quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

K. AAA


Esta manhã acordei meio sobressaltado. Como costumeiramente acontece, frases brotaram na minha cabeça acerca de sonhos, pensamentos e acontecimentos de minha vida. Então comecei a formular algumas frases, que juntas dariam início a mais alguma postagem aqui no blog.

Nunca sei, logo de saída, o que ele se tornará; pode ser um poema, um diálogo, uma cena, uma imagem, um texto. Dessas frases soltas, procuro algumas emendas (que recorrentemente saem melhores que as originais) e então vou dando forma ao que eu gostaria de expressar. O que aconteceu nesta manhã foi que houveram algumas frases, soltei-as no papel e tentei dar forma. Teve um princípio de soneto, entretanto não tenho técnica para escrever um. Logo tornou-se um poema. Lutei com os versos, com as frases, procurei rimas, sonoridades, palavras; o que saiu fui um nada dizendo coisa nenhuma. O que eu queria dizer estava ali, no entanto faltou 'algo mais'. Já havia percebido isso, faltava-me uma segunda opinião.

Então eis que surge K, recém nomeada AAA (Assessora para Assuntos Aleatórios). Digo RECÉM NOMEADA, mas o cargo há tempos havia sendo ocupado por ela. Dela sempre surgem palavras que me ajudam a perceber o que está faltando ou sobrando quando escrevo (é,,, às vezes me apresso e K só vê quando já é tarde demais). O que mais gosto é sua opinião e o debate que temos quando das minhas publicações.

Foi isso que ocorreu essa manhã. Enviei o poema para ela aguardando os comentários. Foi a própria que me falou sobre o 'algo mais' que faltava, teceu mais alguns questionamentos e ajudou-me decidir a deixar aquela postagem de lado por enquanto, até que amadureça a ideia, me acostume melhor com o tema e, futuramente, se conseguir driblar os excessos, publicar da melhor forma possível.

Sou muito grato a toda ajuda que ela me proporciona.
Aproveito, também, para desculpar-me pelas coisas horríveis que ela tem que ler para me ajudar a escrever aqui.

Thank you, K.

p.s.: esta postagem saiu sem a prévia aprovação da AAA.

* Seu nome está sendo preservado em função de garantir a segurança da colaboradora.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Quem sabe - Florbela Espanca

Eu sigo-te e tu foges. É este o meu destino:
Beber o fel amargo em luminosa taça,
Chorar amargamente um beijo teu, divino,
E rir olhando o vulto altivo da desgraça!

Tu foges-me, e eu sigo o teu olhar bendito;
Por mais que fujas sempre, um sonho há de alcançar-te
Se um sonho pode andar por todo o infinito,
De que serve fugir se um sonho há de encontrar-te?!

Demais, nem eu talvez, perceba se o amor
É este perseguir de raiva, de furor,
Com que eu te sigo assim como os rafeiros leais.

Ou se é então a fuga eterna, misteriosa,
Com que me foges sempre, ó noite tenebrosa!
............................................
Por me fugires, sim, talvez me queiras mais!

Trecho: A Guerra dos Tronos - George R. R. Martin - As crônicas de gelo e fogo

" - Por que lê tanto?

Tyrion ergueu os olhos ao ouvir aquela voz. Jon Snow estava a alguns pés de distância, olhando-o com curiosidade. Fechou o livro sobre um dedo e disse:

- Olhe-me e diga o que vê.

O rapaz olhou-o com suspeita.

- Isto é algum truque? Vejo você. Tyrion Lannister.

Tyrion suspirou.

- Você é notavelmente gentil para um bastardo, Snow. O que você vê é um anão. Você tem o quê? Doze anos?


- Catorze - disse o rapaz.

