segunda-feira, 23 de junho de 2014

Sobre nossa existência

Com o passar dos dias, a gente passa a acreditar ou desacreditar em verdades que julgamos inabaláveis.

Eu, por exemplo, nunca fui de acreditar em destino ou pensar que tudo já está definido para todo o sempre; mas nos últimos tempos tenho pensado que nossa existência é um eterno círculo. Perceba: falo de EXISTÊNCIA e não de VIDA. Esta última creio ser apenas um grão de areia na nossa infinita praia da existência.

Percebo que tudo invariavelmente se repete, com encontros, desencontros, chegadas e partidas. E assim, desde sempre estivemos ligados, tu e eu.

Quantas vezes repetiremos a primeira vez que nos fitamos, olho no olho?

Uma vez apenas grunhiámos, sem palavras pronunciadas - a fala era sequer imaginada - caçando juntos por nossa própria sobrevivência; em outra estávamos batalhando em lados opostos - sangrando e expirando, um na lâmina do outro; certa feita fui vida em teu ventre; em outra foste semente dentro de mim; por vezes apenas nos encontramos; em outras nos amamos e sofremos sem um fim que nos mantivesse juntos.

Hoje entendo que sempre estivemos ligados. Por vezes tu percebeste e eu não consegui reconhecer; em outras soube quem tu eras no primeiro contato e tu seguiste sem o final que eu esperava.

Nesta que estamos, sei desde sempre que o brilho no teu olhar é para mim, que teu sorriso completa-me sem que outro ouse ofuscá-lo, sei que estou desde o início das eras ligado a tua alma.

O que não sei é se em ti isso é o mesmo.

Se não for, esperaremos.

Esse círculo um dia se completa. Então não precisaremos mais retornar. Desceremos um rio, sem turbulência, sem destino, só nós dois - até um mar que nos manterá seguros para o fim da nossa existência. 

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Venha

Venha,
não tenha medo!
Continue visitando-me
em sonhos
nas noites, frias
e solitárias.
Acordo e imagino
você ao meu lado
levanto e vago sem rumo
na janela
paisagens
o escuro da noite
o frio da madrugada.
Toca-me a brisa,
neblina gelada
que faz-me lembrar e
depois esquecer:
Que teu fui,
teu já sou,
teu sempre serei.