quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Sentidos

No meio da madrugada, sobressaltado, acordei. Tateei a cama inteira; cacei peças de roupa debaixo do travesseiro; respirei fundo procurando o perfume; chamei o nome - uma vez, duas, três vezes. A luz do abajur ligada trouxe-me sombras, em vez de clareza; quanto mais escondia muito mais me esperançava. Nos cômodos da casa apenas o eco da voz (a minha?). Sentado na cama recordei que minutos atrás nossos olhares se cruzavam, assim como nossos dedos, braços e pernas. Afagávamos um ao outro e nos afogávamos em beijos. Sentíamos a dependência e medo algum de não sermos um só. No meu peito fizeste moradia, no teu encontrei um lar. A felicidade que senti deu lugar a tristeza de nada disso ser realidade. Pelo vidro da janela percebi então: os sentidos que haviam em mim caíam lá fora em forma de chuva.