segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Goodbye cruel world - Pink Floyd


Goodbye cruel world
I'm leaving you today
Goodbye
Goodbye
Goodbye
Goodbye all you people
There's nothing you can say
To make me change
My mind
Goodbye

Despedida - Postagem final

Venho através desta postagem comunicar que será - definitivamente - a última.

Sim, a última postagem publicada.

E escrevi um enoooorme texto tentando justificar - ou ao menos tentar explicar - os motivos, razões e circunstâncias para essa atitude. Mas no fim das contas vi que não há nada específico. Apenas o encerramento de um ciclo. Tudo tem começo, meio e fim. E o fim chegou. Continuarei escrevendo, entretanto não mais nesse meio. Agradeço aos amigos que colaboraram com as postagens, às pessoas que acompanharam meus devaneios e a todos que de alguma forma incentivaram e criticaram meus textos.

Finalizo com algumas dicas extremamente importantes para todos nós:

- Não deixes faltar lenha, no inverno;
- O inferno nem é tão longe, aliás, acho que é aqui;
- Faze o que tu queres;
- Quando fizer a fase 'Just business' do GTA San Andreas, tenha um skill alto da Micro SMG;
- Cachorro que come ovelha, só matando;
- Para chegar em Coronel vá por cima;
- Banana previne a fadiga muscular;
- Toca Raul!!;
- Tequila toma-se pura, com pequenos goles, e não com sal e limão no vira-vira;
- Um bom time tem um goleiro experiente, uma zaga segura, dois laterais rápidos, volantes marcadores, meio-campo habilidoso e centroavantes precisos - o técnico pode ser até o Celso Roth;
- Tarantino motherfucker é o diretor de cinema mais foda de todos os tempos;
- Seu Cuca foi no mato, caçar tatu. O tatu saiu da toca e comeu seu Cuca foi no mato...
- Todo o dia é dia de Rock, bebê;
- Se você encontrar uma pedra no caminho, faça o retorno e e procure uma via asfaltada;
- Coloque o LP 'The dark side of the moon', do Pink Floyd, em uma vitrola e mantenha pausado no ínicio; coloque o filme 'O mágico de OZ', no videocassete; dê o play no vídeo - sem som - e assim que o leão da MGM rugir pela terceira vez solte o pause do disco. Caraaaa!!! Garanto que vai ser muito louco!;
- Tiveumsonhoirpránovaiorklevaranamorada-a-a;
- O fóton é a partícula elementar mediadora da força eletromagnética. O fóton também é o quantum da radiação eletromagnética (incluindo a luz). O termo fóton foi cunhado por Gilbert N. Lewis em 1926. Fótons são bósons e possuem Spin igual a um. A troca de fótons (virtuais) entre as partículas como os elétrons e os prótons é descrita pela eletrodinâmica quântica, a qual é a parte mais antiga do Modelo Padrão da física de partículas. Ele interage com os elétrons e núcleo atômico sendo responsável por muitas das propriedades da matéria, tais como a existência e estabilidades dos átomos, moléculas, e sólidos.
- Acho que o Ulysses Guimarães foi assassinado. O PC Farias também. O Tancredo Neves inclusive. E certamente o Amarildo.
- Não se pode fumar em locais fechados, mas escutar funk, sem fones, no busão tá valendo, né?;
- O mundo era bom. Aí inventaram o Cheetos bolinha;
- Eduardo Costa foi um volante do Grêmio. É o nome de um cantor sertanejo. E também era o nome de um sobrinho de um vizinho meu que morava em Lebon Régis;
- O PIB per capita da Antígua e Barbuda em 2009 foi de US$ 17,308;
- O Bozo era um palhaço legal. Apesar de, ou por causa de;
- A coisa mais interessante que a Globo/RBS produziu certamente foi o choque do Lasier;
- Quando topares com um Graxaim não corras;
- Por quê a gente calça a bota e bota a calça?;
- Playstation 4 a R$ 4000,00?? Assim não dá, Dilma!!;

e encerrando, a última dica:

- Dias melhores virão!

Abraço a todos e espero que nos encontremos pelas esquinas desse mundo.

Escreve-me - Florbela Espanca


Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d'açucenas!


Escreve-me! Há tanto, há tanto tempo
Que te não vejo, amor! Meu coração
Morreu já, e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d'oração!


"Amo-te!" Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d'amor e felicidade!


Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então... brandas... serenas...
Cinco pétalas roxas de saudade...

Jéssica Rose - Cascavelletes

Jessica Rose, vai viajar pro interior
Para casar com um marujo tatuado, dublê de ator
Jessica Rose, gosto do teu negro humor
Do teu shortinho de jeans enfiado, rattle 'n' roll


Jessica Rose, Jessica Rose
Jessica Rose, Jessica Rose

Jessica Rose, todo dia de manhã
Eu como ovo mexido pensando no meu talismã
Jessica Rose, eu queria te amarrar
Numa cadeira de cimento e depois te lançar no mar


Jessica Rose, Jessica Rose
Jessica Rose, Jessica Rose

Jessica Rose, vai viajar pro interior
Para casar com um marujo tatuado, dublê de ator
Jessica Rose, eu queria te amarrar
Numa cadeira de cimento e depois te lançar no mar

Jessica Rose, Jessica Rose
Jessica Rose, Jessica Rose

Nome é Jessica Rose
Garota Jessica Rose
Menina Jessica Rose
Amante Jessica Rose

Jessica Rose, Jessica Rose
Jessica Rose, Jessica Rose

Vamo lá, legal, todo mundo
É isso aí, legal, eu a amava tanto
Deixa assim, legal, fica assim

Shakira - Hips don´t lie (Rock in Rio - 2011)

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Carta aberta ao Coração

Não, coração,

não te apaixones pela mesma pessoa novamente. Tu fizeste isso mais de uma vez. Consegues lembrar de como ficamos ao final? Lembras de todo sofrer por que passamos? E das lágrimas choradas, da alma dolorida e das noites em claro? Eu consigo lembrar, porque guardo imagens e momentos.

Tu não! Tu não vê, tu não guarda, tu apenas sente.

Apaixone-se, vez ou outra, por alguém impossível. Aquela pessoa que vemos apenas uma vez andando na rua e depois nunca mais encontramos; aquela pessoa que nem ao menos sabe que existimos e nos ignora até para um simples 'olá'; aquela pessoa que longe mora e nunca está fisicamente ao nosso lado; ou aquela pessoa que se aproxima, troca algumas palavras, sorri e depois nos deixa com mil idéias e pensamentos. Por essas aí, coração, pode-se apaixonar.

Mas não pela mesma pessoa.

Pertences a mim. Bates por mim. Não faça-me agonizar. Sinto-te, também, diminuto quando sofro. Percebo a diferença do teu pulsar, não-ritmado, quando uma lágrima brota em meus olhos. Sei também, amigo, que posso não estar ajudando muito. Sempre em busca dos mesmos olhares, sorrisos e vozes. Queria apenas provar-te que podemos encarar o mundo e não ter com o que temer. Mas é nessas horas que você bate mais forte.

Façamos um trato então: não busco mais nada que possa fazer com que tu osciles e, na impossibilidade disso, tu trates de não bater mais forte. Não apertes meu peito nem fervas meu sangue. Gele-se, congele-se, empedre-se. E então juntos encontraremos alguém impossível para ser nossa nova paixão platônica.

ass: eu

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Louco, louco

As minhas palavras tem ficado só no papel. De lá elas não poderão sair. Quem sabe cheguem aos seus olhos algum dia. Mas esse dia não é hoje. Só sei que se esse meu buscar seu olhos, sentir seu cheiro, clamar sua presença e não te esquecer um minuto sequer, for nada: Então só posso estar enlouquecendo.

Uma ligação especial

Eis que estava no intervalo entre uma aula e outra - bah, gosto muito de começar um texto com a expressão 'eis que' mesmo que a concordância esteja errada - e recebo um SMS de uma pessoa que há muito não tinha contato. Poderia falar o tempo que decorreu entre a última vez e esta, entretanto entregaria as idades e esse não é o meu objetivo. Tal mensagem dizia apenas: 'Tu tá na aula? Posso te ligar?'. Nossa!! Tremi na base, sem demora respondi afirmativamente e aguardei. Ao primeiro som das nossas vozes não aguentamos, rimos demais. Conversamos sobre o tudo e o nada. Em pouco tempo - a mim pareceu muito pouco - falamos sem parar. Contamo-nos coisas um sobre o outro e rimos mais; lembramos de algumas coisas do passado e rimos muito muito mais. Foi como se esse lapso de tempo não houvesse modificado em nada nossa grande amizade. Conseguia visualizar, apesar da distância e da frieza do telefone, uma imagem nítida do que sempre fomos. O tempo não faz esquecer. Nem queria esse efeito. Parecíamos que éramos os mesmos de sempre; e tenho certeza que a essência de uma verdadeira amizade tem esse tipo de poder, de não deixar que se perca no passar dos dias tudo que há de bom dentro de um e de outro. Foram apenas alguns minutos, mas não conseguirão por dias e dias tirar esse riso bobo do meu rosto.

Obrigado, Karine.

Espero muito mais desses tipos de atos. Simples mas verdadeiros.

Desejo também a todos que tenham a mesma experiência, para que possam sentir a mesma alegria que sinto agora.

Pegue seu telefone e faça sua parte.

30 dias sem Facebook - Considerações

Depois de quase um mês que abandonei meu Facebook, tenho algumas considerações a fazer acerca disso:

- Sobra-me muito tempo livre para interagir com as pessoas 'reais';
- Consigo ler um livro inteiro sem ser interropido por um som de notificação;
- A bateria do meu celular aumentou sua autonomia em 4 vezes;
- Não vejo tanta gente descontente como me faziam crer;
- Consigo estar - e somente ali - com meus amigos assando uma costela e tomando uma cerveja;
- Incrivelmente consigo saber que a segunda vem depois do domingo - sem que alguém precise me avisar que ela chegará;
- Também consigo antever a chegada da sexta-feira - coisa que achei que não saberia sem ser avisado;
- Redescobri que olhar no olho de uma pessoa durante a conversa vale mais que qualquer emoticon digitado;
- Evito de saber o que nunca quis saber.

Entretanto sinto falta de algumas coisas, como conversar com meus colegas da Turma 2008/2 ou com os 'Éramos 6' - que na verdade eram 8 (Alô AS, FEB, GZS, JC, JFM, JG, RHM), mas aí lembro que é só pegar o telefone e discar; combinar algo e de repente se encontrar, então tudo se resolve.

