terça-feira, 14 de julho de 2015

Uma história como tantas outras

Fernando gostava de Roberta, que gostava de Carlos e... bem, eu poderia seguir escrevendo como Drummond o fez n'A quadrilha, mas não nos interessa de quem Carlos gostava e, sinceramente digo que eu não saberia ao certo. O que nos interessa é que Fernando conheceu Roberta no sexto dia de aula da primeira série; até conto porque foi no sexto dia de aula: simplesmente porque ela voltou gripada da viagem de férias que fizera com seus pais e faltou na primeira semana. Tão simples assim e hoje eu vejo o quanto isso mudou a história de Fernando. Ele fizera amizade com todos os colegas na primeira semana de aula; brincaram juntos, coloriram, até brigaram. Entretanto na segunda semana, quando Roberta entrou na sala, de súbito, Fernando sentiu algo novo, que não saberia explicar. A partir daquele momento tudo que fez ou deixou de fazer foi por Roberta. Eu, que vos escrevo, sou testemunha de tudo que aconteceu entre os dois ou, para ser mais exato, de tudo que não aconteceu entre eles. Fernando amava Roberta: queria estar o tempo todo junto dela, precisava saber onde ela estava, o que fazia, sabia do que ela gostava, das coisas que ela odiava e tudo isso que faz alguém que ama. O tempo passou, não passou os sentimentos dele. Tudo parecia sempre aflorar quando seus olhos cruzavam os dela. Tiveram paixões, tiveram amores, tiveram experiências. Dentro dele sempre houve um lugar só dela. Fernando nunca a beijou. Surgiu então Carolina. Quando os olhos de Fernando miraram o sorriso e o olhar de Carolina parecia que seria como tantas outras que ele havia encontrado, no entanto ele estava errado. Tudo crescia dentro dele; o sentimento só aumentava, a vontade de vê-la não passava, a saudade de ouvir sua voz corroía-lhe as entranhas. Carolina passou a tomar seu tempo, em pensamentos, em sonhos, em desejos. De repente e, não mais que de repente, Roberta não existia mais. Fernando a encontrava mas não tinha mais desejo - talvez nem esperança - de tê-la em seus braços. As frases que ela pronunciava nem faziam mais sentido pra ele. Tudo era Carolina agora. Poderia continuar com Drummond e dizer que Carolina não gostava de ninguém, mas nunca saberei. Pouco a vi. Tudo o que sei é das cantigas que Fernando trazia-me dela. A imagem que tenho é a que Fernando me desenhou, o que tenho dela é o sentimento que atormentava o peito do meu amigo. Entretanto, como sempre acontece, o tempo passou. Não passou o que Fernando sentia. Ele buscava em outros corpos, em outros copos, em uns amores, alguns dissabores e nada parecia tirar Carolina da cabeça. Fernando nunca provou os lábios de Carolina. Dias atrás Fernando conheceu Letícia. Não saberia lhes contar sob quais circunstâncias isso aconteceu. O que vi foi o brilho do olhar de meu amigo, tal e qual acontecera das outras vezes. Fernando acredita que desta vez será diferente. Eu já sei como essa esta história irá acabar.

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