quinta-feira, 17 de setembro de 2015

olhos

Ela treme ao vento como a última folha de uma árvore morta. Deixo que escute meus passos. Ela estremece por um único instante.

- Aceita uma bebida?
- Aceito. Está tão cheio dessa gente quanto eu?
- Não vim aqui pela festa. Vim aqui por você. Tenho lhe observado há dias. Você é tudo que um homem poderia desejar. Não é só seu rosto, seu corpo ou sua voz. São seus olhos. Tudo o que vejo em seus olhos. 
- E o que vê em meus olhos?
- Vejo uma calma insana. Está cansada de fugir. Está pronta para enfrentar o que tem que enfrentar, mas não quer fazer isso sozinha. 
- Não... não quero enfrentar sozinha.

O vento carrega eletricidade. Ela é macia e quente. Seu perfume é uma doce promessa que me traz lágrimas aos olhos. Digo a ela que tudo vai dar certo. Que vou salvá-la do que ela teme e levá-la para bem longe. Digo que a amo. Eu a abraço forte até ela partir. Nunca saberei do que ela fugia.

Chove.

Seu vestido, assim como seu batom, era vermelho.

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