadas
chão seco
corpo de água
como onda no meu corpo
ventre com ventre
pernas com pernas
meu beijo no teu beijo
teu sexo no meu
sem nexo, sem medo
só suspiros
só murmúrios
só teu nome, saindo da minha boca
um silêncio
e todos vêem
o que sinto
não podem me tirar
te imagino acordando
cabelos desgrenhados
- odiando-me chamar-te leãozinho
e eu rio
e você avança
a gente se abraça
tudo parece bem
toca no rádio agora
a canção que me lembra você
sua cabeça balança
seu corpo estremece
no chuveiro você canta
levemente molhada
suavemente andando
na toalha te enrolando
esquenta o fogo teu corpo
na minha mão te arranhando
permanecem tuas pegadas
chão seco
corpo de água
como onda no meu corpo
ventre com ventre
pernas com pernas
meu beijo no teu beijo
teu sexo no meu
sem nexo, sem medo
só suspiros
só murmúrios
só teu nome, saindo da minha boca
um silêncio
Pretérito Imperfeito
lembrava
você chorava
eu te amava
às vezes ficava
nunca morava
então imaginava
a chuva molhava
o sol esquentava
a noite acalmava
tu me beijava
a gente rolava
madrugava
e se tocava
e se cheirava
e se acalentava
depois sonhava
logo enjoava
você me deixava
era eu quem chorava
você chorava
eu te amava
às vezes ficava
nunca morava
então imaginava
a chuva molhava
o sol esquentava
a noite acalmava
tu me beijava
a gente rolava
madrugava
e se tocava
e se cheirava
e se acalentava
depois sonhava
logo enjoava
você me deixava
era eu quem chorava
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
eu escrevo
Eu escrevo pois não consigo manter as palavras dentro de mim.
Escrevo porque quero. Escrevo porque gosto.
Não vejo mal nenhum nisso.
Muitos criticam.
E esses costumam ser a cópia da cópia de uma cópia.
Não há originalidade.
Tomem cuidado:
para que não apenas vivam nas palavras
mas também na própria vida de outros.
Escrevo porque quero. Escrevo porque gosto.
Não vejo mal nenhum nisso.
Muitos criticam.
E esses costumam ser a cópia da cópia de uma cópia.
Não há originalidade.
Tomem cuidado:
para que não apenas vivam nas palavras
mas também na própria vida de outros.
terça-feira, 11 de novembro de 2014
De final feliz
Descobri cedo demais que as histórias dos livros terminam em finais felizes.
Foi lendo as histórias infantis que apercebi-me disso.
Entretanto não foi tarde demais que descobri não existir final feliz.
A parte feliz das histórias que nós, simples humanos, vivenciamos estão no início. Talvez durem até o meio, talvez não. Mas ao final, definitivamente, não viveremos felizes para sempre.
Não acordaremos a princesa com um beijo.
O príncipe não vem montado num lindo e elegante cavalo branco.
O lobo pode nem ser tão mau assim.
Tem muita gente que vive na ilusão de que algo maravilhoso simplesmente acontecerá. Que sua história terá um final feliz.
Mas esses não sabem que a felicidade está no começo que eles próprios constroem.
Então por medo ou na iminente esperança de algo milagroso, deixam de viver no presente e projetam um futuro. Permanecendo sempre numa triste espera de algo que nunca chegará.
Viva o agora. Seja feliz hoje. Faça sua parte. Dê uma chance.
Escreva sua história.
Não deixe ser tarde demais para aprender que não existe um final feliz.
Foi lendo as histórias infantis que apercebi-me disso.
Entretanto não foi tarde demais que descobri não existir final feliz.
A parte feliz das histórias que nós, simples humanos, vivenciamos estão no início. Talvez durem até o meio, talvez não. Mas ao final, definitivamente, não viveremos felizes para sempre.
Não acordaremos a princesa com um beijo.
O príncipe não vem montado num lindo e elegante cavalo branco.
O lobo pode nem ser tão mau assim.
Tem muita gente que vive na ilusão de que algo maravilhoso simplesmente acontecerá. Que sua história terá um final feliz.
Mas esses não sabem que a felicidade está no começo que eles próprios constroem.
Então por medo ou na iminente esperança de algo milagroso, deixam de viver no presente e projetam um futuro. Permanecendo sempre numa triste espera de algo que nunca chegará.
Viva o agora. Seja feliz hoje. Faça sua parte. Dê uma chance.
Escreva sua história.
Não deixe ser tarde demais para aprender que não existe um final feliz.
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
Li
Foi novamente através de um sonho que tu surgiste.
Quanto tempo atrás?
Então acordei e tive impulso de te procurar.
Resisti.
Desisti.
Foi em outras eras.
Outros tempos.
Outros lugares.
Onde estou tu não está.
Se ficou, estava guardado.
(Sub) Consciente.
(In) Consciente.
(In) Consequente.
Teu retrato guardado.
Nossos planos abandonados.
Um bilhete rasgado.
Que eu li.
Li.
Li.
Quanto tempo atrás?
Então acordei e tive impulso de te procurar.
Resisti.
Desisti.
Foi em outras eras.
Outros tempos.
Outros lugares.
Onde estou tu não está.
Se ficou, estava guardado.
(Sub) Consciente.
(In) Consciente.
(In) Consequente.
Teu retrato guardado.
Nossos planos abandonados.
Um bilhete rasgado.
Que eu li.
Li.
Li.
Livro
Quer indicação de um livro foda?
O REI DE AMARELO, de Robert W. Chambers
Este é um livro de contos escrito em 1895. Isso mesmo MIL OITOCENTOS E NOVENTA E CINCO!!! Conta histórias que se entrelaçam ao longo do livro e usa uma narrativa muito envolvente. Descobri esse livro através do seriado TRUE DETECTIVE (imagem abaixo), da HBO, que foi lançado esse ano e baseia-se vagamente na história do livro.
Recomendo muito os dois: livro e série (8 episódios fantásticos).
Ah, nem me atrevo a um mero resumo de qualquer deles, são complexos demais para que eu consiga sequer uma vaga descrição.
O REI DE AMARELO, de Robert W. Chambers
Este é um livro de contos escrito em 1895. Isso mesmo MIL OITOCENTOS E NOVENTA E CINCO!!! Conta histórias que se entrelaçam ao longo do livro e usa uma narrativa muito envolvente. Descobri esse livro através do seriado TRUE DETECTIVE (imagem abaixo), da HBO, que foi lançado esse ano e baseia-se vagamente na história do livro.
Recomendo muito os dois: livro e série (8 episódios fantásticos).
Ah, nem me atrevo a um mero resumo de qualquer deles, são complexos demais para que eu consiga sequer uma vaga descrição.
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
intenso e curto
não tenho vontade
do que não aconteceu
não tenho arrependimento
daquilo que passou
muito menos saudade
do que aconteceu
tenho apenas guardado
do que ficou
entre nós
do que há em mim
de ti
sempre um pouco mais
do que não aconteceu
não tenho arrependimento
daquilo que passou
muito menos saudade
do que aconteceu
tenho apenas guardado
do que ficou
entre nós
do que há em mim
de ti
sempre um pouco mais
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Inverno - Vittorio Sereni (1941)
...
mas se te voltas e miras
nuvens no cinza
exalam as fontes atrás de ti,
as montanhas no gelo se azulam.
Opaca uma onda murmurou
chamando-te: mas espera – agora
no gelo se encrespou
no instante em que te voltas
e miras
do inverno a beleza revelada.
Harmoniosas formas surgem
em fixidez, no frio: e tens
um gesto vago
como em frente a quem te sorrisse
sob um lago de calma,
enquanto geme o teu barco longínquo
rio abaixo, onde se adensam as brumas.
mas se te voltas e miras
nuvens no cinza
exalam as fontes atrás de ti,
as montanhas no gelo se azulam.
Opaca uma onda murmurou
chamando-te: mas espera – agora
no gelo se encrespou
no instante em que te voltas
e miras
do inverno a beleza revelada.
Harmoniosas formas surgem
em fixidez, no frio: e tens
um gesto vago
como em frente a quem te sorrisse
sob um lago de calma,
enquanto geme o teu barco longínquo
rio abaixo, onde se adensam as brumas.
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
Morri numa terça-feira
Foi numa terça-feira que morri.
Logo eu que detestava terças-feiras. Alguns não gostam do domingo - pela depressão que assola com a iminente chegada da segunda-feira; outros detestam a própria segunda-feira que prevê o retorno de uma semana cheia. Eu gostava da tranquilidade do domingo, inclusive seu final de tarde que era recheado de divagações e mergulhos internos, possibilidade de recomeços; também gostava muito da segunda-feira que era o próprio recomeço, o raiar de um novo dia e esperanças renovadas.
Mas, como o destino gosta de pregar peças, foi numa terça-feira que morri.
Costumam dizer que, segundos antes da morte, vê-se passar sua vida rapidamente diante dos olhos. Não vi. Nem lembro dos instantes anteriores a minha morte. Consigo apenas ver, aqui de cima, meu corpo em decúbito lateral, com o rosto colado ao chão, os olhos semiabertos, a boca num meio sorriso e sangue, muito sangue.
Pode ter sido acidente - um atropelamento -, pode ter sido bala perdida, uma briga, um mal súbito. Não sei. O sangue pode ter sido posterior a minha queda; pode-se sangrar depois da morte? Agora, não adianta mais saber.
Passam-se os minutos e ninguém passa por aqui. Perdi a noção do tempo. Não há mais tempo só há o infinito. Ah, mas enquanto espero, relembro passagens da minha vida. Esse deve ser o momento que a vida passa diante de nós, mas não é mais a vida, nem no ar estou. Isto é um gás liquefeito que faz-me sufocar. Lembrei de quem amei, de outros que deveria amar, alguns que nem deveria ter me importado e outros que poderiam ter prestado atenção em mim. Não me arrependo do nenhuma delas, apenas constato. Havia tempo para consertar, agora já não há mais.
