sexta-feira, 10 de maio de 2013

A Angústia - Paul Verlaine

Nada em ti me comove, Natureza, nem 
Faustos das madrugadas, nem campos fecundos, 
Nem pastorais do Sul, com o seu eco tão rubro, 
A solene dolência dos poentes, além. 

Eu rio-me da Arte, do Homem, das canções, 
Da poesia, dos templos e das espirais 
Lançadas para o céu vazio pelas catedrais. 
Vejo com os mesmos olhos os maus e os bons. 

Não creio em Deus, abjuro e renego qualquer 
Pensamento, e nem posso ouvir sequer falar 
Dessa velha ironia a que chamam Amor. 

Já farta de existir, com medo de morrer, 
Como um brigue perdido entre as ondas do mar, 
A minha alma persegue um naufrágio maior. 


Paul Verlaine, francês. Um dos maiores poetas de todos os tempos.

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