quinta-feira, 17 de maio de 2018
encontro
Havia tantas pessoas ao redor que não conseguia distinguir rosto algum. A festa estendia-se e, mesmo com a animação, eu sentia tédio em mim. Em certo momento eu a vi. O sangue bombou em minhas veias. Divisei-a num relance pelo canto do olho: de costas, cabelo solto, a graça típica dela no simples ato de estar ali. Demorei uma eternidade para sair do entorpecimento dos membros de meu corpo. Enquanto dava os primeiros passos em sua direção ela, virando-se lentamente, trazia no rosto o mesmo enfado que habitava-me. Um meio sorriso formou-se quando percebeu minha aproximação. Nos abraçamos e sussurramos palavras de saudade que apenas nossos ouvidos captaram. Com as mãos dadas ganhamos espaço no meio de toda aquela gente. Uma leve percepção acometeu-me de que vários pares de olhos nos miravam. Não nos importamos. Nem precisávamos nos comunicar. Todos nossos sentidos estavam em perfeita harmonia. Longe de tudo e de todos encontramos um ao outro. Um beijo lento selou o nosso comprometimento. Ao ar livre, debaixo de uma frondosa árvore, folhas secas, um princípio de orvalho, minha camisa estendida no chão e o calor de dois corpos fundidos em um. Nem percebemos a tarde cair e a noite nascer. Tínhamos um ao outro e apenas as estrelas como espectadoras.
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