- Catorze, e é mais alto do que alguma vez serei. Minhas pernas são muito curtas e tortas, e caminho com dificuldade. Necessito de uma sela especial para não cair do cavalo. Uma sela de minha própria concepção, talvez te interesse saber. Era isso ou montar um pônei. Meus braços são suficientemente fortes mas, uma vez mais, demasiado curtos. Nunca serei um espadachim. Se tivesse nascido camponês, provavelmente teriam me expulsado para que morresse, ou vendido para a coleção de aberrações de algum negociante de escravos. Mas, ai de mim! Nasci um Lannister de Rochedo Casterly, e as coleções de aberrações são das mais pobres. Esperam-se coisas de mim. Meu pai foi Mão do Rei durante vinte anos. Aconteceu que mais tarde meu irmão matou esse mesmo rei, mas minha vida está cheia dessas pequenas ironias. Minha irmã casou-se com o novo Rei e o meu repugnante sobrinho será rei depois dele. Devo cumprir minha parte pela honra de minha Casa, não concorda? Mas como? Bem, poderei ter as pernas pequenas demais para o corpo, mas minha cabeça é grande demais, embora eu prefira pensar que tem o tamanho certo para minha mente. Possuo um entendimento realista das minhas forças e fraquezas. A mente é a minha arma. Meu irmão tem sua espada, o Rei Robert, o seu martelo de guerra, e eu tenho a mente... e uma mente necessita de livros da mesma forma que uma espada necessita de uma pedra de amolar se quisermos que se mantenha afiada. - Tyrion deu uma palmada na capa de couro do livro - É por isso que leio tanto, Jon Snow."

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Hj

Hoje preciso de um bom banho,
um pouco de música,
um filme ruim
e um travesseiro sobrando.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Cenas

CENA I
(à porta da casa dela)

- Vim aqui apenas para te ver.
- (...)
- E dizer que amo-te.
- (...)
- Queria ao menos mirar mais uma vez teus olhos, do jeito que os meus
ainda estão.
- E como eles estão?
- Brilhando, a cada vez que te veem.
- Por que 'ainda'?
- Porque sei que assim que não puder mais te ver, tudo mudará. Você
mudará e eu também.
- Capaz. Ficaremos do mesmo jeito.
- Tu até pode ficar, entretanto eu... Não gostaria mais de estar aqui.
- Queria estar onde?
- Aqui (leva seu dedo até a têmpora dela), mas principalmente aqui
(baixa o dedo à altura do coração).

* * *

CENA II
(encontram-se na fila do cinema)

- Que bom te ver!
- Pois é, quanto tempo.
- Muito.
- Filme? (pergunta idiota!)
- Sim.
- (...)
- (...)
- (...)
- Vou indo, minha sessão vai começar.
- Ok. A gente se fala.
- Beijo.

Quando ele consegue mover seus pés não há mais ninguém ali. E ela não
vira uma vez para trás. Olha o bilhete e decide trocar por um do Woody
Allen.

* * *

CENA III
(ele sentado à beira do lago, ela chega)

- É tarde.
- (...)
- Perdi uma vida procurando o que sempre esteve do meu lado.
- Eu tentei a busca, mesmo sabendo onde estaria.
- Há tempo para nós?
- Meu olhar anuviou-se. Já não tem o mesmo brilho.
- Não conseguirei fazer-te feliz?
- Conseguirá. Eu que serei metade do que fui. E isso não basta.
- Para mim basta.
- Não há mais tempo.
- (...)
- Lembra quando eu disse:'Amo-te'? Naquele tempo se dissestes uma
palavra eu esperaria. Hoje digo-te apenas: 'A morte, eu espero'.

--
1berto

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Não é fácil - Marisa Monte




Não é fácil
Não pensar em você
Não é fácil
É estranho
Não te contar meus planos
Não te encontrar

Todo dia de manhã
Enquanto tomo meu café amargo
É, ainda boto fé
De um dia te ter ao meu lado

Na verdade eu preciso aprender
Não é fácil, não é fácil

Onde você anda
Onde está você
Toda vez que saio
Me preparo pra talvez te ver

Na verdade eu preciso esquecer
Não é fácil, não é fácil

Todo dia de manhã
Enquanto tomo meu café amargo
É, ainda boto fé
De um dia te ter ao meu lado

O que eu faço
O que posso fazer?
Não é fácil
Não é fácil

Se você quisesse ia ser tão legal
Acho que eu seria mais feliz
Do que qualquer mortal

Na verdade não consigo esquecer
Não é fácil
É estranho

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Retrato

Eu costumava fotografá-la.

