Publico aqui um trabalho apresentado por mim em uma aula de Sociologia do Direito. Segue:
"Este trabalho tem por objetivo a análise do filme Rede de mentiras (Body of lies), de Ridley Scott; que, no seu enredo, conta a trajetória de um enviado do serviço secreto estadunidense ao Oriente Médio para prender um terrorista. No entanto, no desenrolar dos fatos, percebe-se uma grande diferença entre a ação do subordinado enviado e a do seu oficial superior. Conquanto, o ponto principal neste momento, seria proceder analiticamente em torno da questão da vigilância que se opera sobre as pessoas com o uso das tecnologias atuais.
Gradativamente, ao longo dos anos e muito intensamente na última década, tivemos nossa existência invadida por uma série de produtos e tecnologias novos que tem por objetivo a facilitação da vida do ser humano. O aparecimento do computador, o surgimento de diferentes tipos de telefonia, a criação de uma rede mundial de informações e a facilidade da intercomunicação pessoal, nos trouxeram além do bem-estar a possibilidade do rápido intercâmbio global. Conseguimos em questão de segundos um acesso direto (seria indireto?) com qualquer pessoa (que esteja utilizando também algum tipo de tecnologia) em qualquer ponto do globo terrestre, e até mesmo com as que estejam fora dele. Proporcionou-nos negociações, compras, vendas, tratados e relações que seriam impensáveis a alguns anos atrás. Tudo isto veio para o nosso auxílio, o auxílio da pessoa humana, comum.
Mas há um porém; e ele, por vezes oculto da maioria, é muito poderoso. É a possibilidade da vigilância constante dos indivíduos que fazem uso destes facilitadores. É uma aplicação da teoria do vigiar de Michel Foucault; em que o mesmo prega o uso de artifícios para que sejamos constantemente vigiados pra evitar a aplicação da punição. Não necessariamente o uso apenas de câmaras ou de uma torre central física, descrita no conceito de panoptismo, mas sim, aplicável ao momento atual, onde qualquer tipo de ligação ou processo que tentemos executar (ligação telefônica convencional ou celular, uso do computador, uso do cartão de crédito, o mero uso de uma câmara integrada de um aparelho celular) pode ser restreada e facilmente localizada por um administrador ou computador central. Esta ferramenta é muito importante e de grande valia se utilizada para fins sociais de resolução de problemas. Entretanto o uso desordenado, secreto ou excuso acarretará muitos problemas mais e o tolhimento da liberdade humana.
Finalizando, não conseguimos ter a certeza do que poderá acontecer futuramente. Se as benfeitorias proporcionadas pelo crescimento de ordem gráfica vertical da tecnologia compensarão o cerceamento de príncípios inerentes ao indivíduo. Queremos ser constantemente vigiados? Precisamos ser? Já não estamos sendo? Serão perguntas que responderemos com os caminhos que a sociedade escolher no momento atual."
Humberto Bruschi Rodrigues - Sociologia do Direito - Acadêmico do Curso de Direito - URI - Campus de Erechim
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