quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Não esqueça

Eu quero te ouvir quando me contar seus problemas e dúvidas, quando se entrega por dentro e por fora. Pois o amor é muito estranho, não é mesmo? Mesmo quando danço sozinho imagino se você ainda pensa em mim. Lá fora o mundo segue a girar; o sol nasce a cada dia e a chuva continua caindo, mas algumas coisas mudam. Essa mudança, mesmo lenta, pode nos separar. Se nos encontrássemos um tempo depois será que ainda me reconheceria? Será que chamaria meu nome na rua? A sensação que tenho é que seremos livres e felizes no final disso tudo. E que se fores embora, realmente, desejo que não esqueça de mim.

domingo, 1 de janeiro de 2017

Medos

Foi o medo que o impeliu a sair de dentro de casa. As paredes já não suportavam mais o que havia dentro dele; sentia que o teto pudesse a qualquer momento desabar por sobre toda angústia nele enclausurada. Nas ruas o medo não pareceu amainar. Tantas pessoas que iam e vinham e seguiam suas vidas e não havia ninguém. Com a respiração atingindo seu limite e o suor misturando-se a uma lágrima em sua face, andou o máximo que pode. Apesar de seu medo de altura descobriu-se encostado no parapeito do último andar do prédio mais alto da cidade - como chegara até ali? Tudo se confundia na sua cabeça. Mesmo parado seu coração acelerava e a respiração não diminuía. Com mais medo do que nunca sentira antes não conseguiu ouvir a primeira vez que seu nome foi chamado. Ao se virar pode ouvir seu nome pronunciado nitidamente, mais uma vez. Com a mão estendida percebeu o tremor da mão dela, o batimento descompassado do seu coração, a boca semiaberta e, no fundo do olhar pálido, um brilho prestes a explodir. Soube no momento que, partilhando seus medos, enfrentariam tudo que o desconhecido os pudesse trazer.