Eu fujo do mundo todas as tardes.
Fujo e mesmo assim é tão fácil de me encontrar. Por três, oito ou quinze minutos recolho-me em mim. Não existe nada lá fora nem aqui dentro.
Sou o que quero ser.
Sou céu, sou mata, sou rio. Sou azul, sou verde, vermelho, cinza. Sou - assim como humano - peixe: indo e vindo sem direção. Sou barco lento deslizante na calma água que sempre é. Sou pássaro, sou livre e vôo.
São horas em minutos. É tempo que não se perde, nem perco-me no tempo. Basta estar. Estou. Lembro o passado, planejo o futuro, vivo o presente. Ou nem isso.
Permaneço.
Perfeito lugar para chegar e para longe viajar.
Tenho ao meu lado um lugar vazio, mas nunca sozinho estou. Converso, rio, choro, discuto. Por três, oito ou quinze minutos.
Depois retorno ao mundo.
O mundo dos outros.
Um lugar, talvez, ao qual não pertenço e que certamente não pertence a mim.
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