Finalmente o que mais me faz sentir falta das redes sociais - e nem refere-se ao Facebook - é do tempo do Orkut, a Comunidade do 'Vô não vô'. Essa falta, sim, provoca-me calafrios e tremedeiras ao longo do dia.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Oh, mulher!


Oh mulher de pernas e braços
de suspiros, de beijos, de abraços
de olhos pintados, boca, traços
de vestidos, cabelos, de laços

Oh mulher de relações e amores
de paixões, carinhos, de dores
de querer, não-querer, de favores
de lágrimas, risos, tremores

Oh mulher de sons e volumes
de brilhos, de cores, vagalumes
de canções, histórias, costumes
de altos, de baixos, perfumes

Oh mulher de coração e sofrimentos
de ficar, não-ficar, de lamentos,
de beijar, de estar, de momentos  
de sonhos, de vida, tormentos

Oh mulher, de existência sem-fim
de água, de terra, jardim
de fruta, de flor, de jasmim
de nascer, de surgir, só pra mim

Seguindo em frente

Eu tentei. De diversas maneiras tentei ser ouvido. Minhas maneiras,
lógico. Certas ou erradas, eram minhas. Não surtiram efeito. Você não
soube o que me dizer; nunca soube. Aliás nem tenho certeza de que algo
deveria ser dito. Estou tranquilo comigo mesmo e é isso o que importa
agora. No futuro espero não ser cobrado de nada. Nem gostaria de ver
teus olhos marejados novamente. A estrada se mostra à frente. Andemos,
caminhemos, trilhemos; cada um seu próprio caminho. Se nosso destino
novamente nos unirá? Que venha o futuro.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Poema

Olha só o que esse poeta escreveu!!!!
Nossa, demais!!

A valsa - Casimiro de Abreu

Tu, ontem,
Na dança
Que cansa,
Voavas
Co'as faces
Em rosas
Formosas
De vivo,
Lascivo
Carmim;
Na valsa
Tão falsa,
Corrias,
Fugias,
Ardente,
Contente,
Tranqüila,
Serena,
Sem pena
De mim!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...

Valsavas:
— Teus belos
Cabelos,
Já soltos,
Revoltos,
Saltavam,
Voavam,
Brincavam
No colo
Que é meu;
E os olhos
Escuros
Tão puros,
Os olhos
Perjuros
Volvias,
Tremias,
Sorrias,
P'ra outro
Não eu!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...

Meu Deus!
Eras bela
Donzela,
Valsando,
Sorrindo,
Fugindo,
Qual silfo
Risonho
Que em sonho
Nos vem!
Mas esse
Sorriso
Tão liso
Que tinhas
Nos lábios
De rosa,
Formosa,
Tu davas,
Mandavas
A quem ?!

Quem dera
Que sintas
As dores
De arnores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas,..
— Eu vi!...

Calado,
Sózinho,
Mesquinho,
Em zelos
Ardendo,
Eu vi-te
Correndo
Tão falsa
Na valsa
Veloz!
Eu triste
Vi tudo!

Mas mudo
Não tive
Nas galas
Das salas,
Nem falas,
Nem cantos,
Nem prantos,
Nem voz!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!

Quem dera
Que sintas!...
— Não negues
Não mintas...
— Eu vi!

Na valsa
Cansaste;
Ficaste
Prostrada,
Turbada!
Pensavas,
Cismavas,
E estavas
Tão pálida
Então;
Qual pálida
Rosa
Mimosa
No vale
Do vento
Cruento
Batida,
Caída
Sem vida.
No chão!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
Eu vi!

sobre nada

Escrevi muito nesses últimos dias. Tudo ficou no papel. Engraçado que meus textos ficam muito melhores na minha cabeça do que depois que são passados a limpo. Acontece. Não sou um escritor. Leio muito e a cada autor diferente que pego surpreendo-me da capacidade intelectual de cada um deles. Fico nas minhas leituras recentes: George. R. R. Martin, autor das Crônicas de Gelo e Fogo; Tolkien e seus Senhor dos Anéis e o Hobbit; Bukowski, Misto quente e Pulp; Nelson Rodrigues e sua incomparável obra A vida como ela é. Não, não estou me comparando, nem conseguiria chegar aos pés desses caras. O que quero dizer é que eles escrevem muito. Nos envolvem com suas histórias complexas, com sua narrativa, seus personagens e seus mundos. Continuarei lendo. Aliás, já escrevi por essas bandas que sou um ótimo leitor. Me contento com isso. Sigo assim. E, quem sabe, às vezes largarei por aqui algum texto novo. Ou você receberá algum deles, novamente, em casa. E estes, podem não ser os melhores, mas certamente serão os mais verdadeiros (cit. às fls...).

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Morrer, viver, suportar, padecer

Morro
A cada momento um pouco
Agonizo
Sofro
Choro
Rio

Vivo
Tentando esquecer
Imagino
Penso
Fantasio
Enlouqueço

Suporto
Apenas te ver
Tremo
Enraiveço
Acalmo
Continuo

Padeço
Com essa indiferença
Durmo
Sonho
Acordo
Morro

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Dos fanatismos

Revolto-me, todos os dias, ao ler as mídias impressas e virtuais. A cada hora do dia sinto-me mais impressionado com a quantidade de problemas que o fanatismo gera para a humanidade.

Falo do fanatismo em qualquer escala. Condeno todos eles: o fanatismo racial-étnico, o ideológico-político, o religioso, o sócio-econômico, o clubístico - vê se pode? - e tantos outros que possam existir.

As notícias invariavelmente tratam de agressões tanto morais como físicas; há casos de morte!! Somos seres humanos iguais em sua constituição, somos semelhantes; no entanto não somos iguais entre nossos pares. Nos diferenciamos de outras espécies animais pela capacidade de pensar. Capacidade essa que nos permite uma infinidade de possibilidades para cada coisa que possa acontecer.

Agora, obrigar uma pessoa a seguir algo que achamos o correto ou tentar fazê-la pensar e agir como achamos que seja o certo, está errado. Não pode existir.

Citarei exemplos - comuns, diários - de como esse tipo de atitude está frequentemente presente no nosso cotidiano.

Tomemos um esporte, poderia ser qualquer um, mas foquemos no futebol. O cidadão torce para um time, sempre teve afinidade com um clube e dirige-se ao estádio para acompanhar de perto sua equipe. Ao aproximar-se do local encontra um bando de torcedores de outro clube - é incrível como o fanatismo aumenta quando se está em grupo - e então inicia-se as ofensas verbais culminando com a violência explícita. Pior quando isso ocorre na presença de crianças e mulheres.

E o fanatismo religioso? Nem citarei a realidade de nosso país/região, que sabe ser intolerante com quem não crê no que a maioria acha ser o caminho certo a seguir. Falo dos conflitos no oriente médio e em todas as outras regiões do mundo que estão em guerra pelo simples fato de acreditarem, umas e outras, em entidades diferentes. Crianças morrem, mulheres são violentadas/estupradas e homens são convocados para guerras que, às vezes, nem sabem de que lado estão.

Nessa busca pelo poder e pelo que consideram ser a verdade absoluta, muitos esquecem que cada um tem sua própria verdade. Cada cabeça é um jeito de pensar. Temos o livre arbítrio - contanto que não ofendamos o livre arbítrio alheio - de pensar e de fazer o que quisermos.

Os grandes prejudicados nesse intenso conflito são aqueles que não tem nada a ver com o assunto. São pessoas normais, comuns, que tem seus pensamentos e suas próprias certezas mas que não obrigam os outros a pensarem do mesmo jeito que elas. Sabem que existem diversas maneiras de se pensar e viver. Aceitam as diferenças e sabem conviver com elas. Afinal, se todos fossemos iguais, que chatice seria.

Então a revolta com coisas assim cresce em mim e fico cada dia mais doente. Tenho vontade de obrigar as pessoas a pensarem do jeito que eu penso e que deixemo-nos livres para ser o que bem entender.

Estou bem fissurado nessa situação. Creio que está virando obsessão.

Condenem-me!

Sou um fanático contra o fanatismo.

Oscar Wilde

"Por detrás da alegria e do riso, pode haver uma natureza vulgar, dura e insensível. Mas por detrás do sofrimento, há sempre sofrimento. Ao contrário do prazer, a dor não usa máscara."

- 'Behind joy and laughter there may be a temperament, coarse, hard and callous. But behind sorrow there is always sorrow. Pain, unlike pleasure, wears no mask.' -

Extraído da obra 'De profundis'

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Naquela noite

Então naquela noite você veio
Eu apenas esperava
Nem sabia o quê
Fitava o vazio
Ouvia o silêncio

Então naquela noite você veio
Quanto tempo atrás?
Nem lembrava a última vez
Mentira! Lembrava
Nunca conseguiria esquecer

Então naquela noite você veio
Abraçou-me forte
Beijou-me os lábios
Sorriu uma vez
Pouco durou

Então naquela noite você veio
Não disse se era saudade
Nem se iria ficar
Senti seu olho no meu
Seu calor também era meu

Então naquela noite você veio
E na mesma noite partiu
Seria sonho meu?
Não, sonho não foi
Só sei, eu, quantas vezes sonhei

A semana. Lição de vida. Facebookcídio.

Semana corrida. Aula, trabalho, aula, trabalho...

Mas foi bem produtiva.

Quanto mais temos a fazer, menos coisas ruins pensamos. A cabeça trabalha melhor, tudo flui bem e até as noites são melhores ao dormir.

Meu pequeno estava de aniversário quarta-feira (21), a festa para os coleguinhas de aula foi na terça (20) então teve todo aquele ritual,, pastéizinhos, docinhos, cachorrinhos, bolo e afins. O gigante ganhou um monte de presentes e estava muito faceiro. Quem diria!! O magrão já fez 6 anos!!!

O meu início de fim de semana não foi dos melhores. Logo no sábado de manhã, por motivos alheios a minha vontade, não pude ir à aula. Mas pouco depois tive uma das melhores lições que pude ganhar em toda minha vida. Eu estava sentado no sofá de casa, com o notebook nas mãos, fuçando e viajando na internet quando o Vicente, citando Tolkien, me olha e diz assim:

- Bilbo Bolseiro, o mundo não está nos seus livros e mapas. O MUNDO ESTÁ LÁ FORA!

Olhei bem para o guri e concordei, silenciosamente, com ele.

Redescobri, através de uma citação proferida pelo peque, que a vida não gira em sites e redes sociais. A sua rede social está lá fora. Com as pessoas que são suas amigas; com aqueles que você pode contar; com os que se propõe a sair e curtir, mesmo um dia de inverno, na sua companhia.