Chove agora, nem sinto. Meu corpo muito menos. O sangue que há dilui-se na corrente de água. Um garoto passa correndo e nem olha para mim. Uma senhora se assusta e tremendo liga para alguém. De longe ela fica me observando. Uma moça se aproxima, vagarosamente, sem guarda chuva seus cabelos vão ficando molhados. Bem próxima, ela fica completamente parada e absorvida na imagem do meu cadáver. De longe a sirene preeenche o silêncio que havia na cidade. Nos meus bolsos cigarros, uma caixa de fósforo, um bilhete vencido de loteria, três moedas e uma passagem de ônibus para o dia.
Chega o socorro; tarde demais. No relatório a causa mortis e os pertences que haviam com o corpo: cigarros, uma caixa de fósforos, um bilhete vencido de loteria e três moedas. Daqui de cima vejo a moça: caminhando confiante, sorriso no rosto, embarcando na viagem que nunca mais farei, na terça-feira que morri.
Logo eu que detestava terças-feiras. Alguns não gostam do domingo - pela depressão que assola com a iminente chegada da segunda-feira; outros detestam a própria segunda-feira que prevê o retorno de uma semana cheia. Eu gostava da tranquilidade do domingo, inclusive seu final de tarde que era recheado de divagações e mergulhos internos, possibilidade de recomeços; também gostava muito da segunda-feira que era o próprio recomeço, o raiar de um novo dia e esperanças renovadas.
Mas, como o destino gosta de pregar peças, foi numa terça-feira que morri.
Costumam dizer que, segundos antes da morte, vê-se passar sua vida rapidamente diante dos olhos. Não vi. Nem lembro dos instantes anteriores a minha morte. Consigo apenas ver, aqui de cima, meu corpo em decúbito lateral, com o rosto colado ao chão, os olhos semiabertos, a boca num meio sorriso e sangue, muito sangue.
Pode ter sido acidente - um atropelamento -, pode ter sido bala perdida, uma briga, um mal súbito. Não sei. O sangue pode ter sido posterior a minha queda; pode-se sangrar depois da morte? Agora, não adianta mais saber.
Passam-se os minutos e ninguém passa por aqui. Perdi a noção do tempo. Não há mais tempo só há o infinito. Ah, mas enquanto espero, relembro passagens da minha vida. Esse deve ser o momento que a vida passa diante de nós, mas não é mais a vida, nem no ar estou. Isto é um gás liquefeito que faz-me sufocar. Lembrei de quem amei, de outros que deveria amar, alguns que nem deveria ter me importado e outros que poderiam ter prestado atenção em mim. Não me arrependo do nenhuma delas, apenas constato. Havia tempo para consertar, agora já não há mais.
Chove agora, nem sinto. Meu corpo muito menos. O sangue que há dilui-se na corrente de água. Um garoto passa correndo e nem olha para mim. Uma senhora se assusta e tremendo liga para alguém. De longe ela fica me observando. Uma moça se aproxima, vagarosamente, sem guarda chuva seus cabelos vão ficando molhados. Bem próxima, ela fica completamente parada e absorvida na imagem do meu cadáver. De longe a sirene preeenche o silêncio que havia na cidade. Nos meus bolsos cigarros, uma caixa de fósforo, um bilhete vencido de loteria, três moedas e uma passagem de ônibus para o dia.
Chega o socorro; tarde demais. No relatório a causa mortis e os pertences que haviam com o corpo: cigarros, uma caixa de fósforos, um bilhete vencido de loteria e três moedas. Daqui de cima vejo a moça: caminhando confiante, sorriso no rosto, embarcando na viagem que nunca mais farei, na terça-feira que morri.
Arte: Karine Chitolina
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
O novo e o velho
Acabei de escrever
Em minha cabeça
Um novo poema
Novos versos
Novas palavras, novos verbos
De repente os esqueci
E o que restou
Foram apenas velhos adjetivos
Velhas imagens
Doces recordações
Em frases que não se repetem
destino
houve um tempo em que gostava de sonhar:
imaginava um futuro não chegado,
um lugar não visitado,
um beijo não recebido,
um destino não seguido.
hoje sequer durmo.
e quando a noite cai te imagino,
fico bobo, pareço menino,
penso, me agito, chorando, sorrindo,
por vezes nem sei o que estou sentindo.
então você se aproxima
mas não ouso te tocar
nem penso em te beijar
resta-me ficar te olhando
e em devaneios: viajando
o destino joga com nossas vidas
por duas vezes no aproximou
por duas nos abandonou
nem ouso mais esperar
contento-me em voltar a sonhar
imaginava um futuro não chegado,
um lugar não visitado,
um beijo não recebido,
um destino não seguido.
hoje sequer durmo.
e quando a noite cai te imagino,
fico bobo, pareço menino,
penso, me agito, chorando, sorrindo,
por vezes nem sei o que estou sentindo.
então você se aproxima
mas não ouso te tocar
nem penso em te beijar
resta-me ficar te olhando
e em devaneios: viajando
o destino joga com nossas vidas
por duas vezes no aproximou
por duas nos abandonou
nem ouso mais esperar
contento-me em voltar a sonhar
terça-feira, 9 de setembro de 2014
Voo II
No fundo do meu olho é sempre tristeza
Sem fingir estados de espiríto
A minha volta vozes e ecos e risos
E pessoas felizes e cheias de vida
Deve ser possível ser feliz
Ou ao menos suportar o fingimento
Sofre-me o nascer do dia
Tortura-me o calor da tarde
Mata-me o cair da noite
Vejo o horizonte que passa na janela
Árvores nuvens campos céu
Céus que vozes são essas
Murmúrios não gritos
Se gritos fossem despertaria
Ando tropeço me agarro seguro
Corro plano desando desarmo
Num desequilíbrio caio
E caio caio e desespero
De repente tranquilo não grito
Suspiro
E voo voo e voo
Férias?!?!?!
Infelizmente deu 'tilt' na viagem programada para Alô. Entretanto há várias missões incompletas para serem terminadas. Espero conseguir fazer tudo nesses próximos 10 dias:
- Reiniciar e finalizar, de uma vez, minha Monografia;
- Assistir ao Vicente jogar futebol;
- Jogar PS3 sem hora pra acabar;
- Dormir;
- Tomar umas geladas;
- Gengivar uns churras;
- Bicar uns whiskeys in the jar;
- Chapear uns bifes;
- Reencontrar.
Talvez consiga. Talvez não.
- Reiniciar e finalizar, de uma vez, minha Monografia;
- Assistir ao Vicente jogar futebol;
- Jogar PS3 sem hora pra acabar;
- Dormir;
- Tomar umas geladas;
- Gengivar uns churras;
- Bicar uns whiskeys in the jar;
- Chapear uns bifes;
- Reencontrar.
Talvez consiga. Talvez não.
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
terça-feira, 2 de setembro de 2014
só deliro
e eu que sinto falta
sinto saudade
tenho vontade
fico pensando
sonhando, imaginando
e você nem sabe
que não é tarde
que ainda há chance
de rolar um lance
trocarmos um olhar
de repente um beijar
eu segurando sua mão
não tenha medo, não
você sorri pra mim
em meio a nosso jardim
de uma variedade de flores
todas as cores
exalando melhor odor
símbolo do nosso amor
ah, que dia mais bonito
sonho que seja infinito
sinto saudade
tenho vontade
fico pensando
sonhando, imaginando
e você nem sabe
que não é tarde
que ainda há chance
de rolar um lance
trocarmos um olhar
de repente um beijar
eu segurando sua mão
não tenha medo, não
você sorri pra mim
em meio a nosso jardim
de uma variedade de flores
todas as cores
exalando melhor odor
símbolo do nosso amor
ah, que dia mais bonito
sonho que seja infinito
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
Agradecimento
Agredeço por poder acordar nesta manhã.
Agradeço por ter uma casa acolhedora.
Agradeço pela família que tenho.
Agradeço por ter um trabalho digno.
Agradeço por tudo que fiz nesse dia.
Agradeço por poder voltar tranquilo pra casa.
Agradeço pelo alimento que me fortalece.
Agradeço por poder deitar a cabeça no travesseiro.
Agradeço por tudo que me faz feliz.
Agradeço a quem quer que seja.
Agradeça você também.
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Vicente - 7 anos
Sete anos faz meu pequeno gigante. Dia após dia acompanhando ele. Meu parceiro, meu companheiro, meu amigo, MEU IRMÃO.
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
Impublicável
Pela primeira vez não consegui me conter e escrevi um texto impublicável. Para quem acompanha o blog sabe que todos os textos publicados aqui contém o mínimo de linguagem agressiva ou explícita. Entretanto o que criei hoje não poderá ser publicado. Ficará para a posteridade. Quem sabe na versão impressa. Ou talvez ninguém o lerá. Sei que se ele saísse deveria conter a classificação indicativa da imagem acima.
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
De listas
Preciso confessar: estou há mais de um ano tentando escrever um texto sobre os discos de música que mais escutei até hoje. Mas é uma missão impossível!!! Comecei querendo escrever sobre os melhores 10 discos - de minha opinião; ao elencá-los surgiram 50! Juro, cinquenta! Lapida aqui, retira um ali, adiciona mais dois que eu havia esquecido e ficaram 28. Ah, não, assim não dá!
Como é complicado fazer listas. Dar mais importância a alguma coisa em detrimento a outra. O mesmo procedimento tentado com relação aos discos procurei fazer com livros - até escrevi um ou dois textos sobre isso que foram publicados aqui no blog - mas a mente da gente viaja.
Já pensei em fazer uma lista com os Top Ten ou Top Five de filmes. Entretanto morre essa lista se eu for incluir os dirigidos pelo Tarantino, que colocaria todos feitos por ele - e a lista fecharia com os filmes de que foi roteirista ou produtor.
Piorou a situação quando, dias atrás, fui criar algo mais ou menos assim: as músicas/poemas que gostaria de ter escrito. Bah, me perdi. De tanto que surge, não consigo expressar nada. As idéias embaralham-se, confundem-se e não produzo nada de bom.
Depois de muito tentar e outro tanto desistir, cheguei a uma conclusão:
fazer lista está entre as 5 coisas piores de serem feitas.
Não, entre as 10.
Opa, entre as 20.
Ah, deixa prá lá.
terça-feira, 5 de agosto de 2014
Elle, 19 anos
Elle era uma menina solitária
de sorrisos coletivos
sorria superficialmente
mascarava seu sofrer
tempestades à noite
pesadelos noturnos
acabavam com seu dia
como num precipício
caindo metro por metro
agarrava-se ao que podia
cada hora procurava uma razão
todo tempo precisava de motivo
segurava-se em galhos
que quebravam-se no caminho
nunca teve apoio
ou mão que a acalentasse
foi achada caída no banheiro
coagulado sangue a rodeava
no hospital uma vizinha a reconheceu
não haviam trocado um bom dia
na sua lápide apenas a menção:
'Elle, 19 anos'.
Achei uma navalha no seu banheiro
e sobre a mesa de sua sala
um papel escrito assim:
"Eu..."
As reticências,
essas fui eu quem coloquei.
* Imagem by k.c.
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Chove
Chove lá fora
E aqui tá tanto frio
Me dá vontade de saber...
Aonde está você?
Me telefona
Me chama! Me chama!
Me chama!!!
Nem sempre se vê
Lágrima no escuro
Lágrima no escuro
Lágrima!!!
Tá tudo cinza sem você
Tá tão vazio
E a noite fica
Sem porque
Aonde está você?
Me telefona
Me chama! Me chama!
Me chama!!!
Nem sempre se vê!
Mágica no absurdo
Mágica no absurdo
Mágica!!!
(Lobão - Me chama)
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
Férias. Agosto. Desperdício. Um verso tosco.
Duas semanas de férias da faculdade. E acabaram-se. Não consegui fazer nada nesses dias; nem escrever para o blog, nem ler um livro, nem ver uns filmes, nem nada de nada. O que fiz? Como usei esse tempo? Como desperdicei as horas? Não sei.
Apenas espero esse novo mês.
que venha agosto
que tenha seu gosto
que nunca provei
que sempre desejei
que tenha seu rosto
nenhum desgosto
o que planejei
pelo que esperei
Apenas espero esse novo mês.
que venha agosto
que tenha seu gosto
que nunca provei
que sempre desejei
que tenha seu rosto
nenhum desgosto
o que planejei
pelo que esperei
quinta-feira, 24 de julho de 2014
singular
um portão
uma casa
um cachorro
um jardim
uma árvore
uma porta
um sofá
uma mesa
uma cadeira
um prato
um copo
uma escada
um quarto
uma janela
uma cortina
uma cama
um travesseiro
um sonho
um sonho
um sonho
uma casa
um cachorro
um jardim
uma árvore
uma porta
um sofá
uma mesa
uma cadeira
um prato
um copo
uma escada
um quarto
uma janela
uma cortina
uma cama
um travesseiro
um sonho
um sonho
um sonho
quarta-feira, 23 de julho de 2014
quero-te
e dá uma sensação de vazio dentro de mim, um aperto, algo inexplicável e a vontade imensa de te ter ao meu lado. quero ouvir-te, mas não através de uma máquina - eu quero ouvir o simples respirar, o ir e vir da respiração no teu peito. quero ver-te! entretanto que não seja num mero instantâneo, onde teus olhos não pisquem e teus lábios não tremam; quero sim passar a mão no teu rosto, arrepiando-te a pele e sentindo teu calor. quero dormir e acordar contigo; velando teu sono, te vendo sonhar. quero-te hoje, quero-te agora. dividindo comigo teu dia, novidades boas, notícias ruins, eu estarei ali, pronto para segurar na sua mão e dizer que ficará tudo bem. porém meu maior desejo seria de viajar contigo. deixando tudo prá trás, mirando o horizonte a nossa frente e o caminho a seguir. pra onde iríamos? talvez apenas dobrar à esquina, quem sabe uma ilha solitária, quiçá outro planeta - ou apenas um quarto transformado em nosso universo.
só esteja aqui.
só deixe-me estar.
estarei.
só esteja aqui.
só deixe-me estar.
estarei.
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Carta
Continuo escrevendo cartas;
As quais nunca enviarei;
As quais nunca lerás;
As quais transportam
Tudo que há em mim.
terça-feira, 15 de julho de 2014
Da literatura brasileira
Li, há alguns dias atrás, a notícia de que algumas pessoas estavam querendo adaptar romances da literatura brasileira - principalmente do final do século XIX e início do século XX - para a linguagem atual, 'facilitando' assim o acesso de mais pessoas aos seus conteúdos.
Acredito que não é a maneira certa de proporcionar acesso aos maravilhosos autores brasileiros; nem é o jeito de incentivar a leitura. O que tem que ser feito é educar as pessoas - principalmente nas mais tenras idades - para que se tome gosto pela literatura. Sabendo desde logo interpretar um texto, mesmo escrito pelos nossos mais rebuscados autores nacionais. Percebo também que direcionando crianças e adolescentes para 'literaturas obrigatórias' isso torna-se um problema e não uma solução para que se tome gosto pelo hábito.
Eu sou um aficionado por literatura e posso até ser considerado suspeito em falar de autores brasileiros, pois gosto muito das possibilidades que nosso vocabulário proporciona na hora da construção de um bom texto.
Tenho também em mim que nossos escritores podem, sim, equipararem-se aos maiores da literatura mundial.
Afinal, quem sabe escrever melhor um trecho de livro, em português, do que Machado de Assis, José de Alencar, Álvares de Azevedo, Castro Alves, Aluízio Azevedo, Lima Barreto, entre tantos outros?
P.S.: Já citei no blog diversos recortes de romances e textos desses autores, entretanto ontem lendo
'Cinco minutos", de José de Alencar, deparei-me com esse que segue:
"- Compreendo agora, disse eu em voz baixa e como falando
a um amigo que estivesse a meu lado, compreendo por
que ela me foge, por que conserva esse mistério; tudo isto
não passa de uma zombaria cruel, de uma comédia, em que
eu faço o papel de amante ridículo. Realmente é uma lembrança
engenhosa! Lançar em um coração o germe de um
amor profundo; alimentá-lo de tempos a tempos com uma
palavra, excitar a imaginação pelo mistério; e depois, quando
esse namorado de uma sombra, de um sonho, de uma ilusão,
passear pelo salão a sua figura triste e abatida, mostrá-lo a
suas amigas como uma vítima imolada aos seus caprichos e
escarnecer do louco! É espirituoso! O orgulho da mais vaidosa
mulher deve ficar satisfeito!"
Não é demais ler um texto assim?
terça-feira, 8 de julho de 2014
segunda-feira, 7 de julho de 2014
De vazio e névoa
Eu já nem me importo mais com todo esse vazio que assola minha alma. Por vezes nem parece que tenho-a ainda. Se nossos olhos nem se vêem mais. O calor do teu corpo nem chega próximo do meu. Carrego comigo apenas lembranças de um tempo ido que não quer ser apagado. Ainda consigo ouvir sua voz me dizendo do bem que te fazia. Sinto seus dedos tremendo, seus olhos fechados, sua boca aberta. Acordo no meio da madrugada agonizando; olho para o teto escuro, para um vão da janela e me perco em sentimentos que não consigo explicar. Sem desejar, vejo a escuridão máxima dos momentos que antecedem o nascer do sol; mas a neblina domina o amanhecer e tudo fica frio e triste mesmo durante o dia. É assim que me sinto: como se uma névoa de inverno estivesse cercando-me por todoas os lados, que não me deixa sentir qualquer calor que seja; névoa que encobre tu, meu sol. Se fosse uma nuvem carregada de raios, trovões e chuva, ela poderia ainda se dissolver. Entretanto não vejo uma maneira de dissipar esse cinza que turva a distância entre tu e eu.
quarta-feira, 2 de julho de 2014
terça-feira, 1 de julho de 2014
De laços e nós
Existem algumas coisas que tentamos deixar para trás. Umas mais fáceis de serem esquecidas, outras que sempre deixarão marcas e lembranças. Algumas são suaves, apenas um laço mantém a união - puxa-se um fio e ele se desfaz como um sopro. Entretanto há alguns que são nós: puxa-se um lado e aperta um pouco, puxa-se outro e sufoca a gente. Para esse último só resta apenas uma solução - que as amarras sejam cortadas. Entretanto como pode um simples ato se tornar uma missão quase impossível de ser realizada?
segunda-feira, 23 de junho de 2014
Sobre nossa existência
Com o passar dos dias, a gente passa a acreditar ou desacreditar em verdades que julgamos inabaláveis.
Eu, por exemplo, nunca fui de acreditar em destino ou pensar que tudo já está definido para todo o sempre; mas nos últimos tempos tenho pensado que nossa existência é um eterno círculo. Perceba: falo de EXISTÊNCIA e não de VIDA. Esta última creio ser apenas um grão de areia na nossa infinita praia da existência.
Percebo que tudo invariavelmente se repete, com encontros, desencontros, chegadas e partidas. E assim, desde sempre estivemos ligados, tu e eu.
Quantas vezes repetiremos a primeira vez que nos fitamos, olho no olho?
Uma vez apenas grunhiámos, sem palavras pronunciadas - a fala era sequer imaginada - caçando juntos por nossa própria sobrevivência; em outra estávamos batalhando em lados opostos - sangrando e expirando, um na lâmina do outro; certa feita fui vida em teu ventre; em outra foste semente dentro de mim; por vezes apenas nos encontramos; em outras nos amamos e sofremos sem um fim que nos mantivesse juntos.
Hoje entendo que sempre estivemos ligados. Por vezes tu percebeste e eu não consegui reconhecer; em outras soube quem tu eras no primeiro contato e tu seguiste sem o final que eu esperava.
Nesta que estamos, sei desde sempre que o brilho no teu olhar é para mim, que teu sorriso completa-me sem que outro ouse ofuscá-lo, sei que estou desde o início das eras ligado a tua alma.
O que não sei é se em ti isso é o mesmo.
Se não for, esperaremos.
Esse círculo um dia se completa. Então não precisaremos mais retornar. Desceremos um rio, sem turbulência, sem destino, só nós dois - até um mar que nos manterá seguros para o fim da nossa existência.
Eu, por exemplo, nunca fui de acreditar em destino ou pensar que tudo já está definido para todo o sempre; mas nos últimos tempos tenho pensado que nossa existência é um eterno círculo. Perceba: falo de EXISTÊNCIA e não de VIDA. Esta última creio ser apenas um grão de areia na nossa infinita praia da existência.
Percebo que tudo invariavelmente se repete, com encontros, desencontros, chegadas e partidas. E assim, desde sempre estivemos ligados, tu e eu.
Quantas vezes repetiremos a primeira vez que nos fitamos, olho no olho?
Uma vez apenas grunhiámos, sem palavras pronunciadas - a fala era sequer imaginada - caçando juntos por nossa própria sobrevivência; em outra estávamos batalhando em lados opostos - sangrando e expirando, um na lâmina do outro; certa feita fui vida em teu ventre; em outra foste semente dentro de mim; por vezes apenas nos encontramos; em outras nos amamos e sofremos sem um fim que nos mantivesse juntos.
Hoje entendo que sempre estivemos ligados. Por vezes tu percebeste e eu não consegui reconhecer; em outras soube quem tu eras no primeiro contato e tu seguiste sem o final que eu esperava.
Nesta que estamos, sei desde sempre que o brilho no teu olhar é para mim, que teu sorriso completa-me sem que outro ouse ofuscá-lo, sei que estou desde o início das eras ligado a tua alma.
O que não sei é se em ti isso é o mesmo.
Se não for, esperaremos.
Esse círculo um dia se completa. Então não precisaremos mais retornar. Desceremos um rio, sem turbulência, sem destino, só nós dois - até um mar que nos manterá seguros para o fim da nossa existência.
quarta-feira, 18 de junho de 2014
Venha
Venha,
não tenha medo!
Continue visitando-me
em sonhos
nas noites, frias
e solitárias.
Acordo e imagino
você ao meu lado
levanto e vago sem rumo
na janela
paisagens
o escuro da noite
o frio da madrugada.
Toca-me a brisa,
neblina gelada
que faz-me lembrar e
depois esquecer:
Que teu fui,
teu já sou,
teu sempre serei.
não tenha medo!
Continue visitando-me
em sonhos
nas noites, frias
e solitárias.
Acordo e imagino
você ao meu lado
levanto e vago sem rumo
na janela
paisagens
o escuro da noite
o frio da madrugada.
Toca-me a brisa,
neblina gelada
que faz-me lembrar e
depois esquecer:
Que teu fui,
teu já sou,
teu sempre serei.
domingo, 15 de junho de 2014
quinta-feira, 29 de maio de 2014
Apenas
"... deixar apenas fluir pelos meus dedos tudo isso que aperta-me o peito. Deixar que deslize pelo papel esta caneta - mensageira de segredos e sentimentos. Permitir que através desta tinta eternize-se tudo aquilo que minha voz não te dirá."
quarta-feira, 28 de maio de 2014
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Um dia perfeito - Legião Urbana
Ontem fui presenteado com alguns versos dessa música e fiquei com ela na cabeça o dia inteiro. Acho demais essa letra e transcrevo-a pra vocês:
Quase morri
Há menos de trinta e duas horas atrás
Hoje a gente fica na varanda
Um dia perfeito com as crianças.
São as pequenas coisas que valem mais
É tão bom estarmos juntos
E tão simples: dia perfeito
Corre, corre, corre
Que vai chover!
Olha a chuva!
Não vou me deixar embrutecer
Eu acredito nos meus ideais
Podem até maltratar meu coração
Que meu espírito ninguém vai conseguir quebrar!
Legião Urbana é demais,, sempre vale ter no playlist.
Quase morri
Há menos de trinta e duas horas atrás
Hoje a gente fica na varanda
Um dia perfeito com as crianças.
São as pequenas coisas que valem mais
É tão bom estarmos juntos
E tão simples: dia perfeito
Corre, corre, corre
Que vai chover!
Olha a chuva!
Não vou me deixar embrutecer
Eu acredito nos meus ideais
Podem até maltratar meu coração
Que meu espírito ninguém vai conseguir quebrar!
Legião Urbana é demais,, sempre vale ter no playlist.
Poema de uma morte anunciada*
morreste em mim numa noite de outono
morreste como morreram tantos outros antes de ti
o que diferenciou este momento
foram as lágrimas que derramei
brotaram elas antes de ires enfim
não houve dano, não houve sofrer
houve o desgosto, da hora marcada
do fim que viria, da morte anunciada
amo ainda
um amor sem rosto, sem nome
sem endereço, sem tempo certo
sem hora exata
amarei ainda
forte como primeiro
singular como único
verdadeiro como eterno
só espero que me vejas
só espero que eu me mostre
quem sabe dessa vez soubesse
de todo sentimento que morre em mim
a cada vez que morres tu também
* Título parafraseado do romance 'Crônica de uma morte anunciada', de Gabriel Garcia Marquez
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Relax, man!
O problema é que às vezes a gente se cobra demais. Aí tu acha que tudo é culpa tua; tu começa a achar que todas as iniciativas tem que partir de ti; tu tomas as dores do mundo; então nada mais importa. O desespero toma conta, tu estás cheio de problemas; nada mais se encaixa e tudo tende a piorar.
Relax, man.
Nessas horas tu tens que sentar na varanda, caminhar na grama, deitar na rede ou passear na beira do mar e ficar numa boa.
Os problemas todos que tu acha que tem vão se reduzir a nada. De dez coisas que estarão te incomodando sobrará apenas uma que demandará uma atenção especial. De resto, tudo se ajeita, devagarinho, sem pressa.
Também não te exijas demais, não te cobres demais. Quanto mais tu te cobras, mais tu te decepcionas. Não significa que tu tenhas que desistir das coisas que desejas; significa que nem tudo tem que ser. E muitas vezes, deixar o tempo correr sozinho, faz com que o mundo conspire a teu favor.
Faça as coisas certas, mas não aches que tu tens que fazer tudo sozinho. Não desista das pessoas, dê as chances que tu achas que elas merecem. Fale e deixe bem claro o que tu desejas. Mas não vá além disso. Não te tortures. Nem te reprimas. Os outros não são obrigados a pensar o mesmo que pensas. Aliás, ninguém vai pensar o que tu pensas. Nem ser perfeito como tu sonhas.
Acredite. Dê chances. Permita-se.
Mas não te subestimes.
Nem te culpes.
Feche os olhos, respire fundo, ouça o som do mundo e deixe fluir.
O sol nasce a cada manhã.
Relax, man.
Nessas horas tu tens que sentar na varanda, caminhar na grama, deitar na rede ou passear na beira do mar e ficar numa boa.
Os problemas todos que tu acha que tem vão se reduzir a nada. De dez coisas que estarão te incomodando sobrará apenas uma que demandará uma atenção especial. De resto, tudo se ajeita, devagarinho, sem pressa.
Também não te exijas demais, não te cobres demais. Quanto mais tu te cobras, mais tu te decepcionas. Não significa que tu tenhas que desistir das coisas que desejas; significa que nem tudo tem que ser. E muitas vezes, deixar o tempo correr sozinho, faz com que o mundo conspire a teu favor.
Faça as coisas certas, mas não aches que tu tens que fazer tudo sozinho. Não desista das pessoas, dê as chances que tu achas que elas merecem. Fale e deixe bem claro o que tu desejas. Mas não vá além disso. Não te tortures. Nem te reprimas. Os outros não são obrigados a pensar o mesmo que pensas. Aliás, ninguém vai pensar o que tu pensas. Nem ser perfeito como tu sonhas.
Acredite. Dê chances. Permita-se.
Mas não te subestimes.
Nem te culpes.
Feche os olhos, respire fundo, ouça o som do mundo e deixe fluir.
O sol nasce a cada manhã.
Beijo, boa noite
E o beijo que não te dei?
O boa noite que não falei?
O carinho que não te fiz?
O desejo de que seja feliz?
Deixemos pra outra hora
Que seja logo, sem demora
Seja doce, seja leve
Que seja muito, não seja breve
Que aconteça devagar
Que venha pra ficar
Dure o tempo que durar
Que continuemos amigos
Meu abraço teu abrigo
Teu coração sempre comigo
terça-feira, 20 de maio de 2014
Carol!
impressionou-me de início
aquele jeito leve
de mexer nos cabelos
o sorriso - meio riso:
veio em seguida
terminando por me encantar
nem sabia seu nome
via seu brilho
de longe, bem distante
ouvia um murmúrio -
seria sua voz?
soava como cantiga,
antiga, doce, amiga
dia veio que te trouxe
ondulando
nem caminhando
seu nome ouvi:
Carol. Carol.
Carol!
teu riso fez-se mais perto,
mais próximo,
mais distante
tocar-te a mão?
em sonho, quiçá
queimaria-me
derreteria-me
tal estou
a seus pés
em minha cabeça.
aquele jeito leve
de mexer nos cabelos
o sorriso - meio riso:
veio em seguida
terminando por me encantar
nem sabia seu nome
via seu brilho
de longe, bem distante
ouvia um murmúrio -
seria sua voz?
soava como cantiga,
antiga, doce, amiga
dia veio que te trouxe
ondulando
nem caminhando
seu nome ouvi:
Carol. Carol.
