segunda-feira, 10 de março de 2014

Medos

Antigamente - e, para mim, nem tão antigamente assim - eu tinha medo de muitas coisas: de fantasmas, de bruxas (e bruxos), do escuro, de zumbis, daquele monstrengo horrível que sairia do rio e atacaria a cidade toda e mais uma infinidade de perigos que porventura poderiam surgir. Eram medos infundáveis, mas nem por isso menos verdadeiros. Pesadelos que faziam-me dormir com as luzes do quarto acesas ou que faziam-me com que só saísse de casa acompanhado a certas horas do dia - ou da noite.

Agora conto-lhes que os medos continuam. Não aqueles medos de outrora que eram fantasiosos e irreais mas, sim, medos genuinamente perigosos. E de todos os que sinto há um agente em comum neles: AS PESSOAS. Pois é, sinto-me amedrontado pelo que as pessoas andam causando em si mesmas. O racismo, a homofobia, a violência gratuita, o mau tratamento das crianças, o desrespeito com os mais velhos, a ganância, a falta de educação, a impaciência com o próximo e tantas outras faltas gravíssimas que nos acometem, ficando difícil enumerá-las uma por uma.

Isso tem-me tirado o sono; tem feito com que o medo não permita-me que saia de casa a não ser com um ótimo motivo; tem feito com que a gente - mesmo sem querer - devolva na mesma moeda tudo que é praticado contra nós. Esse medo é bem real. E muitíssimo perigoso. Tem-me deixado com os nervos à flor da pele e com muita saudade dos medos de antigamente. 

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