Cometido o facebookcídio - sim, desliguei-me do mundo criado pelo Mark - fui para a rua. Encontrei os amigos e tive um sábado perfeito. Churrasco, cervejinhas, massa com galeto, futebol na TV e muita risada.

O domingão foi bem tradicional, aquela costela de almoço e o resto do dia inteiro em família. Nada melhor que tudo isso para recarregar as baterias e iniciar uma nova semana cheia.

E assim termino este post sem começo meio e fim.

Nos vemos por aqui.

Às vezes.

Nem sempre.

Pode ser que eu esteja vendo o mundo lá fora.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Futuro?!

O que é futuro? Presente ou passado? Acho que são meros nomes que damos aos períodos de nossa vida, ou uma desculpa do tempo.

Todo mundo pensa no futuro, mas, e se esse ele nunca chegar? E não estamos aproveitando o presente e nem entendendo o passado. Estamos cegos buscando o tal "futuro" onde seremos felizes, teremos uma vida perfeita, um amor ao lado (pra vida toda), uma casinha branca com janelas marrons e um lindo jardim, um cachorro...

Mas será que já não somos felizes?! Não temos uma vida perfeita?!

Estamos vivos e temos saúde!

Porra, o que mais precisamos?!

Temos família, amigos, trabalho, problemas, frustrações e muitos mi mi mi's, mas estamos vivos...

E se o futuro nunca chegar?

Você está satisfeito com sua vida e como o que está fazendo dela?

Se a reposta for SIM: parabéns e continue, mas, se for NÂO: mude! Faça algo por você, porque se você não fizer ninguém o fará.

O único responsável pela sua felicidade é você mesmo...

Vamos parar de responsabilizar os outros e fazer a nossa parte, afinal, ninguém calça seus sapatos e percorre teu caminho, o jeito é acordar pra vida e fazer de tudo para ser feliz, valorizar o tempo e aproveitá-lo!

Por R.S.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Até breve, Bródi!

Neste fim de semana, mais precisamente no domingo, fui surpreendido com uma notícia que deixou-me deveras abalado: o falecimento de meu grande amigo Sérgio Linsenmayer de Araújo - Biodiesel.

Conhecemo-nos por acaso, numa dessas andanças que fazem com que as pessoas se aproximem. Gostei de cara do seu papo e de sua experiência de vida. Passamos muito tempo juntos, onde podíamos trocar nossas idéias e devaneios sobre qualquer coisa. Gostava da sua eloquência ao falar sobre a vida, sobre teorias da conspiração, sobre músicas, filmes e livros. Gostávamos até de ficar zoando sobre o nada.

Lembro muito bem da manhã que ocorreu o incêndio na Kiss, em Santa Maria; ele estava numa outra cidade - nem sei em qual -, então meu telefone toca e do outro lado da linha era o Bio, querendo saber notícias da minha irmã; pois sabia que ela estava em Santa Maria e queria saber se tinha ido àquela festa. Este tipo de cuidado e preocupação eram típicos dele. Tanto comigo como pelos meus irmãos. 

Mas agora o nosso 'Tio' não estará mais entre nós. Eu vou guardar para sempre todas as coisas que ele me falou. Afinal, havia muita genialidade e sabedoria em tudo o que dizia. Entretanto, como é próprio desses seres diferenciados, foi por muitas vezes incompreendido. Levarei para sempre os ensinamentos e a sabedoria que pude beber dele.

Não sei onde está agora; nem sei se há o agora para ele, no entanto, se houver, ele estará certamente flutuando no espaço olhando pelos 'bródis'.

Siga em frente!

Logo mais nos encontraremos.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Malagueña Salerosa - Chingon

Belíssima música que integra a trilha sonora do excelente 'Kill Bill'
dirigido pelo Quentin Tarantino. (Aliás todas as trilhas sonoras de
filmes dirigido por ele são sensacionais. Dignas de um espaço no seu
playlist)

Segue a letra:

Que bonitos ojos tienes
Debajo de esas dos cejas
Debajo de esas dos cejas
Que bonitos ojos tienes.

Ellos me quieren mirar
Pero si tu no los dejas
Pero si tu no los dejas
Ni siquiera parpadear.

Malaguena salerosa
Besar tus labios quisiera
Besar tus labios quisiera.
Malaguena salerosa
Y decirte niña hermosa.

Que eres linda y hechicera,
Que eres linda y hechicera
Como el candor de una rosa.

Si por pobre me desprecias
Yo te concedo razon
Yo te concedo razon
Si por pobre me desprecias.

Yo no te ofrezco riquezas
Te ofrezco mi corazon
Te ofrezco mi corazon
A cambio de mi pobreza.

Malaguena salerosa
Besar tus labios quisiera
Besar tus labios quisiera.
Malaguena salerosa
Y decirte niña hermosa.

Que eres linda y hechicera,
Que eres linda y hechicera
Como el candor de una rosa.
Y decirte niña hermosa.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Versinho

Foram feitos um pro outro
Batiam num só coração
Ele morreu na guerra
Ela morreu de paixão

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Boa companhia

Ontem no caminho de ida e volta da faculdade, via ônibus, pude
desfrutar de dois prazeres: a leitura do 5º volume d'As crônicas de
Gelo e Fogo - A Dança dos Dragões ao som da discografia de Jefferson
Airplane.

Nada melhor que o desfrute de um ótimo livro na companhia de uma
belíssima trilha sonora.

Recomendo os dois.

Ao mesmo tempo.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Voo

As noites tendem trazer à tona os mais diversos tipos de sentimentos.
Quando deita-se na cama milhares de pensamentos afloram; às vezes leva-se um grande tempo para que o sono venha. 
Então ele vem. 
Na mente divagam sonhos intermináveis, impossíveis e que nos deixam com uma sensação de passividade frente a tantos obstáculos que nos surgem. 
Nesse momento, sobressaltado, acordei.
Lembrei de sua imagem em meu sonho. Visão privilegiada. Tentei recuperar cada traço de seu ser.
E, acordado, voei.
Partindo de onde estava pousei em sua janela. Através do vidro contemplei-a no seu descansar. Bela face angelical. Não havia maldade, pecado ou dor. Seus olhos fechados não esboçavam qualquer reação. Seus lábios, à Mona Lisa, despertavam-me os desejos.
Abusando de minha posição adentrei seu quarto. Ao parar ao seu lado um calafrio percorreu seu corpo. Pareceu-me que sentia minha presença. Lentamente levei minha mão ao seu lençol e puxei-o, cobrindo-a toda.
Você sorriu.
Nem abriu os olhos; nem movimentou qualquer parte do corpo; apenas sorriu.
E voltou aos sonhos.
Parte emocionado, parte angustiado, retornei.
Voltei ao início.
Quarto solitário, cama vazia, coração apertado.
Tentarei dormir novamente.
Ou voar para onde estiver você.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Baudelaire - Poema

" Todas as belezas contêm...
alguma coisa de eterno e alguma coisa de transitório
- de absoluto e de eterno.
A beleza absoluta e eterna
(digamos entre parênteses, o ideal clássico)
não existe...
O elemento particular de cada beleza
vem das paixões
e como temos as nossas paixões particulares
também temos a nossa beleza. "

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Esperança

Havia, ao menos, a esperança de ver teu brilhante sorriso. De ouvir a voz que saía dos teus lábios e de toda a alegria que de ti brotava.

Foram poucos momentos; breves, completos, intensos. Mas deixaram a vontade de querer um pouco mais.

Te olhava de longe. Teu olhar carregado mirava o vazio. A face parecia serena, entretanto achava que havia algo mais ali.

Quando nos aproximamos tive a certeza. Pelo tom da tua voz não sabia se era enfado, decepção ou apenas tristeza. Seu corpo falava, as palavras não me chegavam, só via seus lábios se movendo.

Fechei meus olhos, aproximei-me, te peguei em meus braços e te calei com um beijo.

Longo beijo que durou horas. Pude sentir teu gosto no meu, teu cheiro que me invadiu, teu calor que me aqueceu.

Quando meus olhos abriram percebi que não havíamos nos movido. Tu ainda falavas; palavras que já sabia que dirias.

Embriagado com tua presença, soube que tal beijo foi apenas um delírio. Um sonhar sem um agir.

Ficarei para sempre com a imagem de meu laço em teu corpo. O eco de sua fala em minha cabeça. Teus olhos semi-abertos em direção ao nada.

Foste. Eu ainda estou aqui. O pouco que resta é um resquício da esperança de ver teu brilhante sorriso mais uma vez.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Sobre o Vicente, O Hobbit e o despertar da leitura

Estou passando por um pequeno 'problema'.

Meu irmão, Vicente, tem quase 6 anos. Ainda não sabe ler mas é uma das pessoas mais espertas, ligadas e interessadas que eu já conheci. Desde cedo sempre fizemos muitas coisas juntos, temos uma ligação fortíssima (apesar dos 25 anos que nos separam) e ele tem forte identificação com as coisas que faço.

Devido a essa ligação, ele sempre se interessou pelo que assisto, leio ou escuto. Numa dessas foi que ele, vendo-me assitir à trilogia 'Senhor dos Anéis', começou a assitir também.

Desde então assitimos muitas e muitas vezes aos filmes da série.

Durante nossas divagações, eu disse a ele que os filmes foram baseados em livros, que os livros eram melhores (em quase 100% das adaptações eles são) e que antes de haver o 'Senhor dos Anéis' existia um outro livro, um pouco menor, mas de qualidade inquestionável: 'O Hobbit'.

'O Hobbit' é o livro que antecede os acontecimentos que ocorrem em 'O Senhos dos Anéis'. A maioria das pessoas (assim como eu) teve um contato inicial apenas com a primeira trilogia; sendo que ela não é de difícil compreensão, entretanto muitos fatos são plenamente esclarecidos no livro anterior (que remeterão a outro ainda, anterior, que é 'O silmarillion' mas aí já é outra abordagem).

Entremeio esses debates e discussões eis que foi lançado o primeiro filme do que veio a se tornar outra trilogia,'O Hobbit', de título 'Uma jornada inesperada'.

Aí começaram os 'problemas'.

Foi uma missão durissíma encontrar o DVD desse filme; aí quando consegui encontrá-lo, foram noites e noites a fio assitindo ao mesmo. Hoje quando colocamos (ao menos uma vez por semana) já conhecemos as falas, as músicas e todos os personagens.

Mas faltam ainda duas partes do filme!

