quarta-feira, 8 de junho de 2016

Cicatriz

Eu tenho uma cicatriz logo acima da sobrancelha esquerda. A cada vez que me olho no espelho lembro de uma manhã, no colégio, em que corria irresponsavelmente pelos corredores úmidos e acabei por escorregar, machucando-me seriamente. Nunca mais procedi da mesma forma.

Tenho outra cicatriz que adquiri quando tinha apenas 1 ano de idade. Não lembro do que aconteceu - nem teria como - mas a marca está lá, no meio de meus ralos cabelos, não me deixando esquecer de ter muito cuidado perto de um felino qualquer.

Tenho mais uma, de - talvez - grande extensão no meu joelho direito. Essa adquirida já na adolescência, que me grita a cada passo dado de ter menos ímpeto nos jogos que disputo.

Outras tantas eu trago no corpo: nas mãos - de descuidos com facas; abaixo do olho, pequeníssima - não jogar pedras na vidraça vizinha!!; na perna - sempre olhar onde pisa; e tantas outras mais ou menos relevantes.

Falo delas, hoje, pois nunca me importei com a parte estética da coisa toda. Não diria para alguém esconder ou mostrar as suas, vai de cada um. Mas sei o que cada uma das minhas significam, cada ensinamento que elas me trouxeram. Os machucados fazem parte da nossa existência e do nosso crescimento. Aprenderemos com eles ou nos machucaremos novamente. Faz parte.

No entanto trago também, em mim, machucados não visíveis. Alguns cicatrizados, outros que insistem não curar.

Esses últimos doem, dia após dia, pois não há história para lembrar. Apenas o vazio, o sofrer, o sangrar. É apenas o hoje, lacerando a alma, o corpo, o coração. Que venha o tempo e cicatrize as feridas. Só assim para que não repita os mesmos erros que cometi.

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