terça-feira, 15 de abril de 2014

Sobre Jackie R.


De um modo incomum conheci Jackie.

O mar estava calmo e, não fossem algumas poucas nuvens, o céu estava no seu azul mais bonito. Foi quando da água ela surgiu. De início achei que delirava, a mitologia fazia-se real aos meus olhos tal sereia exalando seus encantos. Mas foi completa mulher quem pisou na areia. Nem parecia pisar, flutuava apenas; um gingado sensual que estremece-me até quando agora escrevo. Languidamente curvou-se, tomou a toalha e começou a se secar. O mar parou. Uma era demourou-se nesse ato; o sol deve ter-se posto e retornado por milhares de séculos. Absorto nessa magia deixei-me ficar, embasbacado frente a essa pintura.

Minutos após - horas? dias? anos? - Jackie se aproximou. Meus olhos não conseguiram desviar-se, fitava seu dançar e seu meio sorriso perfeito. Com seus lábios semiabertos pronunciou seu nome: Jackie. Jaaaaaackie, assim mesmo com pares de 'as'. Não saberia, hoje, narrar se falei alguma coisa naquele momento. Entretanto foi quando seus dedos roçaram-me o braço que o chão sumiu sob meus pés. Ela era toda fogo! Eu era água; os líquidos do meu corpo principiaram a ferver e então evaporei. Não estava mais ali; sumiram-se os sons, as cores, os gostos, o tempo. Quando voltei a mim só vi ela indo-se e seus cabelos bailando ao vento.

Jackie. Jaaaaaackie!

Uma tarde de verão foi tudo que restou. Já é outono, mas consigo ainda sentir teus dedos na minha pele. Nada falei-te aquele dia; nunca ousarei falar-te outra vez. Sei que algumas paixões e amores podem durar um dia, um mês, diversos anos ou uma eternidade; aquele sentimento que experimentei teve a duração exata de um quebrar de onda.

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