Dias atrás vieram os questionamentos acerca do desenrolar da história: 'como a história termina?', 'como o filme se encontra com o 'Senhor dos Anéis?'; mas o pior momento foi quando desenvolveu-se o diálogo:

- Hum, quando vão lançar o segundo filme?
- Em dezembro.
- Quando é dezembro?
- Quando termina a tua aula e vem o Natal.
- Mas em que dia vou poder assitir?
- Entre o fim da tua aula e o Natal.
- Mas é longe!!!!!!

E a choradeira pegou. E não era apenas choro; era sofrimento, soluços e na face da criança via-se a curiosidade aflorando com todas as forças.

Naõ havia nada que eu conseguisse fazer para estancar as lágrimas do pequeno, então num momento de extremo brilhantismo (ou desespero para ver cessar tal sofrer) me saí com essa:

- Tu sabe né, peque, que tem o livro...
- Mas eu ainda não sei ler... (mais choro!!!)
- Eu leio prá você. Um capítulo por noite.

CONSEGUI!!

Cessou-se o choro com uma proposta matadora.

Agora, todas as noites, leio um pedaço d'O Hobbit' para o Vicente.

No entanto o mais legal disso tudo é que entre os comentários que fazemos o 'meu gigante' se sai, eventualmente, com essa:

- Não vejo a hora de aprender a ler. Aí nem você nem ninguém vai ter que ler prá mim. E também vou poder escolher o livro que quiser. Até os mais grandões!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Tudo mudar - Charlie Brown Jr.

Quando eu vi você quase não acreditei
Nem vi você mudar, nem vi você crescer, mas
Nunca te imaginei assim
Quando me aproximei mal sabia o que falar
Nem vi você mudar, nem vi você crescer, mas
Nunca te imaginei assim...

Como pode tudo mudar
Em um segundo, nem pensar
Não vou voltar atrás, agora é assim que vai ser

Difícil acreditar que depois de tanto tempo
Eu iria me ligar em você, não posso acreditar
Quando me aproximei mal sabia o que falar
Nem vi você mudar, nem vi você crescer, mas
Nunca te imaginei assim...

Como pode tudo mudar
Em um segundo, nem pensar
Não vou voltar atrás, agora é assim que vai ser

Tudo Mudar
Tudo Mudar
Tudo Mudar
Tudo Mudar

Estive pensando em me mudar
Sem te deixar pra trás
Resolvi pensar em nós
Vou te levar daqui

Tudo Mudar
Tudo Mudar
Tudo Mudar
Tudo Mudar

Como pode tudo mudar
Em um segundo, nem pensar
Não vou voltar atrás, agora é assim que vai ser.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Tantas e tantos

Com tantas cartas e "bilhetes" que te escrevi, e não os enviei, conseguiria fazer uma enorme fogueira que, quem sabe, chamaria sua atenção.

Com tantas palavras que tenho para te dizer, e não as pronunciei, falaria por dias inteiros até que minha voz lentamente se esvaíssse.

Com tantos sonhos que tive, e não os realizei, preencheria tantas noites de sono quanto fosse possível imaginar.

Com tantos abraços, tentados e não dados, abraçaria o mundo de uma só vez.

Com tantos beijos imaginados sofrerei, por não dá-los mais uma vez.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

De números e beijos

Era noite alta. O vento e o frio davam de encontro a janela e só faziam aumentar a sensação de infelicidade. No rádio, os Cascavelletes cantavam Lobo da estepe e a solidão aumentava.

Então ela abriu a porta, cruzou o corredor e adentrou meu quarto.

Sua visão fez meus olhos brilharem. Aproximando-se lentamente deitou ao meu lado e fitou-me intensamente. Via que os seus olhos estavam marejados, que era um olhar de despedida; mas que era um olhar sincero.

Durante longo tempo permanecemos falando tudo que havia entre nós, entretanto nem uma palavra fora pronunciada. Eu queria ter algo a dizer. Quando tentei, dois dedos tocaram-me os lábios silenciando-me novamente. De sua boca ouvi:

- Fale-me de números.

Não entendi. O que ela queria dizer com números? Ora números! Esboçando uma tentativa de falar fui interrompido:

- Conte-me os números.

Sorrindo aquele riso seu, aquele riso que só ela tem, riso inocente, riso confortador, riso meu; iniciei:

- Um..

Nossos lábios lentamente se tocaram. Um beijo único, tal e qual o primeiro. Junto dele vieram as imagens, lembranças do passado, o sentimento que eu carregava dentro de mim e uma torrente de emoções.

- Dois..

Um beijo que incendiou. Beijo que deu vida própria a nossas mãos, braços, pernas e corpo. Longo beijo.

- Três..

- Quatro..

- Cinco..

- Seis..

Beijos de paixão. Beijos de amor. Beijos de saudades. Beijos com vontade.

Nesse lapso de tempo nos amamos. Apenas os números foram pronunciados. Nada mais foi dito. Tudo estava implícito.

- Sete..

Beijo de despedida. Beijo salgado de lágrimas. Sem choro. Sem rancor. Sem medo.

- Oito.

E era o beijo do adeus. Beijo de obrigado. Beijo de fique bem sempre.

Displicentemente ela levantou-se, não sem meio segundo de hesitação. Dirigindo-se lentamenta à porta, quase parou. Olhando seu rosto de perfil, percebi um mínimo de tristeza; o que ela transportava era muito maior: serenidade e certeza.

Assim fiquei, por horas, dias, noites; não sei. Sei que ao acordar pareceu-me um sonho. Mas seu perfume, no travesseiro ao lado, não deixou-me enganar.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Conto machadiano

Mariana

de Machado de Assis

Capítulo Primeiro

"QUE SERÁ FEITO de Mariana?" perguntou Evaristo a si mesmo, no largo da Carioca, ao despedir-se de um velho amigo, que lhe fez lembrar aquela velha amiga.

Era em 1890. Evaristo voltara da Europa, dias antes, após dezoito anos de ausência. Tinha saído do Rio de Janeiro em 1872, e contava demorar-se até 1874 ou 1875, depois de ver algumas cidades célebres ou curiosas, mas o viajante põe e Paris dispõe. Uma vez entrando naquele mundo em 1873, Evaristo deixou-se ir ficando, além do prazo determinado; adiou a viagem um ano, outro ano, e afinal não pensou mais na volta. Desinteressara-se das nossas cousas; ultimamente nem lia os jornais daqui; era um estudante pobre da Bahia, que os ia buscar emprestados, e lhe referia depois uma ou outra notícia de vulto. Senão quando, em novembro de 1889, entra-lhe em casa um reporter parisiense, que lhe fala de revolução no Rio de Janeiro, pede informações políticas, sociais, biográficas. Evaristo refletiu.

— Meu caro senhor, disse ao reporter, acho melhor ir eu mesmo buscá-las.

Não tendo partido, nem opiniões, nem parentes próximos, nem interesses (todos os seus haveres estavam na Europa), mal se explica a resolução súbita de Evaristo pela simples curiosidade, e contudo não houve outro motivo. Quis ver o novo aspecto das cousas. Indagou da data de uma primeira representação no Odéon, comédia de um amigo, calculou que, saindo no primeiro paquete e voltando três paquetes depois, chegaria a tempo de
comprar bilhete e entrar no teatro; fez as malas, correu a Bordéus, e embarcou.

"Que será feito de Mariana? repetia agora, descendo a rua da Assembléia. Talvez morta... Se ainda viver, deve estar outra; há de andar pelos seus quarenta e cinco... Upa! quarenta e oito; era mais moça que eu uns cinco
anos. Quarenta e oito... Bela mulher; grande mulher! Belos e grandes amores!"

Teve desejo de vê-la. Indagou discretamente, soube que vivia e morava na mesma casa em que a deixou, rua do Engenho Velho; mas não aparecia desde alguns meses, por causa do marido, que estava mal, parece que à
morte.

— Ela também deve estar escangalhada, disse Evaristo ao conhecido que lhe dava aquelas informações.
— Homem, não. A última vez que a vi, achei-a frescalhona. Não se lhe dá mais de quarenta anos. Você quer saber uma coisa? Há por aí roseiras magníficas, mas os nossos cedros de 1860 a 1865 parece que não nascem mais.

— Nascem; você não os vê, porque já não sobe ao Líbano, retorquiu Evaristo.

Crescera-lhe o desejo de ver Mariana. Que olhos teriam um para o outro? Que visões antigas viriam transformar a realidade presente? A viagem de Evaristo, cumpre sabê-lo, não foi de recreio, senão de cura. Agora que a lei
do tempo fizera sua obra, que efeito produziria neles, quando se encontrassem, o espectro de 1872, aquele triste ano da separação que quase o pôs doido, e quase a deixou morta?

Capítulo II

DIAS DEPOIS apeava-se ele de um tílburi à porta de Mariana, e dava um cartão ao criado, que lhe abriu a sala.
Enquanto esperava circulou os olhos e ficou impressionado. Os móveis eram os mesmos de dezoito anos antes. A memória, incapaz de os recompor na ausência, reconheceu-os a todos, assim como a disposição deles, que não
mudara. Tinham o aspecto vetusto. As próprias flores artificiais de uma grande jarra, que estava sobre um aparador, haviam desbotado com o tempo. Tudo ossos dispersos, que a imaginação podia enfaixar para restaurar uma figura a que só faltasse a alma.

Mas não faltava a alma. Pendente da parede, por cima do canapé, estava o retrato de Mariana. Tinha sido pintado quando ela contava vinte e cinco anos; a moldura, dourada uma só vez, descascando em alguns lugares, contrastava com a figura ridente e fresca. O tempo não descolara a formosura. Mariana estava ali, trajada à moda de 1865, com os seus lindos olhos redondos e namorados. Era o único alento vivo da sala; mas só ele bastava a dar à decrepitude ambiente a fugidia mocidade. Grande foi a comoção de Evaristo. Havia uma cadeira defronte do retrato, ele sentou-se nela, e ficou a mirar a moça de outro tempo. Os olhos pintados fitavam também os naturais, porventura admirados do encontro e da mudança, porque os naturais não tinham o calor e a graça da pintura. Mas pouco durou a diferença; a vida anterior do homem restituiu-lhe a verdura exterior, e os olhos embeberam-se uns nos outros, e todos nos seus velhos pecados.

