quarta-feira, 15 de maio de 2013

A garota dançando

Você pode descobrir muito de uma garota quando ela está dançando.

Digo 'muito' porque você, amigo, nunca, N-U-N-C-A, nunquinha irá saber tudo dela. Mas quando ela dança pode mostrar uma parte do que ela representa. Você até poderia descobrir um pouquinho mais se pudesse vê-la dançando quando ela escolhe a música, coloca sua roupa mais confortável e dança sozinha, em casa, fechada no seu quarto. Entretanto, estando ela sozinha, você não estará ali partilhando daquele momento.

Pense numa pessoa que você conhece, famosa ou não, e imagine-a (se você não pôde ver ainda) dançando. Pode ser aquela loura de corpo dourado que você cruzou nos corredores do mercado, a morena de pele branca e macia que sempre que te vê mia um ooooi ou aquela morena jambo, saca?, que você encontrou na escadaria do seu prédio. Pode ser qualquer uma, menos as ruivas e as modelos, que essas são mulheres diferentes (explicarei em outra oportunidade).

Digo isso porque dias atrás fui numa festa; uma balada. Saí com alguns amigos para beber, ouvir uma música alta e ver a movimentação das pessoas. Uma, em particular chamou-me a atenção. Uma lourinha de metro e sessenta, nem magra nem gorda, regata branca delineando-a, uma calça jeans justa e um par de botas que chegava até quase o joelho. Na sua mão, ora esquerda ora direita, pousava um copo com alguma bebida doce - porque ela tinha jeito de que tomava bebida doce - algum coquetel tipo hi-fi ou marguerita ou gin-tônica.

Bem, ela estava num grupo de mais ou menos 5 pessoas. No entanto, assim que uma música começou a tocar, parecia estar sozinha, seus olhos fecharam-se e ela começou a serpentear na pista. Dobrava levemente os joelhos esquerdo-direito-esquerdo-direito, nesse ir e vir ritmado e sensual, entre um gole e outro, alternando com o levantar do queixo, ajeitando levemente seus cabelos soltos. Cara, que momento!! Ela não ignorou simplesmente seus amigos - ela estava alheia a tudo, em seu pequeno espaço, o qual conseguia apenas dar um no máximo dois passos - estava completamente só. Eu, apenas observando de muito longe, me senti um intruso. Tive vontade de arrastar todas as pessoas que estavam ali para fora do lugar. Mas não havia necessidade, nós não existíamos. Pelos poucos minutos que a música foi executada, para aquela moça, o mundo era apenas aquilo e tudo aquilo.

Logo parei de observá-la e deixei-a com seus movimentos ondulantes. Pude perceber o quão segura de si ela sentia-se. Não tinha medo, nem pudores, nem preocupações. Tampouco sentia-se vazia. Era uma mulher que parecia saber o que queria. Mas, principalmente, pude constatar que ela sabia onde quer chegar.

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