Carol!
teu riso fez-se mais perto,
mais próximo,
mais distante
tocar-te a mão?
em sonho, quiçá
queimaria-me
derreteria-me
tal estou
a seus pés
em minha cabeça.
segunda-feira, 19 de maio de 2014
o que foste
bastava apenas lembrar o nome
teu rosto aparecia
quando os sonhos vinham
eu fechava meus olhos
e minha mente se abria
eram doces as visões
eram quase reais, ilusões
suas palavras ao acordar
eram o gatilho do meu dia
sem nuvens ou chuvas, trovões
por um tempo imaginamos
por muito nos tornamos
por pouco nos beijamos
por certo aceitamos
a realidade nos trouxe de volta
o que nunca foi
o que não poderia ter sido
quem sabe?
melhor que nunca soubesses
o que eras em mim
pois o que foste
poderia ter sido
mas o que és
nunca poderá ser
teu rosto aparecia
quando os sonhos vinham
eu fechava meus olhos
e minha mente se abria
eram doces as visões
eram quase reais, ilusões
suas palavras ao acordar
eram o gatilho do meu dia
sem nuvens ou chuvas, trovões
por um tempo imaginamos
por muito nos tornamos
por pouco nos beijamos
por certo aceitamos
a realidade nos trouxe de volta
o que nunca foi
o que não poderia ter sido
quem sabe?
melhor que nunca soubesses
o que eras em mim
pois o que foste
poderia ter sido
mas o que és
nunca poderá ser
segunda-feira, 12 de maio de 2014
k - C10H14N2
Não consigo ter certeza de quanto dormi
creio não ter dormido nada
pela quantidade de imagens que tenho de você
pelas vezes que falei de mim pra mim
teu nome, letra por letra;
pelas vezes que repassei
tuas palavras a mim dirigidas
procurando algo mais
procurando um motivo.
É abstinência
de não te ter grudada em mim
correndo em minhas veias
te sentindo nos meus dedos
mesmo nunca tendo
Acho que é delírio
parece devaneio
me perco nos sentidos
meio morto meio vivo
arrepiam-me os membros
lacrimejam-me os olhos
falharam-me os joelhos
e prostrado fiquei
imóvel permaneci
até o sol surgir
anunciação de um novo dia.
creio não ter dormido nada
pela quantidade de imagens que tenho de você
pelas vezes que falei de mim pra mim
teu nome, letra por letra;
pelas vezes que repassei
tuas palavras a mim dirigidas
procurando algo mais
procurando um motivo.
É abstinência
de não te ter grudada em mim
correndo em minhas veias
te sentindo nos meus dedos
mesmo nunca tendo
Acho que é delírio
parece devaneio
me perco nos sentidos
meio morto meio vivo
arrepiam-me os membros
lacrimejam-me os olhos
falharam-me os joelhos
e prostrado fiquei
imóvel permaneci
até o sol surgir
anunciação de um novo dia.
domingo, 11 de maio de 2014
Véio Dráuzio acertou na tampa
Os primeiros dois dias sem fumar são os piores. As crises se sucedem uma atrás da outra até atingirem freqüência e duração máximas em 48 horas. Nesse período, as manifestações incluem irritação, ansiedade, tremores, sudorese fria nas mãos, fome compulsiva, modificação do hábito intestinal, alterações da arquitetura do sono (insônia ou hipersônia), dificuldade extrema de concentração e alternância de episódios de apatia com outros de agressividade comportamental.
Dráuzio Varella
quinta-feira, 8 de maio de 2014
Bad times are coming
Desistir, tentar esquecer, seguir em frente, mudar os planos, deixar estar: não gosto disso.
Já é inverno aqui.
quinta-feira, 24 de abril de 2014
Juliana e o joelho meio sangrando meio ralado
Já passaram-se cerca de seis meses desde que nos reencontramos, Juliana e eu. Oi, tudo bem?; tudo e com você?. Também. Ótimo. Ótimo.
Juliana era a guria mais linda do colégio inteiro. Todos a conheciam. Era a Ju. Todos queriam fazer trabalhinhos com a Ju, andar no recreio com a Ju, comprar mirabel e dividir com a Ju, enfim. Eu, naquela época, gostava da Ju. Mas para mim era Juli. Sei, não era o apelido perfeito. Ju é muito mais legal. Nem é mais fácil de chamá-la de Juli, Ju era muito mais simples. Entretanto eu nunca a chamei. No caminho pro colégio eu murmurava Ju-li-Ju-li-Ju-li. A penúltima página do meu caderno estava repleta de Julis: Julijulijulijulijuli. Eu era um garoto na época, 12 anos e o único compromisso era brincar - lembro que nesse tempo, com essa idade, apenas brincávamos na rua e só - aliás, era esse compromisso e o de saber onde a Ju andava.
Pela manhã meus amigos e eu íamos para a aula e combinávamos o programa para a tarde que, invariavelmente, era futebol no campinho da rua. Deixa falar um pouco do campinho: era um antigo campo de futebol abandonado, ficava entre as casas da Dona Lúcia - que ficava brava quando a bola caia no seu terreno - e da Vó Nina. A Vó Nina era vó do Pablo que andava sempre com a gente, e ela aos finais da tarde nos servia ki-suco numa jarra marrom de plástico e... mas estou divagando; o campinho ficava metro e meio abaixo da altura da rua que, eu acho, antigamente servia de arquibancada para os jogos do Estudiantes, que era o nome do time dono da casa. Pois bem, tal terreno estava abandonado há décadas, até que resolvemos dar uma limpada no mato e pregar três troncos num lado e três troncos no outro de um retângulo imaginário, transformando-os em goleiras. Quando a gente jogava todos queriam levar a bola para a ponta direita pois lá era o único lugar onde tinha grama propriamente dita. Legal era quando chovia, aí a gente... bom, divago novamente. Queria dizer que era num campinho de terra que passávamos todas as nossas tardes jogando futebol.
Numa dessas tardes normais de fim de novembro, jogávamos três na linha e um no gol pra cada lado, o placar estava 7 a 4 prá eles, no tradicional e irrepreensível 5 vira e 10 acaba, quando, ao receber uma bola na lateral direita, vejo ela, Juli, parada na calçada observando o jogo. Na mão esquerda ela tinha um pirulito - pois nesse tempo não existia iphone, tablet, muito menos celular -, desses pirulitos que tem chiclete no meio; a bola escapou um palmo do meu alcance e ao tentar retomar a posse levei uma tranca do Pedro, que era grande e forte como pedra, e fui por metros deslizando com meu joelho no chão batido. Meio minuto engolindo as lágrimas já bastaram pra que eu levantasse e retomasse a partida. Normalmente eu faria uma cena, pediria para meus amigos me segurassem para não partir pra cima do Pedro, que era grande e forte como pedra, e ficaria enrolando para descansar um pouco. No entanto, não fiz essas coisas nessa tarde. Levantei-me e o jogo continuou. De canto de olho sabia que Juli ainda restava parada olhando o jogo. Olhando pra mim? Com mil escorpiões!!!, não pode ser!!
O jogo terminou. Perdemos de 10 a 6. Joguei feito um Léo Gago depois que Juli apareceu. Errei passes, não conseguia marcar, chutei duas vezes perto da casa da Dona Lúcia - que bufava quando a bola caia perto da casa dela -, e saímos derrotados. Juntamos a bola e nos sentamos perto da calçada. Ninguém falava nada. Geralmente era uma briga, discussões, procura de culpados e algumas vezes até vias de fato. Mas nessa tarde não. Eu achei que era porque a Vó do Pablo não tinha aparecido com o ki-suco. Ledo engano. Só podia ser por Juli. Com um pedacinho ainda da casquinha que fica protegendo o chiclete, do pirulito, ela estava ali nos olhando. Me olhando. Rubinho, que era pequeno como um pequenês, me fez um sinal e a molecada começou a me botar uma pressão. Levantei.
Levantei e me aproximei de Juli. Quinze metros nos separavam e eu já sentia o cheiro de tutti-fruti no ar. Mancava um pouco, mas nem sentia onde estava machucada minha perna. Oi, oi. Tu tá bem? Olhei prá baixo e vi minhas canelas marrons de terra e o joelho meio sangrando meio ralado: bem. Vim te ver. Hmm. Quer um pouco? Então ela estendeu sua mãozinha com o pirulito. Eu, que já não tirava os olhos do pirulito e da boca dela - acho que era só do pirulito - pois bem, eu que estava ali disse: hmzlhersmsairtertonhdfsrt, esorthjorseamoidster. Que, lógico, significava: Não, baby, não quero o pirulito. Vou te tomar em meus braços e te beijar. Ela me olhou nos olhos, se aproximando e sorrindo, me beijou. Uau!! Por toda a terra que havia em nosso campinho, ela me beijou. Mais uma lambida no pirulito e me perguntou: quer outro? hmzlhersmsairtertonhdfsrt, esorthjorseamoidster. Dessa vez fechei os olhos, fiz pose e esperei o beijo; e que beijo!! Depois disso ela apenas balançou o corpo, pulou o cordão da calçada me lançou um tiau e partiu.
Esorthjorseamoidster!!
Voltei tremendo as pernas. Todos os sete que restavam perto calçada, atrás da goleira, estavam pasmos. Não acreditavam no que tinha acontecido. Nada ainda havia sido dito. E nem seria. Sentei-me no meio dos moleques, do lado do Pedro, que era grande e forte como pedra, e ele apenas deu-me um tapinha na nuca e riu baixinho. A Vó Nina trazia nosso ki-suco, geladinho, dentro da jarra marrom, de plástico.
Seis meses atrás nos encontramos, eu e Juliana. Falamos algumas banalidades. Nada sério. Eu lembrei na hora desse dia - acho que ela não - mas nada falei dessa memória. Passamos vinte minutos, meia hora juntos. Ela disse que tinha que ir embora. Falou: Tiau! Eu: Esorthjorseamoidster!! Assim que ela entrou no carro e deu a partida eu dei um passo e senti meu joelho formigar. Ah, Juli, nesta noite, há seis meses atrás, voltei pra casa mancando, com o joelho meio sangrando meio ralado.