Depois, vagarosamente, Mariana desceu da tela e da moldura, e veio sentar-se defronte de Evaristo, inclinou-se, estendeu os braços sobre os joelhos e abriu as mãos. Evaristo entregou-lhes as suas, e as quatro apertaram-se cordialmente. Nenhum perguntou nada que se referisse ao passado, porque ainda não havia passado; ambos estavam no presente, as horas tinham parado, tão instantâneas e tão fixas, que pareciam haver sido ensaiadas na véspera para esta representação única e interminável. Todos os relógios da cidade e do mundo quebraram discretamente as cordas, e todos os relojoeiros trocaram de ofício. Adeus, velho lago de Lamartine! Evaristo e Mariana tinham ancorado no oceano dos tempos. E aí vieram as palavras mais doces que jamais disseram lábios de homem nem de mulher, e as mais ardentes também, e as mudas, e as tresloucadas, e as expirantes, e as de ciúme, e as de perdão.

— Estás bom?
— Bom; e tu?
— Morria por ti. Há uma hora que te espero, ansiosa, quase chorando; mas bem vês que estou risonha e alegre, tudo porque o melhor dos homens entrou nesta sala. Por que te demoraste tanto?
— Tive duas interrupções em caminho; e a segunda muito maior que a primeira.
— Se tu me amasses deveras, gastarias dous minutos com as duas, e estarias aqui há três quartos de hora. Que riso é esse?
— A segunda interrupção foi teu marido.
Mariana estremeceu.
— Foi aqui perto, continuou Evaristo; falamos de ti, ele primeiro, a propósito não sei de quê, e falou com bondade, quase que com ternura. Cheguei a crer que era um laço, um modo de captar a minha confiança. Afinal despedimo-nos; mas eu ainda fiquei espiando, a ver se ele voltava; não vi ninguém. Aí está a causa da minha demora; aí tens também a causa dos meus tormentos.

— Não venhas outra vez com essa eterna desconfiança, atalhou Mariana sorrindo, como na tela, há pouco. Que quer você que eu faça? Xavier é meu marido; não hei de mandá-lo embora, nem castigá-lo, nem matá-lo, só porque eu e você nos amamos.
— Não digo que o mates; mas tu o amas, Mariana.
— Amo-te e a ninguém mais, respondeu ela, evitando assim a resposta negativa, que lhe pareceu demasiado crua.
Foi o que pensou Evaristo; mas não aceitou a delicadeza da forma indireta. Só a negativa rude e simples poderia contentá-lo.

— Tu o amas, insistiu ele.

Mariana refletiu um instante.

— Para que hás de revolver a minha alma e o meu passado? disse ela. Para nós, o mundo começou há quatro meses, e não acabará mais — ou acabará quando você se aborrecer de mim, porque eu não mudarei nunca...

Evaristo ajoelhou-se, puxou-lhe os braços, beijou-lhe as mãos, e fechou nelas o rosto; finalmente deixou cair a cabeça nos joelhos de Mariana. Ficaram assim alguns instantes, até que ela sentiu os dedos úmidos, ergueu-
lhe a cabeça e viu-lhe os olhos rasos de água. Que era?

— Nada, disse ele; adeus.
— Mas que foi?!
— Tu o amas, tornou Evaristo, e esta idéia apavora-me, ao mesmo tempo que me aflige, porque eu sou capaz de matá-lo, se tiver certeza de que ainda o amas.
— Você é um homem singular, retorquiu Mariana, depois de enxugar os olhos de Evaristo com os cabelos, que despenteara às pressas, para servi-lo com o melhor lenço do mundo. Que o amo? Não, já não o amo, aí tens a resposta. Mas já agora hás de consentir que te diga tudo, porque a minha índole não admite meias confidências.

Desta vez foi Evaristo que estremeceu; mas a curiosidade mordia-lhe a ele o coração, em tal maneira, que não houve mais temer, senão aguardar e escutar. Apoiado nos joelhos dela, ouviu a narração, que foi curta. Mariana
referiu o casamento, a resistência do pai, a dor da mãe, e a perseverança dela e de Xavier. Esperaram dez meses, firmes, ela já menos paciente que ele, porque a paixão que a tomou tinha toda a força necessária para as decisões violentas. Que de lágrimas verteu por ele! Que de maldições lhe saíram do coração contra os pais, e foram sufocadas por ela, que temia a Deus, e não quisera que essas palavras, como armas de parricídio, a condenassem, pior que ao inferno, à eterna separação do homem a quem amava. Venceu a constância, o tempo desarmou os velhos, e o casamento se fez, lá se iam sete anos. A paixão dos noivos prolongou-se na vida conjugal. Quando o tempo trouxe o sossego, trouxe também a estima. Os corações eram harmônicos, as recordações da luta pungentes e doces. A felicidade serena veio sentar-se à porta deles, como uma sentinela. Mas bem depressa se foi a sentinela; não deixou a desgraça, nem ainda o tédio, mas a apatia, uma figura pálida, sem
movimento, que mal sorria e não lembrava nada. Foi por esse tempo que Evaristo apareceu aos seus olhos e a arrebatou. Não a arrebatou ao amor de ninguém; mas por isso mesmo nada tinha que ver com o passado, que era um mistério, e podia trazer remorsos...

— Remorsos? interrompeu ele.
— Podias supor que eu os tinha; mas não os tenho, nem os terei jamais.
— Obrigado! disse Evaristo após alguns momentos; agradeço-te a confissão. Não falarei mais de tal assunto. Não o amas, é o essencial. Que linda és tu quando juras assim, e me falas do nosso futuro! Sim, acabou; agora aqui estou, ama-me!
— Só a ti, querido.
— Só a mim? Ainda uma vez, jura!
— Por estes olhos, respondeu ela, beijando-lhe os olhos; por estes lábios, continuou, impondo-lhe um beijo nos lábios. Pela minha vida e pela tua!

Evaristo repetiu as mesmas fórmulas, com iguais cerimônias. Depois, sentou-se defronte de Mariana como estava a princípio. Ela ergueu-se então, por sua vez, e foi ajoelhar-se-lhe aos pés, com os braços nos joelhos dele. Os
cabelos caídos enquadravam tão bem o rosto, que ele sentiu não ser um gênio para copiá-la e legá-la ao mundo. Disse-lhe isso, mas a moça não respondeu palavra; tinha os olhos fitos nele, suplicantes. Evaristo inclinou-se, cravando nela os seus, e assim ficaram, rosto a rosto, uma, duas, três horas, até que alguém veio acordá-los:

— Faz favor de entrar.

Capítulo III

EVARISTO teve um sobressalto. Deu com um homem, o mesmo criado que recebera o seu cartão de visita. Levantou-se depressa; Mariana recolheu-se à tela, que pendia da parede, onde ele a viu outra vez, trajada à moda de 1865, penteada e tranqüila. Como nos sonhos, os pensamentos, gestos e atos mediram-se por outro tempo, que não o tempo; fez-se tudo em cinco ou seis minutos, que tantos foram os que o criado despendeu em levar o cartão e trazer o convite. Entretanto, é certo que Evaristo sentia ainda a impressão das carícias da moça, vivera realmente entre 1869 e 1872, porque as três horas da visão foram ainda uma concessão ao tempo. Toda a história
ressurgira com os ciúmes que ele tinha de Xavier, os seus perdões e as ternuras recíprocas. Só faltou a crise final, quando a mãe de Mariana, sabendo de tudo, corajosamente se interpôs e os separou. Mariana resolveu morrer, chegou a ingerir veneno, e foi preciso o desespero da mãe para restituí-la à vida. Xavier, que então estava na província do Rio, nada soube daquela tragédia, senão que a mulher escapara da morte, por causa de uma troca de medicamentos. Evaristo quis ainda vê-la antes de embarcar, mas foi impossível.

— Vamos, disse ele agora ao criado que o esperava.

Xavier estava no gabinete próximo, estirado em um canapé, com a mulher ao lado e algumas visitas. Evaristo penetrou ali cheio de comoção. A luz era pouca, o silêncio grande; Mariana tinha presa uma das mãos do enfermo, a observá-lo, a temer a morte ou uma crise. Mal pôde levantar os olhos para Evaristo e estender-lhe a mão; voltou a fitar o marido, em cujo rosto havia a marca do longo padecimento, e cujo respirar parecia o prelúdio da grande ópera infinita. Evaristo, que apenas vira o rosto de Mariana, retirou-se a um canto, sem ousar mirar-lhe a figura, nem acompanhar-lhe os movimentos. Chegou o médico, examinou o enfermo, recomendou as prescrições dadas, e retirou-se para voltar de noite. Mariana foi com ele até à porta, interrogando baixo e procurando-lhe no rosto a verdade que a boca não queria dizer. Foi então que Evaristo a viu bem; a dor parecia alquebrá-la mais que os anos. Conheceu-lhe o jeito particular do corpo. Não descia da tela, como a outra, mas do tempo. Antes que ela tornasse ao leito do marido, Evaristo entendeu retirar-se também, e foi até a porta.

— Peço-lhe licença... Sinto não poder falar agora a seu marido.
— Agora não pode ser; o médico recomenda repouso e silêncio. Será noutra ocasião...
— Não vim há mais tempo vê-lo porque só há pouco é que soube... E não cheguei há muito.
— Obrigada.

Evaristo estendeu-lhe a mão e saiu a passo abafado, enquanto ela voltava a sentar-se ao pé do doente. Nem os olhos nem a mão de Mariana revelaram em relação a ele uma impressão qualquer, e a despedida fez-se como entre pessoas indiferentes. Certo, o amor acabara, a data era remota, o coração envelhecera com o tempo, e o marido estava a expirar; mas, refletia ele, como explicar que, ao cabo de dezoito anos de separação, Mariana visse diante de si um homem que tanta parte tivera em sua vida, sem o menor abalo, espanto, constrangimento que fosse? Eis aí um mistério. Chamava-lhe mistério. Ainda agora à despedida, sentira ele um aperto, uma coisa, que lhe fez a palavra trôpega, que lhe tirou as idéias e até as simples fórmulas banais de pesar e de esperança. Ela, entretanto, não recebeu dele a menor comoção. E lembrando-se do retrato da sala, Evaristo concluiu que a arte era superior à natureza; a tela guardara o corpo e a alma... Tudo isso borrifado de um despeitozinho acre.

Xavier durou ainda uma semana. Indo fazer-lhe segunda visita, Evaristo assistiu à morte do enfermo, e não pôde furtar-se à comoção natural do momento, do lugar e das circunstâncias. Mariana, desgrenhada ao pé do leito, tinha os olhos mortos de vigília e de lágrimas. Quando Xavier, depois de longa agonia, expirou, mal se ouviu o choro de alguns parentes e amigos; um grito agudíssimo de Mariana chamou a atenção de todos; depois o desmaio e a queda da viúva. Durou alguns minutos a perda dos sentidos; tornada a si, Mariana correu ao cadáver, abraçou-se a ele, soluçando desesperadamente, dizendo-lhe os nomes mais queridos e ternos. Tinham esquecido de fechar os olhos ao cadáver; daí um lance pavoroso e melancólico, porque ela, depois de os beijar muito, foi tomada de alucinação e bradou que ele ainda vivia, que estava salvo; e, por mais que quisessem arrancá-la dali, não cedia, empurrava a todos, clamava que queriam tirar-lhe o marido. Nova crise a prostrou; foi levada às carreiras para outro quarto.

