quinta-feira, 16 de março de 2017

manhã e tarde

   Eram os últimos momentos da madrugada, a noite já havia terminado a muito tempo. Tateei no escuro até encontrar o interruptor do abajur. Ainda sentado na cama perpassei na minha cabeça os sonhos da noite; meus pés descalços e meio dormentes sentiram o contato com o assoalho gelado. A água esquentando, o café na xícara, as lembranças todas surgindo. Lá fora a escuridão era total. Enrolei-me num casaco que estava à mão e aguardei os primeiros raios de sol.
   Pouco a pouco as estrelas foram se apagando, por detrás do morro a claridão iniciava a batalha contra as trevas. Em meio ao vapor do líquido que fumegava na minhas mãos te vi. Vagarosamente galgando os degraus que vinham em minha direção. Fechei os olhos percebendo a ilusão e ao abri-los continuavas vindo. O calafrio que percorreu meu peito logo deu lugar ao calor que advinha do teu abraço. Nos meus braços o encaixe perfeito de dois que tornam-se um. O sol chegando quase confundiu-se com o brilho do teu olhar. No teu beijo o gosto inigualável de paixão.
   Por um dia inteiro pertencemos apenas a nós mesmos. O que vimos do dia foram apenas os primeiros minutos e os raios que ultrapassavam a persiana.
   Assim como vieste ao nascer da manhã foste embora ao findar a tarde. Flutuando em direção ao poente ceguei meus olhos até ver-te sumir no horizonte. Ao abri-los, novamente, a lâmpada ao lado da cama e os pés no chão frio me trouxeram a realidade de mais um sonho que criei.
 

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