Juliana era a guria mais linda do colégio inteiro. Todos a conheciam. Era a Ju. Todos queriam fazer trabalhinhos com a Ju, andar no recreio com a Ju, comprar mirabel e dividir com a Ju, enfim. Eu, naquela época, gostava da Ju. Mas para mim era Juli. Sei, não era o apelido perfeito. Ju é muito mais legal. Nem é mais fácil de chamá-la de Juli, Ju era muito mais simples. Entretanto eu nunca a chamei. No caminho pro colégio eu murmurava Ju-li-Ju-li-Ju-li. A penúltima página do meu caderno estava repleta de Julis: Julijulijulijulijuli. Eu era um garoto na época, 12 anos e o único compromisso era brincar - lembro que nesse tempo, com essa idade, apenas brincávamos na rua e só - aliás, era esse compromisso e o de saber onde a Ju andava.
Pela manhã meus amigos e eu íamos para a aula e combinávamos o programa para a tarde que, invariavelmente, era futebol no campinho da rua. Deixa falar um pouco do campinho: era um antigo campo de futebol abandonado, ficava entre as casas da Dona Lúcia - que ficava brava quando a bola caia no seu terreno - e da Vó Nina. A Vó Nina era vó do Pablo que andava sempre com a gente, e ela aos finais da tarde nos servia ki-suco numa jarra marrom de plástico e... mas estou divagando; o campinho ficava metro e meio abaixo da altura da rua que, eu acho, antigamente servia de arquibancada para os jogos do Estudiantes, que era o nome do time dono da casa. Pois bem, tal terreno estava abandonado há décadas, até que resolvemos dar uma limpada no mato e pregar três troncos num lado e três troncos no outro de um retângulo imaginário, transformando-os em goleiras. Quando a gente jogava todos queriam levar a bola para a ponta direita pois lá era o único lugar onde tinha grama propriamente dita. Legal era quando chovia, aí a gente... bom, divago novamente. Queria dizer que era num campinho de terra que passávamos todas as nossas tardes jogando futebol.
Numa dessas tardes normais de fim de novembro, jogávamos três na linha e um no gol pra cada lado, o placar estava 7 a 4 prá eles, no tradicional e irrepreensível 5 vira e 10 acaba, quando, ao receber uma bola na lateral direita, vejo ela, Juli, parada na calçada observando o jogo. Na mão esquerda ela tinha um pirulito - pois nesse tempo não existia iphone, tablet, muito menos celular -, desses pirulitos que tem chiclete no meio; a bola escapou um palmo do meu alcance e ao tentar retomar a posse levei uma tranca do Pedro, que era grande e forte como pedra, e fui por metros deslizando com meu joelho no chão batido. Meio minuto engolindo as lágrimas já bastaram pra que eu levantasse e retomasse a partida. Normalmente eu faria uma cena, pediria para meus amigos me segurassem para não partir pra cima do Pedro, que era grande e forte como pedra, e ficaria enrolando para descansar um pouco. No entanto, não fiz essas coisas nessa tarde. Levantei-me e o jogo continuou. De canto de olho sabia que Juli ainda restava parada olhando o jogo. Olhando pra mim? Com mil escorpiões!!!, não pode ser!!
O jogo terminou. Perdemos de 10 a 6. Joguei feito um Léo Gago depois que Juli apareceu. Errei passes, não conseguia marcar, chutei duas vezes perto da casa da Dona Lúcia - que bufava quando a bola caia perto da casa dela -, e saímos derrotados. Juntamos a bola e nos sentamos perto da calçada. Ninguém falava nada. Geralmente era uma briga, discussões, procura de culpados e algumas vezes até vias de fato. Mas nessa tarde não. Eu achei que era porque a Vó do Pablo não tinha aparecido com o ki-suco. Ledo engano. Só podia ser por Juli. Com um pedacinho ainda da casquinha que fica protegendo o chiclete, do pirulito, ela estava ali nos olhando. Me olhando. Rubinho, que era pequeno como um pequenês, me fez um sinal e a molecada começou a me botar uma pressão. Levantei.
Levantei e me aproximei de Juli. Quinze metros nos separavam e eu já sentia o cheiro de tutti-fruti no ar. Mancava um pouco, mas nem sentia onde estava machucada minha perna. Oi, oi. Tu tá bem? Olhei prá baixo e vi minhas canelas marrons de terra e o joelho meio sangrando meio ralado: bem. Vim te ver. Hmm. Quer um pouco? Então ela estendeu sua mãozinha com o pirulito. Eu, que já não tirava os olhos do pirulito e da boca dela - acho que era só do pirulito - pois bem, eu que estava ali disse: hmzlhersmsairtertonhdfsrt, esorthjorseamoidster. Que, lógico, significava: Não, baby, não quero o pirulito. Vou te tomar em meus braços e te beijar. Ela me olhou nos olhos, se aproximando e sorrindo, me beijou. Uau!! Por toda a terra que havia em nosso campinho, ela me beijou. Mais uma lambida no pirulito e me perguntou: quer outro? hmzlhersmsairtertonhdfsrt, esorthjorseamoidster. Dessa vez fechei os olhos, fiz pose e esperei o beijo; e que beijo!! Depois disso ela apenas balançou o corpo, pulou o cordão da calçada me lançou um tiau e partiu.
Esorthjorseamoidster!!
Voltei tremendo as pernas. Todos os sete que restavam perto calçada, atrás da goleira, estavam pasmos. Não acreditavam no que tinha acontecido. Nada ainda havia sido dito. E nem seria. Sentei-me no meio dos moleques, do lado do Pedro, que era grande e forte como pedra, e ele apenas deu-me um tapinha na nuca e riu baixinho. A Vó Nina trazia nosso ki-suco, geladinho, dentro da jarra marrom, de plástico.
Seis meses atrás nos encontramos, eu e Juliana. Falamos algumas banalidades. Nada sério. Eu lembrei na hora desse dia - acho que ela não - mas nada falei dessa memória. Passamos vinte minutos, meia hora juntos. Ela disse que tinha que ir embora. Falou: Tiau! Eu: Esorthjorseamoidster!! Assim que ela entrou no carro e deu a partida eu dei um passo e senti meu joelho formigar. Ah, Juli, nesta noite, há seis meses atrás, voltei pra casa mancando, com o joelho meio sangrando meio ralado.
terça-feira, 15 de abril de 2014
Sobre Jackie R.
De um modo incomum conheci Jackie.
O mar estava calmo e, não fossem algumas poucas nuvens, o céu estava no seu azul mais bonito. Foi quando da água ela surgiu. De início achei que delirava, a mitologia fazia-se real aos meus olhos tal sereia exalando seus encantos. Mas foi completa mulher quem pisou na areia. Nem parecia pisar, flutuava apenas; um gingado sensual que estremece-me até quando agora escrevo. Languidamente curvou-se, tomou a toalha e começou a se secar. O mar parou. Uma era demourou-se nesse ato; o sol deve ter-se posto e retornado por milhares de séculos. Absorto nessa magia deixei-me ficar, embasbacado frente a essa pintura.
Minutos após - horas? dias? anos? - Jackie se aproximou. Meus olhos não conseguiram desviar-se, fitava seu dançar e seu meio sorriso perfeito. Com seus lábios semiabertos pronunciou seu nome: Jackie. Jaaaaaackie, assim mesmo com pares de 'as'. Não saberia, hoje, narrar se falei alguma coisa naquele momento. Entretanto foi quando seus dedos roçaram-me o braço que o chão sumiu sob meus pés. Ela era toda fogo! Eu era água; os líquidos do meu corpo principiaram a ferver e então evaporei. Não estava mais ali; sumiram-se os sons, as cores, os gostos, o tempo. Quando voltei a mim só vi ela indo-se e seus cabelos bailando ao vento.
Jackie. Jaaaaaackie!
Uma tarde de verão foi tudo que restou. Já é outono, mas consigo ainda sentir teus dedos na minha pele. Nada falei-te aquele dia; nunca ousarei falar-te outra vez. Sei que algumas paixões e amores podem durar um dia, um mês, diversos anos ou uma eternidade; aquele sentimento que experimentei teve a duração exata de um quebrar de onda.
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Sobre Virgínia O.
Noite dessas não conseguia dormir; rolava na cama e lembrava-me de Virgínia O..
Ah, Virgínia O.!
Lembrei-me de como passávamos nosso tempo juntos. Não havia promessas nem ilusões nem mentiras. Não fazíamos planos futuros, não tínhamos compromisso com nada além daquelas horas em que estávamos. Vivíamos apenas o presente. E ali apenas éramos. Um para o outro; tudo e nada. O fluir do tempo sem medo do que viria. Víamos a noite cair, a neblina cegar e o dia amanhecer; torcíamos para que naquele momento voltasse tudo: o dia amanhecer, a neblina cegar e a noite cair. E Virgínia O. sorria. Falava, ouvia, tremia, sussurrava.
Na despedida, nada em especial. Quem sabe nos encontraríamos, certeza que não. Mas nada disso importava...
Nunca mais vi Virgínia O..
Pouco importa. Sei que o que vivemos ninguém poderá nos tirar. Permanece a lembrança do tudo que pouco vivemos.
sexta-feira, 11 de abril de 2014
lentes
através dessas lentes
vejo a nitidez
do mundo a minha volta
as linhas são perfeitas
as cores têm seu lugar
nada se mistura, tudo se encaixa
verde, azul, vermelho
o cinza, o preto, o branco
os olhos, sorrisos
risos, faces, pessoas
lugares, paisagens
simetrias.
mas é ao tirar os óculos
que o verdadeiro mundo se revela
as cores misturam-se
caleidoscópio
ninguém me vê
e o que vejo
é o que quero ver
sem horizonte
sem limite
nada está programado
não há controle.
e mesmo assim
tu
eu diviso
vendado saberia
onde estás
quem és
e o bem estar
que me proporciona.
quarta-feira, 26 de março de 2014
O que é escrever? por Fernando Pessoa
Se ele diz, quem sou eu para contrariá-lo?
Achei uma bela e exata definição das causas pelas quais escrevo.
Olha aí, ó:
"Escrever é esquecer.
A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida.
A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana.
Não é o caso da literatura.
Essa simula a vida.
Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso."
Achei uma bela e exata definição das causas pelas quais escrevo.
Olha aí, ó:
"Escrever é esquecer.
A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida.
A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana.
Não é o caso da literatura.
Essa simula a vida.
Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso."
Saudade
Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já…
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida…
Saudade é sentir que existe o que não existe mais…
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam…
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
(Neruda)
é quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já…
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida…
Saudade é sentir que existe o que não existe mais…
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam…
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
(Neruda)
terça-feira, 25 de março de 2014
Dostoiévski - Notas do subsolo
Quem, a não ser Dostoiévski, consegue iniciar um livro assim?
Baita primeiro parágrafo de livro. Segue:
Capítulo I
O subsolo
“Sou um homem doente... Sou mau. Não tenho atrativos. Acho que sofro do fígado. Aliás, não entendo bulhufas da minha doença e não sei com certeza o que é que me dói. Não me trato, nunca me tratei, embora respeite os médicos e a medicina. Além de tudo, sou supersticioso ao extremo; bem, o bastante para respeitar a medicina. (Tenho instrução suficiente para não ser supersticioso, mas sou.) Não, senhores, se não quero me tratar é de raiva. Isso os senhores provavelmente não compreendem. Que assim seja, mas eu compreendo. Certamente, não poderia explicar a quem exatamente eu atinjo, nesse caso, com a minha raiva; sei perfeitamente que, não me tratando, não posso prejudicar os médicos; sei perfeitamente bem que, com isso, prejudico somente a mim e a mais ninguém. Mesmo assim, se não me trato, é de raiva. Se o fígado dói, que doa ainda mais.”
Trecho de: Dostoiévski. “Notas do Subsolo.” L&PM Editores. iBooks.
Este material pode estar protegido por copyright.
domingo, 23 de março de 2014
sensações
tudo acontece
apenas piscando os olhos
de vidros, reais
o que era apenas branco
colorido será
sorriso, riso, cabelos soltos
fumaça
não haverá
límpida imagem
movimento ondulante
teu corpo
de longe
um tempo
curto
de perto
tua voz
paralisa-me
criança serei
mulher de fogo
calor e ternura
deixe-me e
leve-me
leve como ar
respira-me, expira-me
como vento voltarei
em ti
brisa serei
apenas piscando os olhos
de vidros, reais
o que era apenas branco
colorido será
sorriso, riso, cabelos soltos
fumaça
não haverá
límpida imagem
movimento ondulante
teu corpo
de longe
um tempo
curto
de perto
tua voz
paralisa-me
criança serei
mulher de fogo
calor e ternura
deixe-me e
leve-me
leve como ar
respira-me, expira-me
como vento voltarei
em ti
brisa serei
quarta-feira, 19 de março de 2014
Adeus #final
Então ontem à tarde, depois de três anos juntos, tu foste de vez. Mas só tenho a agradecer pelos nossos momentos, viagens, quedas e sobrevidas. Foram lindíssimos e proveitosos dias. Mas a separação é iminente. Não tendo mais condições de escrever muito mais sobre isso, despeço-me de você HTC.
terça-feira, 18 de março de 2014
Adeus #3
Você lembra de quando escrevíamos juntos? Eram textos para o blog - que você insistia ficar corrigindo meus erros de português -, postagens nas redes sociais e trabalhos de aula? Fazíamos tudo isso juntos. E era divertido. Mas acho que você cansou disso tudo, pois nos últimos tempos não aguentava mais todo o tempo que eu gastava fazendo isso.. Não sei como será daqui prá frente; só sei que fácil não será.
Adeus #2
Foi com muito esforço e dispêndio de forças que consegui dormir ontem à noite. Fiquei por um tempo assistindo aos vídeos que fizemos juntos, as fotos que nós tiramos e as músicas que embalaram nossos muitos momentos. Restam-me poucas palavras para descrever tal momento.. Passam-se as horas e logo estaremos, de vez, separados.. Mas aproveite, fique um pouco mais..
Adeus #1
Nem chegou a hora, ainda, mas o sentimento já é de saudade. Foram tantos dias juntos; um atrás do outro; pouquíssimas vezes estivemos separados e, mesmo nessas horas, não consegui deixar de pensar em ti. Todas as horas que precisei tu esteve ao meu lado, me confortando com uma mensagem de carinho ou uma ligação inesperada. Fique apenas essa noite. Quem sabe mais um dia. Depois procuraremos novos caminhos, novas idéias, novos desafios.
segunda-feira, 17 de março de 2014
O mundo
deixe-me mostrar-te meu mundo
nem é meu todo ele
sou dono apenas do que vejo
o modo como vejo
as nuvens que parecem algodão
os pingos de chuva que caem na terra seca
o vento que bate no rosto
o riso de uma criança
dois velhos andando de mãos dadas
uma música tocando distante
um toque que faz arrepiar
o sol queimando na pele
que faz sentir a vida que corre no corpo
então sinto nas mãos
a terra molhada pela chuva
a areia no meio dos dedos do pé
o mar que conta segundos em suas ondas
a noite que chega e que vai
que deixa a lua brilhando
que esconde o dia nos seus braços
e faz, de novo, surgir o sol
por detrás dos montes
a flor que cresce pouco a pouco
a fruta que amadurece nos galhos
a água que escorre pelo corpo
a grama verde de um jardim
com suas bromélias nascendo e morrendo
venha!
venhas tu, também, comigo
bastará tu acenderes a luz
e mostrar-me como é o teu mundo
o mundo como tu vês.
nem é meu todo ele
sou dono apenas do que vejo
o modo como vejo
as nuvens que parecem algodão
os pingos de chuva que caem na terra seca
o vento que bate no rosto
o riso de uma criança
dois velhos andando de mãos dadas
uma música tocando distante
um toque que faz arrepiar
o sol queimando na pele
que faz sentir a vida que corre no corpo
então sinto nas mãos
a terra molhada pela chuva
a areia no meio dos dedos do pé
o mar que conta segundos em suas ondas
a noite que chega e que vai
que deixa a lua brilhando
que esconde o dia nos seus braços
e faz, de novo, surgir o sol
por detrás dos montes
a flor que cresce pouco a pouco
a fruta que amadurece nos galhos
a água que escorre pelo corpo
a grama verde de um jardim
com suas bromélias nascendo e morrendo
venha!
venhas tu, também, comigo
bastará tu acenderes a luz
e mostrar-me como é o teu mundo
o mundo como tu vês.
quarta-feira, 12 de março de 2014
Retorno
Então é simples assim: sem aviso prévio tu retornas como uma imagem na minha cabeça e trás contigo tudo que já houve entre nós? Esse tudo pode ser pouco ou quase nada. Mas a revolução que acontece dentro de mim e o sentimento que aflora é tão gigante que por momentos pareço perder o rumo. Quanto tempo faz? Nem conseguiria mais lembrar. Teu rosto se forma com uma facilidade incrível, teu cheiro ainda entra pelos buracos do meu rosto, teu toque é sentido no meu corpo inteiro e consigo sentir o roçar dos teus lábios nos meus. Em sonho converso contigo sobre tudo: o futuro, o presente, planos vindouros e banalidades; tua voz é inconfundível para mim. E ela soa como melodia aos meu ouvidos. Se tudo isso é real? Não sei. Só tenho certeza do bem que me faz sentir e do mal que me faz pela distância com que te vejo no dia-a-dia.
segunda-feira, 10 de março de 2014
500!! - Quinhentas!!
Mas que bah, tchê!! Não sei por qual motivo específico resolvi postar mais de uma vez no blog, hoje; então olho as postagens já feitas e descubro que a próxima - esta, no caso - seria a de número 500.
Então resolvi cancelar o texto, que seria original, e decidi agradecer as pessoas que desde sempre estiveram envolvidas nessa missão.
Não citarei nomes próprios, para não cometer o erro de, porventura, esquecer algum. Mas agradeço às pessoas que sempre me incentivaram a escrever; àquelas que tiram algum tempo do seu dia para acompanhar as bobagens que aqui posto; àqueles que mandam sugestões, críticas, elogios e afins; agradecimento aos meus corretores ortográficos (que sempre estão a postos); enfim a todas as pessoas envolvidas nos momentos por que passa a minha criação.
Fico muito grato a todos e espero que continuemos nos encontrando nessas paragens e garanto que já tenho vários novos textos para entreter as pessoinhas.
Ah, e eu posso muito bem surtar e decidir NUNCA mais escrever. Entretanto isso já aconteceu e foi apenas um momento sem inspiração e de ligeira decepção por que passei.
Aproveito para agradecer - e contabilizar - as mais de 30.000 visualizações que o blog atingiu e também aos antigos colaboradores desse espaço, que contribuíram para uma grande parte dessas quinhentas..
Abraços aos amigos e, novamente, muito obrigado.
Então resolvi cancelar o texto, que seria original, e decidi agradecer as pessoas que desde sempre estiveram envolvidas nessa missão.
Não citarei nomes próprios, para não cometer o erro de, porventura, esquecer algum. Mas agradeço às pessoas que sempre me incentivaram a escrever; àquelas que tiram algum tempo do seu dia para acompanhar as bobagens que aqui posto; àqueles que mandam sugestões, críticas, elogios e afins; agradecimento aos meus corretores ortográficos (que sempre estão a postos); enfim a todas as pessoas envolvidas nos momentos por que passa a minha criação.
Fico muito grato a todos e espero que continuemos nos encontrando nessas paragens e garanto que já tenho vários novos textos para entreter as pessoinhas.
Ah, e eu posso muito bem surtar e decidir NUNCA mais escrever. Entretanto isso já aconteceu e foi apenas um momento sem inspiração e de ligeira decepção por que passei.
Aproveito para agradecer - e contabilizar - as mais de 30.000 visualizações que o blog atingiu e também aos antigos colaboradores desse espaço, que contribuíram para uma grande parte dessas quinhentas..
Abraços aos amigos e, novamente, muito obrigado.