Quando o enterro saiu no dia seguinte, Mariana não estava presente, por mais que insistisse em despedir-se; já não tinha forças para acudir à vontade. Evaristo acompanhou o enterro. Seguindo o carro fúnebre, mal chegava a crer onde estava e o que fazia. No cemitério, falou a um dos parentes de Xavier, confiando-lhe a pena que tivera de Mariana.

— Vê-se que se amavam muito, concluiu.
— Ah! muito, disse o parente. Casaram-se por paixão; não assisti ao casamento, porque só cheguei ao Rio de Janeiro muitos anos depois, em 1874; achei-os, porém, tão unidos como se fossem noivos, e assisti até agora à vida de ambos. Viviam um para o outro; não sei se ela ficará muito tempo neste mundo.
"1874", pensou Evaristo; "dous anos depois".

Mariana não assistiu à missa do sétimo dia; um parente, — o mesmo do cemitério, — representava-a naquela triste ocasião. Evaristo soube por ele que o estado da viúva não lhe permitia arriscar-se à comemoração da catástrofe. Deixou passar alguns dias, e foi fazer a sua visita de pêsames; mas, tendo dado o cartão, ouviu que ela não recebia ninguém. Foi então a São Paulo, voltou cinco ou seis semanas depois, preparou-se para embarcar; antes de partir, pensou ainda em visitar Mariana, — não tanto por simples cortesia, como para levar consigo a imagem, — deteriorada embora, — daquela paixão de quatro anos.

Não a encontrou em casa. Voltava zangado, mal consigo, achava-se impertinente e de mau gosto. A pouca distância viu sair da igreja do Espírito Santo uma senhora de luto, que lhe pareceu Mariana. Era Mariana; vinha a pé; ao passar pela carruagem olhou para ele, fez que o não conhecia, e foi andando, de modo que o cumprimento de Evaristo ficou sem resposta. Este ainda quis mandar parar o carro e despedir-se dela, ali mesmo, na rua, um minuto, três palavras; como, porém, hesitasse na resolução, só parou quando já havia passado a igreja, e Mariana ia um grande pedaço adiante. Apeou-se, não obstante, e desandou o caminho; mas, fosse respeito ou despeito, trocou de resolução, meteu-se no carro e partiu.

— Três vezes sincera, concluiu, passados alguns minutos de reflexão.

Antes de um mês estava em Paris. Não esquecera a comédia do amigo, a cuja primeira representação no Odéon ficara de assistir. Correu a saber dela; tinha caído redondamente.

— Cousas de teatro, disse Evaristo ao autor, para consolá-lo. Há peças que caem. Há outras que ficam no repertório.

FIM

terça-feira, 11 de junho de 2013

Cordel do Fogo Encantado (banda)

Hoje minha dica será musical.

Ok, parte musical, parte poética. Logo mais vocês entenderão.

Eu tenho o privilégio (para alguns, maldição) de ir para a faculdade, todos os dias, com transporte coletivo. Muitas vezes pensei que fosse um perda tempo, uma hora para a ida, uma hora para a volta. Entretanto nesses 5 anos de andanças, consegui ocupar muito bem esse tempo.
Durante esse trajeto aproveitei sempre para ter à mão duas coisas: livros e músicas.
Quanto aos primeiros tive a chance de ler os grandes clássicos: 'Crime e Castigo' e 'Os Irmãos Karamazóv', ambos de Dostoiévski; 'Os sofrimentos do jovem Werther', de Goethe; 'Clube da luta', de Chuck Palahniuk; alguns do Machado de Assis, dentre outros tantos (e foram tantos...).

Quanto às músicas, tenho um velho hábito: quando conheço alguma obra de alguém, procuro conhecê-la a fundo; então procuro não apenas alguma música que fez ou faz sucesso (vide postagem Lado A. Lado B.), mas sim tento encontrar a obra completa. Tendo ao alcance, escuto os álbuns do início ao fim; tentando entender o contexto, o que se passa na cabeça dos autores e tento conhecer um pouco mais de cada música que me toca os ouvidos.

Pois bem, dia desses encontrei em meus arquivos de mídia o álbum 'Cordel do Fogo Encantado', da banda de mesmo nome (não! não tem nada a ver com aquela novelinha chinfrim da Globo) e resolvi ouvi-lo novamente. Há anos eu o escutava completo e gostava de ouvi-lo, mas, por qualquer razão não tão aparente agora, deixei de lado.

Senhores!! Que disco!

Essa banda começou como um grupo de teatro, mesclando música, poesia e representação. A primeira vez que os ouvi foi num programa que a MTV tinha (creio ser o MTV Roots, mas posso estar enganado) onde a mesma tocava sons de bandas não tão conhecidas do circuito nacional. Na hora que vi o clip já gostei da banda, então resolvi conhecer um pouco mais da banda.

Os caras dessa banda misturam literatura de cordel, poesia, cultos africanos, o uso constante de diversos instrumentos de cordas (violino, banjo, guitarras), instrumentos de percursão (tambores diversos, bumbos) e usam, também, de um grupo de vocais que fazem as músicas parecerem verdadeiros mantras.

Esse grupo já foi desfeito, no entanto ficaram três registros sonoros ('Cordel do fogo encantado', 'O palhaço do circo sem futuro' e 'Transfiguração') e um audiovisual ('MTV apresenta') dessa incursão pela música e poesia que fazem valer a pena ligar o som no volume alto, apagar as luzes e se deixar levar.

Passem o olho por esses versos que transcrevo abaixo e percebam a beleza contida neles (quando conseguirem o vídeo ou o áudio verão quanto mais belos ficam):

POEIRA

O pão que nasce do fogo
Na roda da saia
Na gira da terra
O vento que rasga telhado
Tambor ritmado
Trompetes de guerra
A guerra que traz a poeira
Que bate na gente
Poeira que vem do sertão
Configuração
Bafo quente

Vem poeira
Vem poeira
Vem poeira

Trago poeira da terra queimada e a fumaça
Ah! Sequidão, sequidão pojuca
Malhada Craíba
Juazeiro torto
Moxotó velado
Serra das Varas

Trago poeira da terra queimada e a fumaça
Ah! Sequidão, sequidão pojuca
Malhada Craíba
Juazeiro torto
Moxotó velado
Cabrobó Floresta Belém do São Francisco
Terra das Massas

Eu vou voltar
Caraíba, mãe vou simbora
Carcará
Eu vou voltar

TOADA VELHA CANSADA

Chega
Toada velha cansada
Atrás do fogo encantado
Nesse terreno sem cerca

Seca
Meu olho teu caldeirão
Teu colo meu oratório
Teu sonhos meu cobertor

Teu riso tem um corisco
Teu peito tem um trovão
É só a gente se ver
chove no meio do verão
Água que lava terreiros
(Oi que lava terreiros)
Oi que lava Janeiros, sertão

Eita mulher voadeira
Misterioso pavão
O riso teu tem corisco
E o peito teu tem trovão
E os meus dois olhos bandeiras
Fogueiras clarão (São João)

Eia
Minha cumadre Fulô
Quero teu cheiro de mato
Tua passada invisível

Vivo
Na catingueira da serra
Cheguei montado no vento
Poderes do teu feitiço

OS ÓIM DO MEU AMOR

Ê nunca mais eu vi
Os oím do meu amor
Nunca mais eu vi
Os oím dela brilhar
Nunca mais eu vi
Os oím do meu amor
São dois jarrinho de flor
E todo mundo quer cheirar

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Greta!

Nome como pedra,
Olha como brisa,
Anda como pássaro,
Suspira como morte.

Vejo-te e tremo,
Quisera tocar,
Beijar-te os lábios,
Olhos entreabertos.

Minutos como horas,
Horas, eternidade.
Um dia, uma vida.
Momento. Único.

Longe estou,
Distante permaneço.
Contemplando a beleza,
De ti emanada.

Ai de minha voz
Não ser ouvida.
E nunca percebido
O carinho nos olhos meus.

--
1berto

terça-feira, 4 de junho de 2013

Novas postagens

Ahhh,,,, há dias que venho tentando ter alguma idéia nova para
postagens no blog, mas não tá rendendo nada.
Comecei uns textos, alguns esboços, outros rascunhos, e no entanto
ficaram muito ruins.
Prometerei um esforço para que surja algo novo. A monografia está me
tomando um tempo imenso. E a paz de espiríto deixa-me tranquilo demais
para certa polêmica. (Um escrito é um maldito.)
Tmabém tenho que me organizar melhor; ontem à noite brotaram-me frases
e parágrafos na cabeça, entretanto o frio e o sono impediram-me de
torná-los um texto.
E, ao final, essa manhã não conseguia mais lembrar dos objetos iniciais.

Aguardem, seguidores desse blog. A qualquer hora minha mente divagará
novamente e postarei algo que preste.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Como fosse nadar


Eu sinto saudades de tomar banho no rio.

Minha cidade é banhada pelo Rio Uruguai (um pouco mais 'acima' é Rio Pelotas) e desde pequeno, no verão, meu pai levava-me todos os finais de semana para dar 'um bico' na balsa. Nossa! Como era bom. Minha mãe ficava em casa surtando com os perigos que esse passeio poderia trazer, entretanto meu coroa sempre foi muito cuidadoso e conhecedor do rio (afinal, desde os 4 anos de idade ele nadava no Uruguai).

Hoje em dia ele - o Uruguaizão - não é mais rio. Nem sei o que ele é. Após o advento da Usina Hidrelétrica de Itá ele transformou-se num lago ou bacia ou lagoa... E tornou-se muito triste. Ao menos para mim. O que eu gostava era das corredeiras, do barulho das águas ao encontrarem-se com os pilares da ponte, do 'canalão' (um lugar muito, muito, muito fundo) e da diversão que o rio nos proporcionava.

Você entrava na água e a correnteza te levava; então você nadava contra ela, ziguezagueando, mergulhando, braçada após braçada. Deixava-se levar, novamente, rio abaixo, descansando, reunindo forças e esperando uma nova oportunidade de enfrentar a água. E a batalha recomeçava. Eu sempre mirava um ponto fora e traçava como objetivo ultrapassá-lo; as forças se recompunham, a concentração era grande e todo o corpo conspirava para que a meta fosse atingida. Bons tempos aqueles...

