domingo, 31 de maio de 2015

De volta ao começo

Então depois de 5, 6 anos escrevendo aqui no blog retorno ao que era antes.

De início ninguém acompanhava, escrevia para mim, com total liberdade e sobre qualquer coisa que quisesse.

Depois começaram os compartilhamentos no facebook e afins. Instaurei-me uma auto-pressão. escrevi textos relativamente bons, outros nem tanto. Mas ao final apenas o que conseguia escrever era direcionado. Tornou-se um muro onde pendurava cartas que nunca enviaria. Um diário que relatava os angustiantes dias que passava. E nada mais era natural.

Então decidi-me largar as redes sociais. Decidi-me que precisava de um tempo pra mim e para meus textos.

Continuarei escrevendo aqui. Pra mim.

Só pra mim.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Maybe

A noite que não dormi

Esta noite não consegui sonhar com você. Nem consegui ao menos sonhar. Pois não consegui dormir. O quê me fez rolar na cama por uma noite inteira já lhe conto. É que já faz um tempo que penso em você todas as horas do meu dia. Tudo que faço, faço pensando em você: no que você me diria, o que você acharia, se concordaria ou discordaria de mim. E faz, de verdade, muito tempo que estou assim. Você também, invariavelmente, aparece nos meus sonhos e é bom. Te vejo e crio cenas que ficam apenas na minha cabeça. No entanto nesta noite que passou eu não consegui dormir. Fiquei pensando nos beijos que deste em outras pessoas. Não tive ciúmes - este sentimento não é um privilégio meu - o que senti foi inveja. Assim como invejei a noite silenciosa que te abraça ao dormir; invejei da mesma forma com que fiquei bravo com o anjo que lhe guarda durante seus sonhos; senti o mesmo da brisa que beija-lhe o rosto ao acordar. E assim foi a noite que passei. Nesta manhã apareceu o sol e nem ele tirou de mim a sua imagem. Desejo apenas que ela fique até o final desta próxima noite.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

A ganhadora do sorteio 'Clube da Luta'



Conforme prometido, realizado e -agora - entregue está aí a ganhadora do livro que sorteei no blog. 

Apesar de ter sido um sorteio imparcial e idôneo, fiquei muito feliz por essa guria ser a ganhadora. Ela sempre tem uma palavra sobre as postagens; uma crítica, uma dica, uma risada... E, por isso tudo, ela foi merecedora. 

Parabéns, Kely!!!!

Espero que goste do livro, continue acompanhando, sendo essa fiel seguidora (hahahahahaha) e baita amiga de fé. 

E aguardem as próximas postagens e, quiçá, o próximo sorteio. 

O louco - Gibran Khalil Gibran


 
   Perguntais-me como me tornei um louco. Aconteceu assim:
 
   Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas - as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas - e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando: "Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"
 
   Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim. 
 
   E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: "É um louco!"  Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua. 
 
   Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: "Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!"
 
   Assim me tornei louco. 
 
   E encontrei tanto a liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós. 

domingo, 24 de maio de 2015

Como chuva


de início um calor
um abafamento
o corpo, assim como o céu
fica estranho

o sol se esconde
outro tempo se faz

venta muito
árvores, folhas,
flores, cabelos
tudo se move
menos os minutos

tu chegas
vagarosamente
dominando tudo o que vejo

como num banho
purificas o ar
lava as ruas
e meu espírito

permanece por uma noite inteira
com sua música
seus tons, seus sons
quando voz: canta

então amanhece

e assim como chuva
parte tua fica
na minha rua,
na minha janela,
nas minhas roupas
e dentro de mim

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Daniel na cova dos leões - Legião Urbana


Aquele gosto amargo do teu corpo
 Ficou na minha boca por mais tempo.
 De amargo, então salgado ficou doce,
 Assim que o teu cheiro forte e lento
 Fez casa nos meus braços e ainda leve,
 Forte, cego e tenso, fez saber
 Que ainda era muito e muito pouco.

Faço nosso o meu segredo mais sincero
 E desafio o instinto dissonante.
 A insegurança não me ataca quando erro
 E o teu momento passa a ser o meu instante.
 E o teu medo de ter medo de ter medo
 Não faz da minha força confusão.
 Teu corpo é meu espelho e em ti navego
 E eu sei que a tua correnteza não tem direção.

