terça-feira, 14 de julho de 2015
Sobre o que realmente importa
Estou sem meu telefone. Por algum motivo - que no momento pouco importa - fui privado dele. Percebi, em menos de 24 horas, o quão dependendente estou (estamos?) desse tipo de tecnologia. Ontem à noite abateu-me uma agonia, um tipo de despero que não soube explicar, nem conter. Talvez fosse pelo valor do bem, talvez pelo valor incalculável implícito nele, ou mesmo pelas possibilidades que ele me trazia. Então lá fora o céu piscava: raios, trovões, ventos. Ventava muito. Uma chuva forte assolava minha rua, minha cidade, quem sabe o país, o mundo. Do nada pensei no meu pequeno irmão, deitado em sua cama, protegido pelos cobertores e paredes e telhado. Pensei nos meus amigos sentados à mesa com uma xícara de leite quente e um pão fresquinho à frente. Pensei nas pessoas que, protegidas pelos vidros das janelas, observavam o mundo desabar lá fora. Foi aí que pensei na infinidade de pessoas que não tem esses privilégios: segurando com forças seus trapos junto ao corpo; o papelão que serve de cama encharcado pela chuva; a fome, o frio, o medo como companhia. Não conseguia ver o rosto dessas pessoas, só sabia que elas estavam lá. Todos os problemas que eu pensava que tinha se desfizeram. Aí sofri. Sofri pelos reais problemas que importam. Foi a primeira vez, então, que pude olhar os olhos desses desconhecidos e dar valor a tudo que tenho.
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