Percebo que o nosso dia-a-dia assemelha-se àquela luta com o rio. Existem dias que precisamos ficar inertes, sem fazer muito esforço, descansar o corpo e a mente; mas esses dias servem apenas para dar gás para as próximas braçadas. Servem de estímulo para alcançarmos os nossos objetivos. O que garanto-lhes, amigos, é que deixar-se levar pelas águas é maravilhoso; no entanto o que realmente te satisfaz é nadar contra a corrente.

sábado, 18 de maio de 2013

Diálogo

Acabei de dar vinte reais ao Vicente. 
Desenvolveu-se o diálogo:
- Hum, o que eu posso comprar com esse dinheiro?
- O que tu quiser.
- Um picolé?
- Não, né. Óia a friaca.
- Um passarinho e uma gaiola. 
- Não né, meu.
- Uma astronave?
- Carinha, não. 
- Então não me diz que eu posso comprar o que eu quiser.
- ...

#cuidado com o que você fala para uma criança.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Verbos


Houve um dia em que nosso amor nasceu
Foi um dia em que o tempo parou
O sentimento entre nós aconteceu
E não mais que de repente acabou

Houve um dia em que nosso amor nasceu
Foi um dia em que o tempo aconteceu
O sentimento entre nós parou
E não mais que de repente acabou

Houve um dia em que nosso amor aconteceu
Foi um dia em que o tempo acabou
O sentimento entre nós nasceu
E não mais que de repente parou

Houve um dia em que nosso amor acabou
Foi um dia em que o tempo parou
O sentimento entre nós nasceu
E não mais que de repente aconteceu

Houve um dia em que nosso amor parou
Foi um dia em que o tempo nasceu
O sentimento entre nós aconteceu
E não mais que de repente acabou

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Corvo


Eu, hoje, não lutaria para ser um rei. Não gostaria de ter nascido príncipe; não estudaria para ser meistre. Não faria questão de ser um lorde, um sor ou um membro juramentado da guarda real. Tampouco faria diferença ser um famoso bastardo do norte ou um dos muitos bastardos Frey. Um selvagem? Quem sabe. No entanto o desejo verdadeiro agora seria de vestir o negro e tornar-me membro da Patrulha da Noite, prestando o juramento:


"Escute as minhas palavras e testemunhem os meus votos. A noite chega, e agora começa minha vigília. Não terminará até a minha morte. Não tomarei esposa, não possuirei terras, não gerarei filhos. Não usarei coroas e não conquistarei glórias. Viverei e morrerei no meu posto. Sou a espada na escuridão. Sou o vigilante nas muralhas. Sou o fogo que arde contra o frio, a luz que trás consigo a alvorada, a trombeta que acorda os que dormem, o escudo que defende os reinos dos homens. Dou minha vida e a minha honra a Patrulha da Noite. Por esta noite, e por todas as noites que estão por vir. "

quarta-feira, 15 de maio de 2013

A garota dançando

Você pode descobrir muito de uma garota quando ela está dançando.

Digo 'muito' porque você, amigo, nunca, N-U-N-C-A, nunquinha irá saber tudo dela. Mas quando ela dança pode mostrar uma parte do que ela representa. Você até poderia descobrir um pouquinho mais se pudesse vê-la dançando quando ela escolhe a música, coloca sua roupa mais confortável e dança sozinha, em casa, fechada no seu quarto. Entretanto, estando ela sozinha, você não estará ali partilhando daquele momento.

Pense numa pessoa que você conhece, famosa ou não, e imagine-a (se você não pôde ver ainda) dançando. Pode ser aquela loura de corpo dourado que você cruzou nos corredores do mercado, a morena de pele branca e macia que sempre que te vê mia um ooooi ou aquela morena jambo, saca?, que você encontrou na escadaria do seu prédio. Pode ser qualquer uma, menos as ruivas e as modelos, que essas são mulheres diferentes (explicarei em outra oportunidade).

Digo isso porque dias atrás fui numa festa; uma balada. Saí com alguns amigos para beber, ouvir uma música alta e ver a movimentação das pessoas. Uma, em particular chamou-me a atenção. Uma lourinha de metro e sessenta, nem magra nem gorda, regata branca delineando-a, uma calça jeans justa e um par de botas que chegava até quase o joelho. Na sua mão, ora esquerda ora direita, pousava um copo com alguma bebida doce - porque ela tinha jeito de que tomava bebida doce - algum coquetel tipo hi-fi ou marguerita ou gin-tônica.

Bem, ela estava num grupo de mais ou menos 5 pessoas. No entanto, assim que uma música começou a tocar, parecia estar sozinha, seus olhos fecharam-se e ela começou a serpentear na pista. Dobrava levemente os joelhos esquerdo-direito-esquerdo-direito, nesse ir e vir ritmado e sensual, entre um gole e outro, alternando com o levantar do queixo, ajeitando levemente seus cabelos soltos. Cara, que momento!! Ela não ignorou simplesmente seus amigos - ela estava alheia a tudo, em seu pequeno espaço, o qual conseguia apenas dar um no máximo dois passos - estava completamente só. Eu, apenas observando de muito longe, me senti um intruso. Tive vontade de arrastar todas as pessoas que estavam ali para fora do lugar. Mas não havia necessidade, nós não existíamos. Pelos poucos minutos que a música foi executada, para aquela moça, o mundo era apenas aquilo e tudo aquilo.

Logo parei de observá-la e deixei-a com seus movimentos ondulantes. Pude perceber o quão segura de si ela sentia-se. Não tinha medo, nem pudores, nem preocupações. Tampouco sentia-se vazia. Era uma mulher que parecia saber o que queria. Mas, principalmente, pude constatar que ela sabia onde quer chegar.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Conto de amor #1

Era uma vez ele e ela.

O romance durou três dias:

No primeiro, amaram-se;
No segundo, enjoaram-se;
No terceiro, separaram-se.

Típica história de amor.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

A Angústia - Paul Verlaine

Nada em ti me comove, Natureza, nem 
Faustos das madrugadas, nem campos fecundos, 
Nem pastorais do Sul, com o seu eco tão rubro, 
A solene dolência dos poentes, além. 

Eu rio-me da Arte, do Homem, das canções, 
Da poesia, dos templos e das espirais 
Lançadas para o céu vazio pelas catedrais. 
Vejo com os mesmos olhos os maus e os bons. 

Não creio em Deus, abjuro e renego qualquer 
Pensamento, e nem posso ouvir sequer falar 
Dessa velha ironia a que chamam Amor. 

Já farta de existir, com medo de morrer, 
Como um brigue perdido entre as ondas do mar, 
A minha alma persegue um naufrágio maior. 


Paul Verlaine, francês. Um dos maiores poetas de todos os tempos.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Lado A. Lado B.



Você está ligado nos discos de vinil? Pois é...

Os "LP's" traziam em si a possibilidade de gravações em ambos os lados, chamados de Lado A e Lado B. Percebi, na maioria das vezes, que os discos tinham em seu Lado A as músicas mais famosas e comerciais (também chamadas de 'música de trabalho') que eram as que tocavam no rádio. Com elas a popularidade do álbum e da banda (ou artista) aumentava ou diminuia, conforme a recepção do público. Essas músicas, por serem tradicionalmente de vendagem, logo me enchiam o saco. Eram o que os produtores do álbum queriam (às vezes forçando a gravá-las) e não a total vontade do artista.

Entretanto em seu Lado B vinham as experimentações, a naturalidade e o que os artistas realmente tinham de verdadeiro. Todos (na época) éramos atraídos pelo Lado A, no entanto o que realmente significava era o B. Era de lá que vinha explicitada a veia sonora e intelectual de cada qual que fazia música. Ali estavam os anseios, os medos, as realidades, as cruezas, os detalhes.

É assim que vejo as pessoas.

Vivemos em um mundo de pessoas comerciais. Elas tentam a todo momento te 'vender' uma imagem, um produto que vem mascarado, ou seja, um Lado A que habita nelas. Incentivado cada vez mais pelas mídias e redes sociais, esse lado pode se tornar prejudicial para a pessoa. Da mesma forma que alguns artistas são conhecidos por 'a banda de uma música só', esses indivíduos tem a tendência a ficarem rotulados. Por culpa dos próprios, seu A torna-se o álbum inteiro. Deixam escondido dos outros o que tem de real para mostrar.

Por isso que prefiro o Lado B dos seres. É nele que vê-se como a pessoa realmente é. Seus medos, suas fraquezas, suas forças e seus desejos. Nota-se a essência quando o que percebe-se é a imperfeição. Naturalmente ninguém é perfeito e isso já seria um requisito inquestionável para agirmos com total liberdade.

Entendo que o mundo não funciona assim. Que o que temos a disposição é um catálogo de formas a escolha de cada um. Compramos o que vemos, ou não. Colocamos a venda o que temos, ou não. A primeira impressão é a que fica. Mas o que conta são suas particularidades. O que vale é o seu Lado B.

Questão de Direito Constitucional


O que são as Imunidades Parlamentares, suas formas, desígnios e atribuições?

As imunidades parlamentares são prerrogativas inerentes à função parlamentar para garantir o exercício do mandato parlamentar com plena liberdade.

Elas são de dois tipos: 

1 - imunidade material, real ou substantiva (denominada também de inviolabilidade): está elencada no caput do art. 53 da CF/88 e implica na exclusão da prática de crime, bem como a inviolabilidade civil, pelas opiniões, palavras e votos dos parlamentares;

2 - imunidade processual, formal ou adjetiva: art. 53, §§ 2º a 5º, CF/88, traz as regras sobre prisão e processo criminal dos parlamentares.

Na sua essência, essas prerrogativas atribuídas aos parlamentares, visam garantir a democracia, na medida em que os mesmos podem livremente manifestar suas opiniões, garantindo-se contra prisões arbitrárias, ou mesmo rivalidades políticas.

A imunidade material ou inviolabilidade parlamentar, é garantida aos parlamentares federais regendo que os mesmos são invioláveis, civil e penalmente, por qualquer de suas opiniões, palavras e votos, desde que proferidos em razão de suas funções parlamentares, onde estiver, não se restringindo ao âmbito do Congresso Nacional. Assegura a independência do parlamentar no exercício de suas atribuições.