Uma maneira de gravar sua imagem longe da memória.

Naquele tempo tinha medo de esquecê-la, que um dia chegaria e não
pudesse recordar seu rosto e que não lembrasse de mim.

Hoje vi uma foto sua.

O porta retrato empoeirado, com o vidro quebrado e as lembranças, todas, também.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Meio beijo

Um meio beijo pode ser melhor que um beijo inteiro.

Um beijo roubado, talvez proibido, quase escondido.

Um olho no olho, um braço encaixado,

Um passo de dança.

Uma nova esperança.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Visão

Vejo você chegando, parece flutuar na calçada.
Seus cabelos balançando ao vento,
acompanhado do doce cheiro de seu perfume.
Ah! Que linda maravilha de se ver.
Perco-me todo, fico errado, quase calado.
Não sei o que dizer nem como agir.
Tremem-me as mãos, falham-me as pernas.
Em pensamento, gritam-me poemas, frases e declarações;
Flui, apenas, um breve 'olá'.
Falaste-me muito, quem sabe pouco;
perdi-me em reflexões.
Quando foste, fiquei.
Embasbacado, parecendo um idiota,
comendo bolacha e tomando Coca-Cola.

1berto

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Legião Urbana - Giz

E mesmo sem te ver
Acho até que estou indo bem
Só apareço, por assim dizer
Quando convém aparecer
Ou quando quero
Quando quero

Desenho toda a calçada
Acaba o giz, tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol que a chuva apagou
Quero que saibas que me lembro
Queria até que pudesses me ver
És parte ainda do que me faz forte
E, pra ser honesto,
Só um pouquinho infeliz...

Mas tudo bem
Tudo bem, tudo bem...
Lá vem, lá vem, lá vem
De novo...
Acho que estou gostando de alguém
E é de ti que não me esquecerei.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Zé Ramalho - Beira Mar

Zé Ramalho, sua poesia e sua musicalidade.

Beira Mar

Eu entendo a noite como um oceano
Que banha de sombras o mundo de sol
Aurora que luta por um arrebol
Em cores vibrantes e ar soberano
Um olho que mira nunca o engano
Durante o instante que vou contemplar

Além, muito além onde quero chegar
Caindo a noite me lançou no mundo
Além do limite do vale profundo
Que sempre começa na beira do mar
É na beira do mar

Olhe, por dentro das águas há quadros e sonhos
E coisas que sonham o mundo dos vivos
Há peixes milagrosos, insetos nocivos
Paisagens abertas, desertos medonhos
Léguas cansativas, caminhos tristonhos
Que fazem o homem se desenganar
Há peixes que lutam para se salvar
Daqueles que caçam em mar nebuloso
E outros que devoram com gênio assombroso
As vidas que caem na beira do mar
É na beira do mar

E até que a morte eu sinta chegando
Prossigo cantando, beijando o espaço
Além do cabelo que desembaraço
Invoco as águas a vir inundando
Pessoas e coisas que vão se arrastando
Do meu pensamento já podem lavar
Ah! no peixe de asas eu quero voar
Sair do oceano de tez poluída
Cantar um galope fechando a ferida
Que só cicatriza na beira do mar
É na beira do mar

sábado, 2 de fevereiro de 2013

A uma rapariga! - Florbela Espanca


Abre os olhos e encara a vida! A sina
Tem que cumprir-se! Alarga os horizontes!
Por sobre lamaçais alteia pontes
Com tuas mãos preciosas de menina.

Nessa estrada da vida que fascina
Caminha sempre em frente, além dos montes!
Morde os frutos a rir! Bebe nas fontes!
Beija aqueles que a sorte te destina!

Trata por tu a mais longínqua estrela,
Escava com as mãos a própria cova
E depois, a sorrir, deita-te nela!

Que as mãos da terra façam, com amor,
Da graça do teu corpo, esguia e nova,
Surgir à luz a haste duma flor!...
ENJOY THE SILENCE