terça-feira, 21 de junho de 2016

Um que nunca serão dois


Nas histórias que imaginei estávamos lado a lado; eu sempre a te acalentar com uma palavra reconfortante, sorrindo quando choravas e rindo quando tu rias; nestas, outras tantas histórias paralelas aconteciam, ao mesmo tempo, em nossa volta. Entretanto, em meus sonhos, ahh, nesses não haviam outros sonhos; não bastava que andássemos um ao lado do outro, não; estávamos juntos, unidos, corpo com corpo, beijos e abraços, pernas e braços, cabelos-pele-suores-lágrimas. Era ferocidade, selvageria, apenas instinto. Apertos, marcas, força, prazer, dor, raiva, alegria, calafrios, amor. Um dentro do outro tentando ficar e partir; até que todos nossos fluídos se misturassem pelos cômodos da casa, até que, rendidos e sem forças, nos entregávamos enfraquecidos ao colo do outro. Éramos um. Apenas um. E este um nunca mais soube ser os dois que eu criava em minhas histórias, quando acordado.

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