quarta-feira, 27 de abril de 2016

coleção

coleciono amores
que guardo em diversos lugares
     na estante de livros
     na caixa de discos
     na gaveta das meias
     debaixo da cama
     varridos no tapete
     enterrados no fundo do quintal
preservo apenas um
que levo na minha cabeça
     no meu coração
     comigo à noite
     no travesseiro
vivendo infinitamente
     nos sonhos
     que ouso sonhar

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Poeta sou

Poeta sou que crio mundos
fantasio histórias
vivo sonhos
habito o inimaginável

Por vezes não diviso
o que é real
do que eu imagino
quando acordado

De olhos abertos: sonho
Quando os fecho: vivo
eternas ondas
indo e vindo sem fim

Poeta sou não por versos
mas por sentimentos
cenas que crio
diálogos que enceno

Os abraços que sinto
os risos que vejo
o corpo que esquento
os lábios que molho

Talvez por isso caio
infindável precipício
de gritos surdos
e frio intenso

Mas o vento deixa-me voar
e giro e rodo e subo
sorrio
sem medo do chão

Poeta sou que não me importo
de que digam o contrário
os cânticos em mim vivem
e os vivo sem querer

A saudade bate:
do que não tive
As lembranças existem:
do que não vivi

Recomeço histórias
ao final de outras
e tantas vem
quanto tantas vão

Que infinitos sejam
todos versos que habito
pois poeta eu sou
e nada, sem eles, eu seria