Com relação à imunidade formal para a prisão, os parlamentares gozam de seus benefícios a partir do momento em que são diplomados pela Justiça Federal. 
A regra geral nos diz que os parlamentares não poderão ser presos, seja a prisão penal ou a prisão civil. Entretanto há uma única exceção à regra, qual seja, a de prisão em caso de flagrante de crime inafiançável; no entanto, mesmo nessa hipótese, os autos deverão se remetidos à Casa Parlamentar respectiva, no prazo de 24 horas, para que, pelo VOTO DA MAIORIA ABSOLUTA DE SEUS MEMBROS, resolva sobre a prisão. 
Destaca-se que devido a inclusão da Emenda Constitucional 35/2001, a votação dos congressistas não será secreta e, sim, pelo voto aberto. Após o advento dessa EC, também designou-se que a denúncia poderia ser diretamente recebida no STF, sem a prévia licença da Casa respectiva (onde, em muitos casos, não era deferida a prisão), devendo o STF, assim que recebida a denúncia, dar ciência à Casa respectiva do Parlamentar, que por inciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria dos seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

To F



É incrível a quantidade de erros que cometemos.

Um simples gesto impensado, uma palavra mal proferida ou um momento desperdiçado, e conseguimos estragar as coisas.

Erramos tentando acertar, pecamos pelo exagero, trocamos os pés pelas mãos; lugares-comuns esses. A mais pura verdade.

Tentei eternizar um pedaço seu. Dedos lindos, unhas coloridas, uma aperto de mão, a vontade de ser o outro. Delirando, perdi-me em devaneios e senti-me ruborizar perante todos.

Tarde demais para voltar atrás.

Mas não tarde para admitir o erro e redimir a culpa. 

Espero que compreenda e um dia, quem sabe, me perdoe.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

lua

e a lua serena aparece
e parece voar
e parece arder
e parece brilhar

do fogo, a luz
da pedra, o céu
da noite, o sol
do olho, o véu

brinca de surgir
uma briga estelar
no mar de escuridão
esperança a alentar

aos simples, não existe
aos amantes, castiçal
aos que fogem, ingratidão
aos poetas, ideal

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Aqui é meu lugar!


Escreva uma carta


Isso mesmo! Pegue um papel e uma caneta. Coloque uma música que goste e abra a janela. Ponha-se a escrever.

Deixe com que sua mente divague, com os dedos soltos, sem medo, leve e simples. Escreva sobre a saudade que sente daquela pessoa, sobre o último encontro que tiveram, lembranças da turma do colégio, um convite para sair, uma viagem a programar. Faça com que as palavras saiam naturalmente, não force nada, apenas chegue ao fim de uma frase; e outra e outra e outra.

Ok, sei que os meios digitais tornam tudo isso mais fácil. Entretanto  as redes sociais estão cada vez mais chatas. O e-mail continua frio como a tela do computador. Nem um nem dois SMS's conseguem transmitir o que realmente você quer dizer.

No papel sente-se onde a mão treme quando se escreve uma palavra significativa, deixa marcas onde uma lágrima cai na construção de uma frase, percebe-se o tamanho da emoção ao concluir um parágrafo. Não há corretor ortográfico (e também não fica nada feio quando algum erro surge como equívoco), nem espaçamento automático, muito menos tipo e tamanho da fonte. Sublinhe; rabisque; desenhe; permita-se! 
O papel aceita tudo.

Ao final dessa função pegue um envelope, aponha o endereço e saia de casa. Sim, compre um selo, não sem no trajeto olhar em volta o ambiente, o espaço, aquela manhã de sol, um pássaro cantando, as pessoas andando apressadas (sempre!). Entregue a carta numa caixa de coleta (aquelas amarelinhas, saca?), ou no Correio. E aguarde.

Esse tempo de aguardo é fenomenal. A pessoa do outro lado nem imagina o que está para chegar. Você fica apreensivo 2, 3, 4, 5 dias até que sua carta é entregue. E aí, amigo, garanto que o mundo se transforma. O destinatário se surpreenderá. Imaginará que você dispendeu um pequeno tempo de sua vida para dedicar-se exclusivamente em escrever algumas palavras para ele. Perceberá a grandiosa importância que tem aquele simples papel e uns garranchos escritos. É capaz de você receber de volta uma resposta nos mesmos moldes escrita por aquela pessoa ou mesmo o simples SMS.

Mas a maior recompensa é você imaginar a reação da pessoa ao receber, em meio as contas de água/luz/faturas de cartão, um envelope escrito à mão. Certamente um sorriso brotará no rosto dela.

Faça isso agora!

Escreva uma carta

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Não! Você não pode

Você não pode se apaixonar por alguém que não gosta de você.
Você não pode se apaixonar por alguém maior do que você.
Você não pode se apaixonar por alguém que não te conhece.
Você não pode se apaixonar por alguém que sabe teus defeitos.
Você não pode se apaixonar por alguém que namora seu amigo.
Você não pode se apaixonar por alguém que não seja de sua cor
Você não pode se apaixonar por alguém do mesmo sexo.
Você não pode se apaixonar por alguém casado.
Você não pode se apaixonar por alguém que mora longe.
Você não pode se apaixonar por alguém que é seu amigo.
Você não pode se apaixonar por alguém de religião diferente.
Você não pode se apaixonar por alguém que tenha filhos.
Você não pode se apaixonar por alguém de outro planeta.
Você não pode se apaixonar por alguém que foi preso.
Você não pode se apaixonar por alguém certinho.
Você não pode se apaixonar por alguém que seja verde.
Você não pode se apaixonar por alguém que te compreenda.
Você não pode se apaixonar por alguém que tenha gatos.
Você não pode se apaixonar por alguém que veja novelas.
Você não pode se apaixonar por alguém que te esnobe.
Você não pode se apaixonar por alguém que seja rico.
Você não pode se apaixonar por alguém que te aqueça.
Você não pode se apaixonar por alguém que te queira.
Surpreenda-se. Arrisque-se. Desmistifique-se.
Se a porta não se abrir, chute-a.
Essa é sua vida.
E, se tiver sorte, será ÚNICA.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Quase o fim

Estou a um pequeno passo de abandonar minha incursão literária.

Cheguei a conclusão de que sou um ótimo leitor; gosto de bons livros, me divirto com as histórias, tento me colocar no lugar de autores, personagens, épocas e situações que eles nos trazem.

Entretanto vejo que é uma perda de tempo eu tentar escrever e apenas conseguir alguns textos medíocres e péssimos poemas. Pouparei quem segue este blog e a mim mesmo. Guardarei esse tempo que permaneço com um lápis na mão à espera de uma frase para ler um bom capítulo de um autor que realmente tem o dom para a coisa.

Sobre as coisas que penso, as frases que ficam incompletas e a tendência insistente para largar tudo no papel, tentarei achar uma outra forma de extravasar.

Da mesma forma que temos que abandonar um livro ruim nas primeiras páginas, um péssimo filme em suas primeiras cenas ou alguma música mal feita já nos primeiros acordes, temos que fazer algumas escolhas na nossa vida.

Não há tempo a perder com o que não vale a pena.

A vida é curta.

E há tantos livros bons para serem lidos... não quero perder meu tempo escrevendo um horrível.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Fuck!

Escrevi um baita texto sobre filmes e.. .. perdi ele!
Desisti.

Outras postagens no decorrer da semana (ou do mês) {quem sabe do ano}

Putaquepariu!

domingo, 31 de março de 2013

31 - trinta e um

31 3 13
três um três um três
tres unum tria unum tria
three one three one three
drei ein drei ein drei
3 واحد ثلاثة واحد ثلاثة
ένα τρία τρία ένα τριάρι
tre en tre en tre
tiga satu tiga satu tiga
три один три один три

quarta-feira, 27 de março de 2013

Eu via


Eu o vi
Ele estava num campo
Um balão girava em volta dele
Via-se os cabelos esvoaçando no cesto
Uns olhos tristes miravam o chão
O balão dava voltas e voltas e voltas

Eu o vi
Era uma estação de trem
Um vagão chegava e partia
À janela, os mesmos olhos
Ele continuava parado
O trem chegava e partia e chegava

Eu o vi
Parado na calçada
Chovia fortemente
Seu olhar mirava a janela em frente
Um vulto figurava no apartamento
Enquanto a água escorria pelo vidro

Eu o vi
No meio da multidão
Todos estavam apressados
Ninguém se aproximava dele
Pareceu ver aqueles olhos
Mas não conseguiu sair do lugar

Eu o vi
Não era um desconhecido
Aquele cara parado ali
Era eu.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Sonho


Acordei sobressaltado
Sonhava com você
Estavas tão linda
Tão bela
Sorria como eu fosse único
Falava como fosse cantar
Tocava-me o rosto
Arrepiava-me o corpo
Abraçava-me
Agitado abri os olhos
Aos pés da cama
Roupas espalhadas
Um copo meio vazio
Pássaro a cantar
Manhã cinzenta
Da lembrança
O perfume
Que não consegui sonhar

quarta-feira, 13 de março de 2013

Noite sem luz

Foi numa tarde em que faltou luz. Um desses fins de tarde de julho ou agosto. O fogo crepitando no fogão à lenha, a chaleira fervendo, os pinhões estalando na chapa. Enquanto o sol se punha no horizonte fomos acendendo velas. Minha mãe, meu pai, meus irmãos e eu. Escurecia lá fora e dentro de casa a penumbra ia tomando conta dos cômodos. À luz das velas, as sombras se moviam lentamente. Sentamos no sala, todos os seis. Não havia barulho; nem na rua, nem dentro de casa. Um relógio de parede insistia em contar os segundos, tic-tac-tic-tac, há muito esquecido. Apenas a chuva que caía em telhado de zinco nos arredores servia de trilha sonora para este momento. Principiamos a conversar, brincar um com o outro, lembrar de passagens da vida de cada um; uma estória engraçada de tempos idos de nossa infância, um conto ouvido do primo do vizinho de alguém, uma anedota nova que nos fez rir e até algum plano para o futuro. Ficamos por uma eternidade aproveitando aquele momento que pareceu fazer com que nossos corações chegassem a pulsar no mesmo ritmo. A chuva foi diminuindo lá fora, o relógio já não se ouvia mais, a conversa estava muito animada e então... a luz voltou. Alguém sorriu, o pequeno comemorou, a geladeira voltou a funcionar, dois ou três carros passaram na rua e a televisão foi ligada. Cada um foi para um lado, as velas foram apagadas e o sorriso em cada rosto foi reduzindo-se. Durante cinco ou dez minutos não nos falávamos, quase não nos olhávamos e apesar de o apresentador do jornal nos lembrar de uma notícia urgente, logo estávamos todos sentados nos mesmos lugares de antes. A TV foi desligada, as luzes apagadas e as velas acesas. E antes mesmo do terceiro tic-tac já estávamos todos tendo a melhor noite em família.