sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Sobre Daniela - Parte Final

Assim que Daniela retornou, levantei-me. Aproximei-me dela e, percebendo sua permissividade, toquei-a. Toquei seu rosto, toquei seu ventre. Senti seu corpo tremer e sua epiderme arrepiar. Falei que tudo ficaria bem. Que sempre estaria ali - ao pé de sua janela - para tudo que quisesse. Vi-a sorrir. O riso mais lindo de toda existência existência. Novamente nosso meio beijo aconteceu; dessa vez por um tempo maior que o primeiro. Ela baixou o rosto e foi se afastando. De súbito virou-se, formou uma frase e não a pronunciou, apenas disse-me: Você poderia me ajudar com a janela? Frente a frente, em lados opostos da casa ela me alcançou um bilhete. Já meio amassado, um pouco amarelado. Forçando, fechamos a janela. Sua imagem fundiu-se com meu reflexo e parti. No caminho de casa abri o papel de dois anos atrás que dizia: 'Vou te esperar, meu amado desconhecido. Todas as janelas que encontrar, abrirei. Todo tempo que restar, esperarei. Volte agora e fique um pouco mais.' Decidido, dei meia volta e corri pelas ruas; não perderia mais essa oportunidade de ficar um pouco mais. Atravessei o jardim e bati no vidro. Então, unindo nossas forças, juntos abrimos a janela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário