segunda-feira, 30 de março de 2015

tal vez talvez última vez

dessa vez será a última vez
não há mais tempo a perder
não há motivo pra insistir
nem forças para lutar
um que tenta
e outro que resiste
ou nem isso
talvez não queira
talvez não saiba
talvez
talvez
tal vez nunca chegou
vez que deixará saudade
dos sonhos tidos
do que se imaginou
do que não aconteceu
mas será apenas mais uma vez
e talvez
será a última vez

terça-feira, 24 de março de 2015

dois que eram dez

eram dois
e na verdade eram dez
os dois eram irmãos
e dois eram pequenos
dois nem tão pequenos assim
dois irmãos do meio
dois um pouco mais velhos
e dois que eram maiores
eu os via dia sim, dia não
era ela quem os trazia
os via chegando
e depois eles paravam
mas nunca quietos estavam
ficavam perto
ora longe
subia um
logo outro ia
nunca soube suas estórias
imaginei as minhas próprias
léguas andaram
fronteiras atravessaram
na neve se resfriaram
areia da praia pisaram
no lago se refrescaram
tantas idas e voltas
e voltas e voltas
na grama
e na minha cabeça
hoje os vi
e foi tudo o que vi
aqueles dez
que na verdade
eram apenas dois

quinta-feira, 19 de março de 2015

onde estou

Gosto de estar onde estou.

Na maioria das vezes.

Nas poucas que não gosto tento driblar a sensação ruim que me rodeia; então, se estou andando por ruas movimentadas, imagino-me na selva: olhando árvores, observando pássaros, evitando perigos.

Se estou caminhando sozinho imagino-me num deserto: a areia ardendo os pés, o sol escaldante, um oásis que surge...

Quando abate-me a tristeza à noite, deito no meu gramado, observo as estrelas penduradas no infinito do céu, vejo a lua solitária assim como eu, um cometa que passa e passa e passa.

Se estou no meu carro, mesmo num passeio curto, construo em mim uma viagem longa, um destino bonito: praia, palmeiras, ondas no mar. No banco vazio desenho-te e sorrio. Quase consigo tocar sua mão e sei que mesmo com tudo que há de mau no mundo nunca sozinho estou.