terça-feira, 21 de julho de 2015
Noite
Rolei da cama e fui ao chão. Quase sem forças me arrastei por um longo tempo, tateando às cegas as paredes do meu quarto. Levantei-me agarrando a janela e novamente caí. O barulho do vidro da mesa de centro quebrando não chegou aos ouvidos de ninguém. O sangue que correu pela minha testa cegou meu olho direito e o senti doce no canto da boca. Deitado, sozinho, no escuro. Não sentia dor, não sentia medo, não sentia nada. Poderia ficar deitado ali para sempre. O instinto me fez tentar, mais uma vez, levantar. Agarrei-me ao que sobrou da mesa e fiz um esforço sobre-humano para ficar de pé. Cambaleei para fora do quarto. Nada via. Apenas sentia o líquido espesso que tomava conta do meu rosto. Consegui chegar até o banheiro mas, mesmo com a luz acesa, no espelho não enxerguei meu reflexo. A água que correu na pia, nas minhas mãos e no meu rosto purificou-me o corpo. Uma pequena cicatriz ficará em minha testa. Meu olho agora é cinza. Suspiro. Sem saber o que fazer.
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