Mas, tão certo quanto o erro de ser barco
 A motor e insistir em usar os remos,
 É o mal que a água faz quando se afoga
 E o salva-vidas não está lá porque não vemos.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Troca

E ao longo da vida a gente percebe que tudo são trocas. Aquele tênis surrado e confortável é trocado por um novo, que se tornará o melhor já usado. O carro que para tantos lugares e viagens te levou, dá lugar para um modelo melhor, com vidros elétricos e câmbio automático. Aquela camiseta preta que você usou num show de rock, vira uma camisa listrada cheia de botões. Até a banda de rock você, às vezes, acaba substituindo. Sabe aquele livro favorito? Outro virá; mais clássico ou mais moderno, não importa. Essas são suas paixões. E, assim como elas, seus sentimentos também mudam. Aquela pessoa que te tirou o sono, que te fez sonhar, que te faria correr o mundo; uma hora deixa de ser. Aí aparece outra e você sente o mesmo. Não é o mesmo erro, nem mesma história, nem nada. É apenas você sendo o mesmo. E isso ninguém que pode trocar em você. 

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Silêncio

Fazia silêncio na minha rua. Era noite alta, um vento gélido batia contra a janela. Pelo vidro eu via as folhas sendo levadas aleatoriamente pela rua. Nem um sinal de vida. Diferente do que acontecia dentro de mim. Mesmo parado, a minha cabeça fora transformada pelo turbilhão de informações e imagens. Lembranças, saudades, momentos, desejos... Minha alma inquieta não refletia a quietude da noite, pelo contrário. Meu olho, mal refletido na janela, não era um espelho do que eu era. Ele brilhava e agonizava; ria e chorava; desistia e continuava. Tanto fiquei que nem me dei conta do tempo que passava. Quando vi estava prestes a amanhecer. E foi no momento de maior escuridão da madrugada que percebi, ao fundo do reflexo, teu olho no meu, com as mesmas aflições que atormentavam a minha existência.

domingo, 17 de maio de 2015

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Voltando a ser criança

E quando a gente se apaixona no colégio? Sim, aquelas paixões de criança, inocente, sem maldade. Um gostar por gostar. Nem sabemos direito o que é. Vemos alguém no primeiro dia de aula do primário - aquela menina com xuquinhas no cabelo; o menino que não para de falar durante a aula - e nasce algo novo dentro do peito. Aquela vontade de estar junto. Chamar a atenção de qualquer maneira. Vocês então dividem o lanche, trocam desenhos um com o outro, trocam empurrões e abraços, seguram firmes nas mãos na hora de fazer fila. São momentos únicos. E chega também aquela hora que você fica todo errado, querendo dizer o que sente e não consegue falar. Chega até a se afastar para ser notado ou para que tudo isso passe - e não passa. Talvez você levará para o resto da vida aquele sentimento inexplicável e também levará dentro de si aquela pessoa que fez você sentir pela primeira vez seu coração bater mais forte. Então seguimos nossa vida achando que sentimento igual nunca aparecerá. Nos desviamos do que realmente interessa e nossos valores tornam-se outros. No entanto - por incrível que pareça - algumas pessoas podem resgatar esses sentimentos a muito adormecidos dentro do nosso ser. São pessoas que fazem o mundo transformar-se ao nosso redor. Tal qual a primeira vez, isso nos deixa meio bobos, meio crianças, inseguros. Não somos mais donos de nós mesmos. Volta aquela vontade de apenas estar perto, de querer chamar a atenção para ser notado. Convida para um chopp no centro, um cinema. Trocam presentes, mensagens e discutem por coisas banais; ficam dias sem falar um com o outro. Você também sente um receio de falar com a pessoa, de estar sozinho com ela, medo de falar algo errado, medo até de que algo bom aconteça. Por quantas vezes a gente arrisca? E nessas horas nem um passo à frente. Esse sentimento nem chega a ser ingênuo, ele apenas é inocente. Muitas vezes platônico, em outras nem revelado. Por um tempo voltamos a ser criança, esperando ser notado ou para que tudo isso passe - e não passa.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Do amoroso esquecimento - Mário Quintana

Eu agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?


Mário Quintana in Espelho Mágico