domingo, 1 de janeiro de 2017
Medos
Foi o medo que o impeliu a sair de dentro de casa. As paredes já não suportavam mais o que havia dentro dele; sentia que o teto pudesse a qualquer momento desabar por sobre toda angústia nele enclausurada. Nas ruas o medo não pareceu amainar. Tantas pessoas que iam e vinham e seguiam suas vidas e não havia ninguém. Com a respiração atingindo seu limite e o suor misturando-se a uma lágrima em sua face, andou o máximo que pode. Apesar de seu medo de altura descobriu-se encostado no parapeito do último andar do prédio mais alto da cidade - como chegara até ali? Tudo se confundia na sua cabeça. Mesmo parado seu coração acelerava e a respiração não diminuía. Com mais medo do que nunca sentira antes não conseguiu ouvir a primeira vez que seu nome foi chamado. Ao se virar pode ouvir seu nome pronunciado nitidamente, mais uma vez. Com a mão estendida percebeu o tremor da mão dela, o batimento descompassado do seu coração, a boca semiaberta e, no fundo do olhar pálido, um brilho prestes a explodir. Soube no momento que, partilhando seus medos, enfrentariam tudo que o desconhecido os pudesse trazer.
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