Medos
Antigamente - e, para mim, nem tão antigamente assim - eu tinha medo de muitas coisas: de fantasmas, de bruxas (e bruxos), do escuro, de zumbis, daquele monstrengo horrível que sairia do rio e atacaria a cidade toda e mais uma infinidade de perigos que porventura poderiam surgir. Eram medos infundáveis, mas nem por isso menos verdadeiros. Pesadelos que faziam-me dormir com as luzes do quarto acesas ou que faziam-me com que só saísse de casa acompanhado a certas horas do dia - ou da noite.
Agora conto-lhes que os medos continuam. Não aqueles medos de outrora que eram fantasiosos e irreais mas, sim, medos genuinamente perigosos. E de todos os que sinto há um agente em comum neles: AS PESSOAS. Pois é, sinto-me amedrontado pelo que as pessoas andam causando em si mesmas. O racismo, a homofobia, a violência gratuita, o mau tratamento das crianças, o desrespeito com os mais velhos, a ganância, a falta de educação, a impaciência com o próximo e tantas outras faltas gravíssimas que nos acometem, ficando difícil enumerá-las uma por uma.
Isso tem-me tirado o sono; tem feito com que o medo não permita-me que saia de casa a não ser com um ótimo motivo; tem feito com que a gente - mesmo sem querer - devolva na mesma moeda tudo que é praticado contra nós. Esse medo é bem real. E muitíssimo perigoso. Tem-me deixado com os nervos à flor da pele e com muita saudade dos medos de antigamente.
Agora conto-lhes que os medos continuam. Não aqueles medos de outrora que eram fantasiosos e irreais mas, sim, medos genuinamente perigosos. E de todos os que sinto há um agente em comum neles: AS PESSOAS. Pois é, sinto-me amedrontado pelo que as pessoas andam causando em si mesmas. O racismo, a homofobia, a violência gratuita, o mau tratamento das crianças, o desrespeito com os mais velhos, a ganância, a falta de educação, a impaciência com o próximo e tantas outras faltas gravíssimas que nos acometem, ficando difícil enumerá-las uma por uma.
Isso tem-me tirado o sono; tem feito com que o medo não permita-me que saia de casa a não ser com um ótimo motivo; tem feito com que a gente - mesmo sem querer - devolva na mesma moeda tudo que é praticado contra nós. Esse medo é bem real. E muitíssimo perigoso. Tem-me deixado com os nervos à flor da pele e com muita saudade dos medos de antigamente.
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Blocomeu 2014
Era uma vez.... um bloco... o bloco... galera às vezes reunida, mas sempre unida. Passavam meses, esperando o carnaval. Organizavam-se o ano inteiro, reuniões e mais reuniões, para celebrar, não simplesmente o carnaval, a parceria. Costelões, cervejadas.... histórias e estórias acumuladas que rendem muitas alegrias e papo furado prum bom tempo. O bloco dividou-se em três (?) épocas. A primeira, carnaval em três, simples. Era uma barbada.... um caixão, uma bandeira, uma cx de cerveja por noite, camisa feita em casa, manchada, borrada... lindas, e o bloco INTEIRO fazendo festa a noite inteira, o dia inteiro. o QG móvel, a bandeira, algumas tentativas de boneco-mascote que eram perdidos na primeira noite, na primeira hora. Seqüestravam a galinha-mascote na primeira noite e ela voltava pro bloco no último dia. A bandeira ajudava na chuva, no sol, uma coberta improvisada, passaram os anos e as bandeiras permaneciam presente a cada ano. Com o sucesso da primeira fase, amigos foram adicionados como estagiários que na terceira etapa foram promovidos e jamais tiveram sucessores, pois na terceira etapa estávamos com muitos participantes. Mais de 50 camisetas feitas... o carnaval era feito por nós, corríamos atrás... queríamos o carnaval... queríamos o carnaval em Marcelino... convidávamos todos os amigos... de várias cidades... e falávamos que aqui era o melhor carnaval, independente do que outros blocos achassem ou tentavam fazer achar.... na terceira etapa tivemos a divisão por pacotes... bebum completo, bebum casal, solteiro bebum, solteiro (Jesus salva) não me lembro.... um que não ia beber uma noite e queria desconto de 2 real... um que queria ia participar somente 2 noites, e queria pagar metade.... um, eram dois, e a mulher bebia menos, tinha que pagar menos... um não gostou da camiseta e não usou ela todas as noites, Tb queria desconto.... um não ia ficar acampado e ia beber menos cerveja que os outros porque, sei lá.... assim cada um tinha seu pacote praticamente... e as votações, para escolha da cerveja, da camiseta onde no final, os 3 eram que decidiam... mas a galera estava sempre envolvida e ativa no carnaval, o que nos da orgulho de ter movimentado essa festa em Marcelino por vários anos, e nos entristece de ver a sonolência de alguns nos dias de hoje..... mas o tempo passou e estamos cada vez mais distantes por km, mas nossa parceria jamais será esquecida e enfraquecida, pois o BLOCOMEU foi, é, e sempre motivo para nos encontrar e desfrutar de boas conversas, risadas e cervejas. Que alguns jovens tenham essa experiência de ter/ser um bloco e ser feliz como fomos nos carnavais.... Dale BLOCOMEU e um bom carnaval a todos os blocomanos, blocominas e afins!
Texto e imagem by Saules
Vídeos by Waltinho
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
Um passo à frente - #curtas
- Anda-se em círculos, dentro de casa. O mesmo caminho é feito e refeito várias vezes. Tira-se o fone do gancho e os números já vem à memória. No terceiro discado ouve-se o click de encerrado, de uma ligação que nem iniciou;
- O papel tudo aceita, já diziam. São inícios de textos, trechos incompletos, frases inacabadas, papéis amassados na lixeira ao lado da mesa e uma carta que nunca será enviada;
- Ela desbloqueia o celular, procura um nome na agenda; nem precisaria, pois nunca esqueceria tal número. Seleciona, começa a dedilhar as letras e, antes do send, a mensagem vai para os rascunhos;
- Ele entra no bar e logo a visualiza, encostada no balcão com o olhar perdido em pensamentos. Exita em chamá-la - será que lembrará? - nem pensa em se aproximar, passam-se horas e, apesar das pessoas, só tem olhos prá ela. Pede a conta, olha para ela uma última vez e alcança a calçada;
- Na estação ouve-se os destinos anunciados pela voz monótona dos alto falantes. Carros que vem e vão e nos letreiros algum lugar para se ir. Inerte, imóvel, bastando apenas dar um passo à frente, permanece, sempre com aquele medo de chegar.
- O papel tudo aceita, já diziam. São inícios de textos, trechos incompletos, frases inacabadas, papéis amassados na lixeira ao lado da mesa e uma carta que nunca será enviada;
- Ela desbloqueia o celular, procura um nome na agenda; nem precisaria, pois nunca esqueceria tal número. Seleciona, começa a dedilhar as letras e, antes do send, a mensagem vai para os rascunhos;
- Ele entra no bar e logo a visualiza, encostada no balcão com o olhar perdido em pensamentos. Exita em chamá-la - será que lembrará? - nem pensa em se aproximar, passam-se horas e, apesar das pessoas, só tem olhos prá ela. Pede a conta, olha para ela uma última vez e alcança a calçada;
- Na estação ouve-se os destinos anunciados pela voz monótona dos alto falantes. Carros que vem e vão e nos letreiros algum lugar para se ir. Inerte, imóvel, bastando apenas dar um passo à frente, permanece, sempre com aquele medo de chegar.
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Que noite!
Que noite, ontem à noite,
De volta ao começo
Que época especial pra mim
Pelo que me lembro, que noite!
Que noite!
Você sabe que eu nem sequer sabia seu nome
Mas eu nunca vou ser mais o mesmo
Que garota, que noite!
Eu tive um sentimento engraçado quando você entrou na sala
E, pelo que me recordo, terminou cedo demais
Oh, que noite,
Hipnotizante, hipnotizando-me
Você era tudo que eu sonhei que fosse
Doce lembrança, que noite!
Senti um ímpeto, como o rufar de um trovão
Forçando a minha cabeça e levando meu corpo para baixo
Que noite, que noite!
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Dor
Todas as noites, ao deitar na minha cama, fico com o pensamento em ti; pedindo que tenhas uma ótima noite de sono, que possa descansar, dormir feito uma criança e que eu possa sonhar contigo. Invariavelmente, surge-me durante os sonhos; de início apenas uma imagem indecifrável, ficando a cada momento mais nítida para mim. Então diviso teu corpo, percebo teu riso, sinto seu perfume, ouço sua voz.. Por segundos, que para mim tornam-se dias, horas, semanas, passeamos lado a lado, deitamos na grama observando as estrelas, sentamos perto um do outro a resolver os problemas do mundo, permanecemos com as mãos dadas sem medo do futuro e nossos olhos brilham a cada sorriso que nos surge. Beijamos-nos; um beijo de fogo, um beijo de terra, de água e de ar. Beijo esse já dado - ou apenas sonhado -, mas sempre de adeus. Lentamente desintegrando-se, vais; acordo; a decepção de não tê-la equipara-se ao prazer de vê-la novamente. Deixo fluir o que resta das horas do dia para que possa reencontrá-la. Já prevejo a dor. Sim, dor. Pois apesar de te ganhar todas as noites, mesmo em sonho, te perco todas as manhãs ao acordar.
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
Conto
A cabeça semiabaixada, os olhos vidrados num texto qualquer em cima da classe, postura relaxada - como não se preocupasse com nada a sua volta. Lentamente a mão esquerda toca seus cabelos presos num rabo-de-cavalo. No movimento sensual de vai-e-vem seus dedos enrolam-se em alguns fios de cabelo e ali permanecem por um tempo infindável. Com uma técnica apurada - que só das mulheres poderia brotar - a mão agarra esse maço de fios e, paulatinamente, os vai enrolando sobre eles mesmos. Um simples coque aparece vagarosamente; e, na mesma velocidade com que foi construído, a mão retorna para cima da mesa.
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