segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Massagem

Acordar com o corpo leve e a mente repleta de sensações é algo indescritível. Na noite passada, tive um desses sonhos que te fazem questionar a linha tênue entre realidade e fantasia. Sonhei com ela. Com seus cabelos espalhados pelo travesseiro, os olhos ainda fechados, e um sorriso tímido nos lábios. A voz suave, como um sussurro, me pedia uma massagem. Sem hesitar, me levantei e fui até o seu apartamento. O ambiente era aconchegante, com a luz do luar adentrando pela janela, criando um clima perfeito para relaxar. Comecei a massagear seus ombros, sentindo a tensão se dissipando a cada movimento. Desci pelas costas, pela cintura, até chegar às pernas. A cada toque, ela soltava um gemido baixinho que me arrepiou por inteiro. A massagem se prolongou por horas, e a cada minuto a conexão entre nós se intensificava. A atmosfera ficou carregada de desejo e, sem perceber, nossos corpos se aproximaram. Um beijo lento e apaixonado nos levou a um outro nível de intimidade. Acordei com o coração acelerado e um sorriso bobo no rosto. A sensação de ter vivido algo tão intenso era indescritível. Talvez esse sonho seja apenas um reflexo dos meus desejos mais profundos, ou quem sabe um sinal de que algo mágico está por vir. O que importa é que, por um instante, vivi um momento de pura felicidade. E isso, ninguém pode tirar de mim.

terça-feira, 25 de junho de 2024

sonho & desejo

O clube, palco de tantas histórias e encontros inesperados. Lá, em meio às escadas frias, encontrei-a. Uma conversa fluiu, desvendando segredos e anseios que ecoavam em sintonia. O tempo pareceu se diluir enquanto nos perdíamos em palavras e sorrisos. A despedida se aproximava, um aperto no peito me invadiu. Naquele instante, a melodia suave de Belchior, "Coração Selvagem", preencheu o ar, embalando a promessa de um beijo. Mas antes que nossos lábios se unissem, o sonho se desvaneceu, deixando um vazio doce e um gosto de quero mais. Ao despertar, a lembrança persistia, vívida e intrigante. Será que ela também sonhou? Será que nossos caminhos se cruzarão novamente, fora do reino dos sonhos? A melodia de Belchior ainda ecoa em minha mente, um lembrete do encontro fugaz e da promessa que ficou por realizar. O sonho se foi, mas a sensação permanece. Uma mistura de nostalgia e esperança, um convite a buscar no mundo real a mulher que me acompanhou nas escadas do clube. Quem sabe, um dia, a música "Coração Selvagem" volte a tocar, marcando o início de algo real e duradouro.

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

xícaras de café

Abro os olhos. Caminho até a cozinha; ligo a cafeteira e espero. No toca-discos Belchior me lembra que sou um Sujeito de sorte, pois 'ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro'. Pela janela os primeiros raios de sol começam a acordar meu corpo; o cheiro do café aguçam meus sentidos. A primeira xícara servida, lentamente me faz recordar dos invariáveis sonhos da noite anterior: mistos de lembranças, desejos, esperanças. Ao sorver a segunda xícara, um pouco mais desperto, planejo o dia que se apresenta. Nada muito profundo: um compromisso aqui, um 'olá' ali. Deixo que as coisas aconteçam como tem que acontecer: fluídas. Ao servir a terceira xícara, já bem acordado, removo os restos de café do filtro, deixo bem limpo o aparelho e o conservo pronto para, nesta noite, deixar tudo organizado para a próxima manhã: Abrir os olhos, caminhar até a cozinha, ligar a cafeteira e esperar.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

de vez em quando

de vez em quando
só de vez em quando
é que você encontra 
alguém 
com uma presença
e eletricidade
que combina com a tua
no ato
e nessa hora
geralmente é uma estranha
foi a um tempo atrás
eu andava por ruas diferentes
quando a uma quadra de distância
notei uma garota vindo
em minha direção
havia algo em sua postura 
e no seu andar que me atraiu
conforme nos aproximamos
aumentou a intensidade
de repente eu sabia toda sua história:
ela viveu a vida toda com homens
que nunca a conheceram
de verdade
quando ela chegou perto 
quase fiquei tonto
podia ouvir os seus passos
quando ela chegou perto
olhei em seu rosto
ela era tão bonita
quanto eu pensava que ela seria
conforme passamos 
nossos olhos transaram
e se amaram 
e cantaram
um para o outro
e então ela passou por mim
fui andando
sem olhar pra trás
aí quando olhei pra trás
ela tinha sumido
o que se deve fazer 
num mundo
onde quase tudo que vale a pena ter
ou fazer
é impossível?
entrei num café
e resolvi que
se algum dia
a encontrasse de novo
eu falaria:
"por favor, escuta, só preciso
falar com você..."
nunca mais a vi de novo
nunca mais a verei.
a rigidez de nossa sociedade silencia
o coração de um homem
você deixa ele
por fim
apenas com seus pensamentos

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Estrada

Entrou no carro. Sabia para onde tinha que ir mas não queria. Permaneceria se pudesse. Se houvesse o pedido para que ficasse. Não veio o pedido, vieram as lágrimas. O limpador de para-brisa removia as lágrimas do mundo. De dentro dele brotava tudo que gostaria - ou deveria - ter dito no momento crucial. Perdeu-se o momento, perderam-se as falas. Da estrada pouco lembra. O que ele vê é ela em toda encruzilhada e a cada parada de ônibus, ficando pra trás. Quanto mais se afastava mais lembrava e no lembrar ia esquecendo. Esquecia dos detalhes do rosto. Será que os lábios sorriram? E os olhos? Brilharam? Sabia que ficaria mais fácil a cada quilômetro andado. Parou no acostamento, desceu do carro e olhou para a estrada percorrida: queria aproveitar um pouco mais o mais perto que esteve dela.  

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Do final

 Eu deveria contar como tudo começou. Não contarei. Vou contar como tudo acabou. Afinal, de começos a gente pouco sabe: coincidências, destino, os astros, planetas, a lua, reencontros, desencontros. Um detalhe. Um pouco a pouco, dia após dia. Na verdade não sabemos bem ao certo quando se inicia. O final sabemos. Tem o dia e a hora exatos. Aquele breve mas interminável momento que os olhos cegam e há um suspiro mínimo e profundo. Foi assim que aconteceu. Havíamos apenas nós - talvez no meio de uma multidão. Não havia mais ninguém. Nossos olhares se encontraram, no meu rosto um sorriso, no dela um sorrir. Caminhamos ao encontro um do outro. Lentamente nossas mãos se tocaram. Um leve aperto. Aproximação. Com os olhos fechados e os lábios entreabertos nos beijamos. Durou 2 segundos e toda uma eternidade. Da mesma forma que não posso dizer se estávamos sós, não posso afirmar que isso realmente aconteceu. Nossa única certeza é que de qualquer jeito que esse tempo passou, o tempo passou pra nós. Era o fim. 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

breve

Os cabelos negros estavam soltos.
No rosto quase nada de maquiagem,
apenas um leve batom cobria seu lábios.
Dentro de um vestido florido seu corpo dançava.
Nos pés, sandálias completavam a simplicidade.
Tal simplicidade me arrebatou.
No cruzar de nossos olhos, os meu brilharam.
Sua voz tranquila me embalou.
Da sua boca emergiu um tímido sorriso e
nos gestos vagarosos e contidos
foi que me entreguei.