quarta-feira, 21 de março de 2012

Algo sobre livros

Tchê, terminei de ler essa semana alguns livros: 'O retrato de Dorian Gray', de Oscar Wilde ( já o tinha lido ano passado via e-book, este ano comprei-o e reli; por sorte pude repassá-lo a uma pessoa que com certeza aproveitará muito ele {espero!} e já recebi três pedidos para que o seja emprestado) que é um baita livro, baita história, enredo e linguagem fenomenal; então após terminar esse livro resolvi reler 'O capote', de Gógol, nossa! Que história magnífica, livro rápido de ler (em 3 horas finalizei-o) e reli também 'A metamorfose', de Franz Kafka (esse demorou 6 horas). Cara, esse livro sim! Não saberia nem fazer uma resenha dele pois, são tantas situações que podem ser expressas que, não me atreveria a comentar nenhuma, só posso recomendar essa leitura. Li 'A metamorfose' pela primeira vez aos doze anos e posso dizer que foi uma marco na minha vida, separou-me de histórias cheias de finais felizes e fez-me ver a realidade, também mostrou-me que os ditos 'clássicos' não são chatos ou ruins de ler, são sim complexos, no entanto você realmente viaja quando tem contato com eles.

Colocarei em seguida a abertura desses dois últimos livros (pois sempre penso que um bom livro não necessita ter um bom final, ele precisa ter um grande início) pois esses, como Nabokov e vários outros, souberam entar em cena grandiosamente.

O Capote - Gogól

"Na Repartição de... Mas será melhor não a nomearmos, porque nada há mais susceptível do que os nossos empregados públicos, desde os amanuenses aos chefes de repartição. Actualmente, cada um sente-se em particular como se na sua pessoa toda a sociedade tivesse sido ofendida. Diz-se que um capitão da polícia apresentou, ainda não há muito tempo, uma queixa - não me recordo em que cidade isto se passou - revelando claramente que os decretos imperiais eram desdenhados por toda a gente e que o santo nome de um oficial era proferido com desprezo. E juntava, como prova, o volumoso tomo de certa novela em que, de dez em dez páginas, aparecia um capitão da polícia, e, o que é demais, em completo estado de embriaguez. Deste modo, para evitar desgostos, em vez de indicar a repartição onde ocorreu o facto, é preferível dizer apenas: "Numa repartição..."
Por conseguinte, "numa repartição" servia "um funcionário". Esse funcionário, é justo dizê-lo, era muito distinto: de estatura baixa, um pouco picado das bexigas e igualmente um pouco curto de vista, com uma pequena calva a principiar na testa, rugas nas duas faces e, no rosto, essa cor característica do hemorroidal ... Que se lhe há-de fazer: A culpa era do clima de Sampetersburgo. Pelo que se refere à sua categoria (pois é entre nós a primeira coisa que se menciona), era o que se designa por "conselheiro titular perpétuo", um daqueles com que satirizam certos escritores que têm o benemérito hábito de cair a fundo sobre os inofensivos."

A metamorfose - Kafka

"Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco inseto. Estava deitado sobre o dorso, tão duro que parecia revestido de metal, e, ao levantar um pouco a cabeça, divisou o arredondado ventre castanho dividido em duros segmentos arqueados, sobre o qual a colcha dificilmente mantinha a posição e estava a ponto de escorregar. Comparadas com o resto do corpo, as inúmeras pernas, que eram miseravelmente finas, agitavam-se desesperadamente diante de seus olhos."

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